Ataques contra cristãos se intensificam em Moçambique

O governo vai permitir investigação às violações de direitos humanos. Os cristãos são o principal alvo de ataques de grupos jihadistas.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 7 de janeiro de 2021 às 18:58
Centro de deslocados em Moçambique. O país tem mais de 560 mil cidadãos que foram expulsos de suas casas e vilas. (Foto: Portas Abertas)
Centro de deslocados em Moçambique. O país tem mais de 560 mil cidadãos que foram expulsos de suas casas e vilas. (Foto: Portas Abertas)

Os cristãos de Moçambique estão passando por ondas de violência cada vez maiores no país. A Anistia Internacional já interviu nas centenas de casos de ataques contra essa população e pediu ao governo que tomasse providências. O governo moçambicano vai permitir investigações às violações de direitos humanos.

Um relatório intitulado “Moçambique, Insurgência Islâmica”, organizado pela Portas Abertas em julho de 2020, mostra que nos primeiros seis meses do ano passado houve um aumento significativo no número de ataques de grupos radicais islâmicos, e o uso de armas mais sofisticadas aumentou sua intensidade. Desde o início da insurgência em 2017, mais de duas mil pessoas foram mortas e mais de 560 mil cidadãos foram deslocados, expulsos de suas casas e cidades.

Em incidente mais recente, em 6 de novembro, os jihadistas tiveram como alvo a vila de Nanjaba, ao norte do país. Eles chegaram ao local durante a noite e, aos gritos de “Alá é o maior”, queimaram casas. Uma testemunha disse ao portal americano Mediafax que “não sobrou nada em Nanjaba”.

Nesse ataque, os agressores decapitaram duas pessoas e sequestraram seis mulheres. Quando voltaram para o acampamento na área costeira, eles também atacaram a aldeia Napala, onde queimaram cabanas e assassinaram mais três pessoas. Esse foi o segundo ataque no vilarejo, de acordo com o jornal de notícias australiano Special Broadcasting Service (SBS, da sigla em inglês). De acordo com o Mediafax, não houve tentativa de contingência por parte das forças de segurança do país.

O relatório alerta ainda que, se uma solução sustentável para os problemas de Cabo Delgado não for encontrada em breve, ela poderá se transformar em uma crise nacional e potencialmente regional, com repercussões para cristãos e não cristãos. As iniciativas de saúde e educação administradas pela igreja, que serviram a região marginalizada e negligenciada, estão em risco. O subdesenvolvimento da província de Cabo Delgado é a mesma razão pela qual os insurgentes usaram para legitimar suas ações, diz o relatório.

O ataque à cidade portuária de Mocímboa da Praia, na fronteira com a Tanzânia, entre 27 e 28 de junho, foi o quarto desde o início da insurgência islâmica na província de Cabo Delgado em 2017.

Por horas, os insurgentes assolaram as ruas, causando mortes e destruição quando entraram em conflito com as forças do governo. Uma igreja local, uma escola secundária e o hospital distrital — assim como casas, carros e lojas — foram incendiados. Quando a bandeira negra do Estado Islâmico foi erguida, as pessoas fugiram para salvar suas vidas, deixando para trás uma "cidade fantasma”.

“Muitas pessoas foram sequestradas pelo grupo”, disseram fontes locais. "Acredita-se que o ataque foi feito para realizar casamentos forçados, trabalho forçado e recrutamento de pessoas para as fileiras do grupo".

O principal grupo islâmico ativo na província de Cabo Delgado é Ahl al-Sunnah wa al-Jamma'a, ou ASWJ, que começou a perseguir os cristãos quando se alinhou com o Estado Islâmico em 2019. Segundo o Relatório da Portas Abertas, os cristãos enfrentaram assassinatos, saques de suas casas e empresas e destruição de igrejas. Além disso, segundo o documento, os problemas socioeconômicos podem estar no centro do conflito, mas a resolução do conflito precisará de uma abordagem holística, onde o papel da religião não seja esquecido. "O grupo conduziu ataques que são consistentes com o que os jihadistas de outras regiões vêm fazendo", dizem os pesquisadores. "Ele tem o apoio de um grupo jihadista internacional. O Estado Islâmico até assumiu a responsabilidade por alguns dos ataques. Alguns dos vídeos gravados pelo grupo foram incorporados aos vídeos de propaganda do EI.

Lista de Países em Observação

Moçambique ocupa o 66º lugar na Lista de Países em Observação. O ranking é uma continuidade da Lista Mundial da Perseguição, que classifica os países que mais perseguem cristãos no mundo, publicada anualmente pela Portas Abertas.

Cristãos em Moçambique enfrentam perseguição como resultado da influência da militância islâmica no nordeste do país. No contexto da atual insurgência islâmica e contra insurgência, cristãos são alvejados e atacados. Estupro, tortura e outros crimes são cometidos contra cristãos pelos jihadistas. A destruição de propriedades de cristãos e igrejas na região de Cabo Delgado tem causado uma séria crise humanitária nessa parte do país.

Ore pelos cristãos de Moçambique

- Cristãos são atacados e mortos dentro de casa por militantes islâmicos. Ore para que essa situação seja mudada e que cada vez mais pessoas conheçam o amor de Cristo.

- Igrejas são saqueadas e incendiadas em diversas cidades. Peça a Deus que haja segurança para os cristãos se reunirem nos locais de culto.

- Interceda pelos militantes islâmicos que estão cada vez mais fundamentalistas. Que eles ouçam as boas-novas do evangelho e tenham suas vidas transformadas.

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