Na província chinesa de Hebei, cristãos locais e missionários estrangeiros estão sendo responsabilizados pelo ressurgimento de infecções por COVID-19, que resultou em um bloqueio estrito decretado no dia 6 de janeiro.
O site ‘Asia News’ relatou uma conversa entre um padre local e um membro de sua paróquia, mostrando que havia uma postagem em circulação nas redes sociais destacando os cristãos como a fonte da nova epidemia de coronavírus.
O post diz: “a aldeia de Xiao Guozhuang, perto de Gaocheng, é uma aldeia católica; 20 dias atrás, havia atividade religiosa aqui, havia vários padres da Europa e dos Estados Unidos [...]”, dando a entender que os cristãos causaram o mais novo surto em Hebei.
Apesar do boato, o sacerdote local de Shijiazhuang, que atende pelo pseudônimo de Shanren Shenfu, disse ao ‘Asia News’ que as aldeias acusadas não são cristãs e que as atividades religiosas da igreja foram proibidas desde a véspera de Natal.
As atividades religiosas foram suspensas em meados de dezembro por ordem da Associação Patriótica e da Comissão Administrativa [da Igreja Católica Nacional na China].
“As aldeias de Xiao Guozhuang, Liu Jiazuo e Nan Qiaozhai não são católicas, existem apenas alguns residentes católicos nelas”, disse ele. “Essas aldeias não têm um lugar católico de oração; elas não organizam reuniões religiosas católicas. Para participar das atividades religiosas habituais, todos os fiéis vão para a aldeia vizinha de Bei Qiaozhai, etc ...”
O padre Shanren Shenfu disse que as acusações o fizeram lembrar do imperador Nero, que estava procurando um bode expiatório para seus próprios crimes e perseguiu cristãos como resultado.
“Pessoas confusas, na verdade, não ligam para a verdade!” ele escreveu.
Felizmente, "a Igreja de Shijiazhuang, desta vez, reagiu a tempo, emitindo imediatamente uma declaração para quebrar as mentiras e bloquear as consequências negativas".
"Mas eu ainda quero fazer a pergunta novamente: de onde sopra esse vento maligno?", perguntou o padre.
Shijiazhuang é a maior metrópole da província de Hebei, no norte da China, com 11 milhões de habitantes. Na semana passada, as autoridades proibiram todos os residentes de deixar a cidade depois que ela relatou 63 infecções por coronavírus.
No domingo, 103 novos casos de COVID-19 foram notificados na China continental, 82 dos quais em Hebei.
Contexto
O governo da China tem sido fortemente criticada por sua resposta à pandemia de coronavírus, desde demonstrar falta de transparência em relação a infecções positivas até impor bloqueios excessivamente severos.
As autoridades chinesas também foram acusadas de tentar encobrir as origens da COVID-19 e silenciar seus denunciantes. Em dezembro, a jornalista cristã chinesa Zhang Zhan foi condenada a quatro anos de prisão por causa de sua cobertura sobre a origem da pandemia do coronavírus.
Além disso, o Partido Comunista Chinês tem repetidamente alegado que o vírus foi “importado do exterior para a China”.
Mas em meio ao mais recente aumento de casos, as autoridades chinesas estão finalmente permitindo que uma equipe de especialistas de cientistas da Organização Mundial de Saúde no país investigue as origens do vírus, relata a Reuters.
A equipe de especialistas "realizará pesquisas conjuntas sobre as origens da COVID-19 com cientistas chineses", disse a Autoridade de Saúde Chinesa.
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