Quando um grupo rebelde ateou fogo em as casas e prédios do governo de Kabala, em Serra Leoa, o detetive policial Pa Gbani decidiu não correr. Em sua sala, ele leu sua Bíblia, orou e esperou pelo inevitável.
Por causa de seu trabalho na polícia africana, Pa estava entre os alvos de cerca de 30 rebeldes treinados pelo ditador líbio, Muammar al-Gaddafi, que encharcaram prédios com gasolina e dispararam granadas lançadas por foguete durante o ataque de 1994.
Pa conhecia os riscos, mas sabia que o perigo era ainda maior se ele corresse para a rua e confiou em Deus. Então ele acendeu uma vela e pegou sua Bíblia para ler.
“Ele se trancou em sua sala e começou a orar. Ele sabia que se ele morresse, ele estaria indo para o céu. Ele acreditava no poder da oração, para que Deus pudesse salvá-lo”, disse o pastor Ralph Bowen, que na época atuava como missionário em Serra Leoa.
Os rebeldes incendiaram as salas da frente no quartel para que o fogo consumisse o prédio inteiro, mas a sala de Pa na parte de trás ficou intacta. Milagrosamente, o fogo apagou antes de chegar no local.
“Foi realmente um milagre”, comentou Ralph. “Mesmo que a parede consiga separar o fogo, a transferência de calor teria colocado fogo no resto do lugar”.
O mesmo aconteceu com todos em sua igreja. “Ninguém que estava em nossa igreja foi morto ou ferido ou perdeu suas propriedades”, contou o pastor. “Deus nos protegeu. Foi um dia de milagres”.
Um membro se escondeu em uma bananeira. Outros dois deitaram silenciosamente em cima de uma parede espessa, escondida no anoitecer. O pastor Ralph tinha um veículo, no qual fugiu com sua esposa e alguns fiéis.
O livramento dos membros da igreja missionária americana foi inusitado porque eles não tinham uma atuação discreta. Ralph e seus discípulos pregavam ao ar livre, em espaços públicos e denunciavam audaciosamente as mentiras espalhadas pelo Tamoboro, rituais disfarçados de cultura pelos feiticeiros de Serra Leoa.
Os praticantes do Tamoboro se gabavam de seus poderes sobrenaturais contra os rebeldes. “Kabala era muito orgulhosa de suas proezas de feitiçaria. Era como se eles fossem a capital da bruxaria no país”, contou.
Enquanto isso, Ralph era ameaçado por oficiais do país e bruxos por causa de sua mensagem confrontadora. “Foi a primeira vez na história deles que alguém falou contra a feitiçaria em sua cultura. Foi preciso um estrangeiro”, afirmou Ralph.
Quando foi confrontado pelos africanos, o pastor deu um alerta: “Se vocês confiarem no poder da feitiçaria, só vão atrair os rebeldes para cá. Na época não parecia profético, mas realmente era”.
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