Uma nova onda de violência por grupos islâmicos extremistas atinge o norte de Moçambique, afetando as crianças com graves violações, como a decapitação. Um relatório da Save the Children, Plan International e Visão Mundial, divulgado neste mês, revelou que a situação na província de Cabo Delgado piorou muito nos últimos 12 meses.
A violenta insurgência islâmica começou em outubro de 2017 e já dizimou mais de 2.800 pessoas, incluindo civis, e causou a fuga de mais de 800 mil deslocados.
A Save the Children chamou a atenção para o aumento desproporcional da violência contra crianças, devido a intensificação do conflito armado e ataques terroristas em aldeias e capitais na região.
Em março deste ano, a organização divulgou relatos de pais que tiveram seus filhos decapitados em ataques de jihadistas no norte de Moçambique. Uma mãe de 28 anos disse à instituição humanitária que seu filho de 12 anos foi decapitado.
“Naquela noite, nossa aldeia foi atacada e casas foram queimadas. Quando tudo começou, eu estava em casa com meus quatro filhos. Tentamos fugir para a floresta, mas eles pegaram meu filho mais velho e o decapitaram. Não podíamos fazer nada porque também seríamos mortos’, relatou.
Um ataque terrorista, em março, à aldeia Palma, no nordeste de Moçambique, deixou muitas crianças órfãs ou separadas de seus pais, enquanto fugiam. Mais de 67 mil pessoas fugiram da região e se tornaram deslocados, devido a esse ataque.
Amy Lamb, diretora de comunicações da Portas Abertas, afirmou que a “nova onda de violência” em Moçambique teve um resultado “devastador”. Lamb lembra que neste ano, Moçambique entrou pela primeira vez na lista de países mais perseguidos no mundo “devido à nova onda de violência que chega a Moçambique principalmente impulsionada por extremistas jihadistas radicais”.
A diretora explicou que o aumento do cristianismo no país é uma das razões para o aumento da violência islâmica por parte de grupos jihadistas, incluindo aqueles que são afiliados ao estado islâmico, à Al Shabab, ao Boko Haram, à Al Qaeda.
“É apenas uma organização em conjunto para expandir seus territórios por todo o continente africano, e o objetivo deles é realmente erradicar o cristianismo desse território e, infelizmente, em alguns aspectos, está funcionando”, disse.
Para Lamb, a insurgência extremista em Moçambique é “a maior onda de violência islâmica” da era moderna e requer a atenção da comunidade internacional e da ONU.“E o que é tão preocupante é que esses grupos estão se organizando juntos para criar o que é essencialmente um novo Estado Islâmico em toda a região. Isso é profundamente preocupante, não apenas do ponto de vista da liberdade religiosa, mas também do ponto de vista da democracia”, alertou.
Lamb exortou a Igreja a orar pelos cristãos em Moçambique e pelas pessoas que foram deslocadas.
“Ore pela intervenção de Deus nos ataques violentos e para que, tão rapidamente quanto vimos essa onda de violência aumentar, que possamos ver diminuir com a mesma rapidez”, pediu.
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