Cristãos do Afeganistão lutam para sobreviver sob o Talibã, diz relatório

O Relatório Freedom Focus aponta a situação dos cristãos afegãos após o domínio do Talibã, com a saída dos EUA do país.

Fonte: Guiame, com informações da Christian ConcernAtualizado: quinta-feira, 13 de julho de 2023 às 18:00
Talibã está empenhado em limitar o contato entre os cidadãos afegãos e qualquer grupo ocidental. (Foto: Wikipedia)
Talibã está empenhado em limitar o contato entre os cidadãos afegãos e qualquer grupo ocidental. (Foto: Wikipedia)

O Relatório Freedom Focus revela a situação dos cristãos que vivem no Afeganistão após a retirada das tropas dos EUA em 2021. Desde então, diz o documento, tem havido uma rápida deterioração das liberdades religiosas e civis sob o domínio do Talibã.

Sob o atual regime dominante no Afeganistão, ex-funcionários do governo, servidores públicos e minorias religiosas, como os cristãos, enfrentam uma intensa pressão e um escrutínio governamental e social.

Eles são alvo de incursões regulares em suas residências pelo Talibã, frequentemente recebem ameaças relacionadas aos seus empregos e famílias, e têm seu acesso a oportunidades educacionais restrito.

O Talibã está empenhado em limitar o contato entre os cidadãos afegãos e qualquer grupo ocidental, além de ter praticamente eliminado os esforços de ajuda humanitária por parte de ONGs no país. Qualquer organização que pretenda fornecer assistência de longo prazo, como ajuda alimentar e subsistência, deve estar atenta à presença de espiões do Talibã infiltrados entre seus trabalhadores.

O estado da liberdade religiosa e a tolerância cristã no Afeganistão não apresentaram melhorias desde que o International Christian Concern (ICC) relatou o país como um dos piores lugares do mundo para ser cristão em seu relatório do “Perseguidor do Ano” de 2022.

O Talibã está empenhado em eliminar completamente o cristianismo e outras minorias religiosas do país, mesmo que afirmem que não existem cristãos no Afeganistão, o que é claramente uma afirmação falsa. Muitos cristãos são obrigados a viver na clandestinidade para evitar serem sequestrados pelos “tribunais” talibãs.

Pobreza, traição e tortura

As crescentes taxas de fome e pobreza no Afeganistão representam uma ameaça ainda maior à segurança dos crentes no país, uma vez que o Talibã está oferecendo compensação financeira a qualquer pessoa que ofereça denúncia sobre os cristãos.

Em entrevista à Mission News Network, Lana Silk, CEO da Transform Iran nos EUA, disse: “O Talibã está oferecendo dinheiro para os afegãos entregarem qualquer cristão que conheçam. E os afegãos estão desesperados, aumentando ainda mais o risco de segurança [para] os cristãos”.

Segundo a MNN, a menos que sejam resgatados por suas famílias, os cristãos capturados pelos “tribunais” enfrentam tortura brutal e até a morte. Se redimidos, os sobreviventes e suas famílias, muitas vezes falidos com os exorbitantes pedidos de resgate, devem fugir de suas casas para evitar sequestros repetidos das várias gangues do Talibã.

Crise de refugiados no Paquistão

Devido à perseguição, muitos cristãos estão fugindo para o Paquistão, onde correm o risco de serem capturados e mortos pelo Talibã. Mesmo ao chegar ao Paquistão, eles precisam esconder sua fé por medo de enfrentarem um tratamento ainda pior em condições já precárias. Alguns refugiados cristãos tomam a difícil decisão de retornar ao Afeganistão, acreditando que têm uma maior chance de sobreviver sob o regime do Talibã do que no Paquistão.

Despreparado para o fluxo de refugiados, o governo paquistanês começou a reprimir a imigração. Muitos imigrantes não conseguem encontrar trabalho para fornecer comida ou alugar para si e suas famílias.

Muitos refugiados esperavam que o Paquistão fosse apenas um ponto de trânsito para chegar a países como Taiwan, Brasil ou Canadá. No entanto, mesmo possuindo vistos de viagem adequados, eles enfrentam dificuldades financeiras para deixar o país.

A política talibã e a resposta do Ocidente

A resposta do Ocidente ao regime tem sido, no mínimo, ambivalente. A comunidade internacional mantém pesadas sanções econômicas contra o Afeganistão, o que tem devastado sua economia. Embora nenhum governo tenha oficialmente reconhecido o Talibã, houve envolvimento de 30 países em negociações diplomáticas com eles. Alguns países expressaram apoio ao novo regime, incluindo Turquia, Paquistão, China e Rússia.

Enquanto o Talibã busca obter reconhecimento como uma entidade governamental legítima pelo Ocidente, o regime enfrenta sua própria turbulência política.

Embora seu líder, Haibatullah Akhundzada, tente manter uma aparência de controle totalitário estrito, um relatório recente do Conselho de Segurança da ONU destaca divisões entre seus seguidores altamente conservadores em Kandahar e a facção com uma perspectiva mais internacional em Cabul.

Esses conflitos estão centrados principalmente em certas decisões políticas, como a supressão da educação das mulheres e os esforços para aumentar o controle pessoal e os recursos dentro do governo. Essas lutas internas pelo poder levantam preocupações significativas devido às suas implicações para as minorias perseguidas no Afeganistão.

A Luz Brilha na Escuridão

De acordo com a MNN, apesar dos esforços do Talibã contra o cristianismo, o Evangelho ainda encontra audiência no Afeganistão.

Nas regiões rurais montanhosas do Afeganistão, há um anseio pelo Evangelho entre as pessoas, o que tem levado alguns crentes afegãos a fazer viagens regulares a pé até essas aldeias remotas para pregar e orientar os novos convertidos.

As taxas crescentes de pobreza, a brutalidade do Talibã e a repressão das liberdades civis deixaram muitos muçulmanos afegãos insatisfeitos com sua religião, abrindo seus corações e mentes para o cristianismo. Apesar dos perigos envolvidos, os cristãos estão alcançando essas comunidades e compartilhando a mensagem do evangelho.

Em sua entrevista, Silk observou: “Há reuniões secretas de oração e sessões de ensino; as pessoas estão dando encorajamento e esperança umas às outras. Eles estão alcançando e evangelizando os perdidos ao seu redor, o que é incrivelmente corajoso, considerando as implicações”. 

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