Camboja deve construir 500 novas igrejas, após se libertar da repressão comunista

"Este é o nosso momento kairos... Vemos que o Evangelho está gerando um grande impacto em nossa nação", disse uma cristã, celebrando a liberdade religiosa.

Fonte: Guiame, com informações do Christianity TodayAtualizado: domingo, 11 de junho de 2017 às 17:58
Cristãos participam de culto no Camboja. (Foto: Los Angeles Times)
Cristãos participam de culto no Camboja. (Foto: Los Angeles Times)

Dezenas de pastores se aglomeraram em torno de Hun Sen, com os smartphones estendidos, engajados para comemorar o primeiro encontro do primeiro-ministro cambojano com os cristãos locais.

A reunião do governante com 2.500 líderes cristãos no meio do ano passado foi um gesto significativo em uma nação predominantemente budista, onde os cristãos foram martirizados e oprimidos apenas algumas décadas atrás, devido à ditadura comunista, conhecida como Khmer Vermelho (1975-1979).

O encontro de Hun com os cristãos "foi um evento histórico", disse Tep Samnang, diretor executivo da Comunidade Evangélica do Camboja (EFC), uma rede interdenominacional que representa a maioria dos cristãos do país. "É um sinal de que [o governo] aceita a comunidade cristã de forma mais oficial".

Enquanto a perseguição religiosa ainda é uma dura e evidente realidade em outros países do Sudeste Asiático, os cristãos cambojanos gozam de uma sensação promissora de abertura ao Evangelho.

"Vocês estão em paz e têm o direito de que todas as religiões no Camboja lhes respeitem", disse Hun aos pastores reunidos em uma propriedade de luxo do governo, em Koh Pich, a "Ilha Diamante", que est em rápido desenvolvimento no centro da Capital, Phnom Penh. Embora os cristãos não tenham tido permissão para orar ou compartilhar seus discursos durante a reunião, Tep disse: "pelo menos esta já é uma faísca para manter a chama acesa".

Os cristãos continuam a ser um grupo pequeno, porém crescente (2,5%) das 16 milhões de pessoas que vivem na antiga nação comunista, onde os tetos dos templos budistas, cortados em ouro, se torcem sob o céu da cidade e as paisagens rurais. Os templos servem como lugares de encontro para dezenas de festivais budistas, celebrados nível nacional ao longo do ano.

Mas o Camboja finalmente tem uma geração de líderes cristãos, que estão sendo treinados e desfrutam da liberdade de evangelizar em uma escala nacional. Encorajados por esta nova fase, os evangelistas estão aproveitando a abertura dada ao Evangelho.

A Aliança Cristã e Missionária (CMA) - a denominação mais antiga e mais conhecida no país - estima que a população cristã cambojana cresceu mais de metade desde 2010 e agora inclui mais de 300 mil crentes.

O EFC lançou a campanha 'Mission Kampuchea 2021', uma iniciativa para plantar uma igreja em cada aldeia.

A Comunidade das Igrejas Nova Vida, uma rede emergente baseada na igreja mais popular de Phnom Penh, planeja inaugurar 500 igrejas e grupos de células no mesmo período. Até agora, mais de 200 novas congregações já foram abertas em 13 das 24 províncias.

"Este é um momento realmente aberto ao Evangelho e não sabemos por quanto tempo isso durará", disse Neak Phanna, uma professora de inglês de 32 anos, que está entre os 2.000 novos convertidos do Camboja, desde o início do novo milênio.

"Este é o nosso momento kairos... Nós vemos que o cristianismo está gerando um grande impacto em nossa nação. Deus está fazendo tudo o que lemos na Bíblia", declarou.

Entre as denominações, os líderes afirmaram ao site 'Christianity Today', que este é o momento para a realização de grandes planos e que as orações devem continuar.

Eles querem ver a população cristã do Camboja chegar a pelo menos 10% (quatro vezes mais que a porcentagem atual), surgindo "do mesmo jeito que Deus mudou a Coreia do Sul", disse Sem Sophea, pastor de uma congregação da Nova Vida no subúrbio de Phnom Penh. À medida que a capital cresceu, Sem viu a sua própria igreja crescer de 25 membros adoradores para mais de 300 atualmente.

"Reunimos 200 pessoas em uma manhã de domingo", disse um missionário americano. "É como se fosse [proporcionalmente], a igreja Saddleback [liderada por Rick Warren nos EUA] do Camboja. Aqui, 80% da população vive em províncias rurais onde a única presença cristã pode ser uma igreja doméstica pequena - e se tiver".


Conferências
Na conferência anual de cristãos asiáticos em Phnom Penh, jovens cantavam: "estou levantando as mãos para Aquele a quem eu adoro", enquanto as luzes brilhavam no palco.

A conferência é o maior evento cristão no Camboja, segundo informou o pastor da Igreja Nova Vida, Jesse McCaul. Seu pai, Chuck, fundou a congregação em 1994, assim que os missionários estrangeiros foram autorizados a voltar para o país. O evento de 2016 atraiu mais de 4.500 pessoas e recrutou 550 estudantes voluntários da Igreja.

Como tudo no Camboja, o cristianismo confronta em maior parte os jovens. Depois de uma guerra civil e o genocídio resultante, sintetizado nos famosos e assustadores campos de matança, 60% da população do país tem menos de 30 anos.

Os primeiros missionários protestantes chegaram ao Camboja em 1923 com o CMA. Eles treinaram pastores locais, traduziram a Bíblia e conduziram o ministério nas aldeias por décadas. Mas somente após a agitação em torno da Guerra do Vietnã a Igreja viu um grande crescimento, passando de 1.000 a 10.000 cristãos entre 1970 e 1975. Então veio o reinado mortal do ditador comunista Khmer Vermelho (1975-1979).

 

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