Cristã é morta a tiros enquanto orava em igreja na Índia

Outros dois cristãos da etnia Kuki também foram mortos durante ataque em Manipur.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: terça-feira, 13 de junho de 2023 às 12:04
Igreja destruída em Manipur. (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/Open Doors).
Igreja destruída em Manipur. (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/Open Doors).

Uma cristã foi morta a tiros enquanto orava em uma igreja em Manipur na Índia, na sexta-feira (9). Domkhohoi Haokip estava na casa dos 60 anos e era da etnia Kuki.

De acordo com o Morning Star News, um grupo de homens da etnia Meitei com fuzis automáticos atacaram o templo na aldeia Khoken, no noroeste do país. 

Outros dois cristãos da etnia Kuki, Jangpao Touthang e Khaimang Guite, também foram mortos e dois moradores ficaram feridos durante o ataque.

“Eles não têm consideração por mulheres e crianças. Uma mulher foi morta dentro da igreja enquanto rezava, eles são tão impiedosos”, afirmou Ginza Vualzong, porta-voz do Fórum de Líderes Tribais Indígenas (ITLF), ao Morning Star News.

Segundo o ITLF, os homens armados chegaram à aldeia em veículos e uniformes do exército indiano. No início, os moradores acreditaram que eram militares fazendo ronda na região.


Os cristãos (da esquerda) Jungpao Touthang, Kaiman Guite e Domkhohoi Haokip foram mortos em Manipur. (ITLF).

Conflito étnico

Os Kuki e os Meitei, dois grupos indígenas no estado de Manipur, vivem um conflito antigo que envolve questões de direitos de povos minoritários.

Os Meitei são hindus e as tensões com os Kukis se intensificaram pelo suposto  envolvimento da etnia Meitei com organizações nacionalistas hindus, que perseguem cristãos.

Conforme comentaristas políticos da Índia, o nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) e o Partido Bharatiya Janata (BJP) usaram a comunidade Meitei para promover sua agenda na região.

Ataques a igrejas

Para L. Kamzamang, um pastor local, o tipo de violência em Manipur aparenta ser promovida por grupos extremistas hindus.

“As multidões depois de queimar igrejas estavam hasteando suas bandeiras no topo das igrejas. É como se estivessem tentando retratar que conquistaram a igreja – o local sagrado religioso de nossa adoração”, relatou o pastor, ao Morning Star News.

Segundo o líder, os extremistas hindus tentaram pregar a filosofia nacionalista hindu aos líderes Meitei, em troca de privilégios.

“O mais estranho é que eles queimaram as igrejas antes mesmo de matar as pessoas. Isso para mim tem um forte aspecto religioso, e podemos ver o plano que está sendo desenvolvido queimando igreja após igreja”, avaliou o pastor.

Pelo menos 317 igrejas foram destruídas e 160 pessoas mortas na onda de violência étnica desde maio deste ano, conforme fontes locais. Entre os mortos e feridos, a maioria são cristãos tribais.

O pastor Kamzamang afirmou que os ataques à igrejas têm afetado a saúde psicológica dos cristãos em Manipur.

“Uma igreja para nós não é apenas um local de adoração, mas também um local de refúgio. E agora que eles derrubaram as igrejas e as queimaram, para onde as pessoas correm? Isso afetará nossa moral e esmagará nosso espírito, e é isso que eles querem fazer. Eu chamaria essa violência mais religiosa do que política”, ressaltou.

A Índia ocupa a 11° posição da Lista da Perseguição Mundial 2023 da Missão Portas Abertas.

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