O proprietário de uma livraria online cristã chinesa foi condenado a sete anos de prisão e multado em quase US$ 30.000 por se envolver no que o regime considera como “operações comerciais ilegais”.
O órgão de vigilância sobre perseguição religiosa ‘International Christian Concern’ relata que, em setembro de 2019, Chen Yu, dono de livraria online e residente na cidade de Taizhou, província de Zhejiang, foi detido por vender publicações religiosas não aprovadas importadas de Taiwan, dos EUA e de outros países.
Na semana passada, ele foi condenado a sete anos de prisão e multado em 200.000 RMB (US $ 29.450), de acordo com um documento do Tribunal Popular da cidade de Linhai, compartilhado pelo Padre Francis Liu, da Chinese Christian Fellowship of Righteousness.
Além disso, Chen também terá seu smartphone confiscado, enquanto os 12.864 livros cristãos de sua livraria serão destruídos pela Secretaria de Segurança Pública da cidade de Linhai.
A International Christian Concern relata que a polícia também lançou uma investigação nacional para rastrear todos os clientes da livraria por meio de registros de venda e assim confiscar os livros por eles comprados.
Gina Goh, Gerente Regional do ICC para o Sudeste Asiático, disse que a sentença de Chen revela que o Partido Comunista da China está "cada vez mais assustado com tudo que seja ligado à religião".
“De símbolos religiosos, dísticos chineses a livros cristãos, qualquer coisa que contenha elementos religiosos não é mais tolerada pelo Partido Comunista Chinês”, disse ela.
Goh alertou que a "condenação desproporcional de cristãos", como o pastor Wang Yi da Early Rain Covenant Church — que foi condenado a nove anos de prisão sob a mesma acusação de Chen Yu — "implica que a repressão contra o cristianismo só vai se intensificar".
“O governo dos EUA e a comunidade internacional devem continuar a enfrentar a tirania em Pequim”, enfatizou ela.
Outras investigações
À medida que o Partido Comunista Chinês busca limitar a influência do cristianismo na China, as autoridades vêm reprimindo cada vez mais os livreiros cristãos e seus clientes.
No ano passado, o proprietário da Wheat Bookstore, Zhang Xiaomai, foi detido sob suspeita de “operações comerciais ilegais”. Um documento emitido pelo governo a acusou de comprar publicações religiosas do exterior e vendê-las ilegalmente.
A polícia posteriormente lançou uma investigação nacional para rastrear os clientes da livraria por meio de pedidos de venda e confiscou seus livros.
Um pastor de uma igreja doméstica da cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, ao sul, que foi convocado por comprar livros da Wheat Bookstore, disse à revista Bitter Winter: “As pessoas que compram livros cristãos são crentes praticantes, então o governo examina-os para determinar o quão perigosos são para os estabilidade de seu regime”
“O Partido Comunista fez muitos atos vergonhosos e continua a reprimir as pessoas. Nosso governo está com a consciência pesada”, acrescentou o pastor.
Um pregador de uma igreja doméstica de Shandong também disse a Bitter Winter que a polícia o investigou depois de descobrir que ele havia comprado materiais religiosos em outro site chinês de compras online.
“Parece-me que o governo pode acessar tudo; me sinto como se estivesse correndo sem qualquer proteção”, disse o pregador.
Contexto
Em abril de 2018, o governo chinês proibiu os varejistas online de vender Bíblias. Legalmente, a Bíblia só pode ser distribuída por agências aprovadas pelo governo que supervisionam as igrejas cristãs na China.
O Partido Comunista Chinês também intensificou medidas para destruir símbolos religiosos. Só na primeira metade de 2020, mais de 900 cruzes foram removidas de igrejas estatais em toda a China.
A China é classificada como um dos piores países do mundo no que diz respeito à perseguição aos cristãos, de acordo com a lista da Portas Abertas (EUA).
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