Cristãos enfrentam violência extrema na Índia: “Manipur cheira a sangue”

Há corpos espalhados pelas ruas todos os dias, conforme relatos de missionários.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: terça-feira, 15 de agosto de 2023 às 13:54
Extremistas hindus disseminam medo e destruição em Manipur. (Foto: Portas Abertas)
Extremistas hindus disseminam medo e destruição em Manipur. (Foto: Portas Abertas)

Depois da intensa onda de protestos por conta dos conflitos entre as tribos meitei e kuki, que ocorrem desde maio, no estado de Manipur, na Índia, a violência se espalhou tomando proporções inimagináveis. 

Há trocas de tiros, abusos sexuais, estupros coletivos e homicídios. Até o momento, segundo a Portas Abertas, ao menos 125 pessoas foram mortas, 4.500 edifícios e casas foram destruídos e 400 igrejas arruinadas

Além disso, mais de 7.000 pessoas estão abrigadas em acampamentos para refugiados e 50 mil se tornaram deslocadas internas.  

Cenas terríveis de corpos espalhados nas ruas 

De acordo com Priya Sharma, uma parceira local da Portas Abertas: “Muitas cenas terríveis foram vistas pelos moradores de Manipur, há corpos espalhados pelas ruas e mulheres em busca de locais seguros para evitar abusos sexuais. Há trocas de tiros em plena luz do dia”. 

Desde a divulgação do vídeo mostrando duas cristãs que foram despidas e violentadas sexualmente, a pressão sobre os governantes aumentou. Protestos em massa tomaram o país e várias comunidades e organizações cristãs se uniram em mobilização para cessar a violência e restaurar a paz em Manipur.

Cristãos locais afirmaram que há muito mais casos de violência sexual e assassinato de mulheres acontecendo nos últimos dias e que o vídeo é só uma pequena amostra. 

Funerais adiados pelo governo

Um dos motivos que alimentou os conflitos atuais foi um funeral em massa que a comunidade Kuki-Zo organizou no dia 3 de agosto. A cerimônia era uma forma de se despedir das vítimas assassinadas pela violência.

Mas, o governo pediu que o funeral fosse adiado e a maioria dos líderes indígenas tiveram que obedecer. Conforme esperado, houve novos ataques das forças armadas meitei para impedir o funeral. 

“A onda de violência em Manipur está atingindo outros estados no Norte da Índia. Uma série de movimentos anticristãos foram organizados nessa região na semana passada, o que mostra como a situação hostil de Manipur está se expandindo”, afirmou outra parceira local, Anjali Lhing (nome fictício por motivos de segurança). 

“Estamos com medo e inseguros quanto ao que os próximos meses reservam para os cristãos. Tememos que haja mais brigas, ataques, violência e assassinatos”, ela comentou. 

Futuro ameaçador para cristãos

Com as leis anticonversão, o futuro dos cristãos é incerto e ameaçador. Recentemente, as Forças Armadas do estado de Assam, vizinho de Manipur, também denunciaram um grupo extremista hindu por fazer um treinamento de armas durante sete dias. 

O grupo Bajrang Dal organizou um acampamento para treinar aproximadamente 400 jovens com idades entre 18 e 30 anos para usarem armas, aprenderem artes marciais e habilidades de sobrevivência para lutar em Manipur.  

“É tão triste ver tamanho tumulto ao invés de esforços para promover a paz e oferecer alívio às vítimas”, disse Pryia ao comentar que é notável o aumento de ataques por motivos religiosos. 

“Manipur cheira a sangue”

Uma cristã da tribo Naga, Lucy Marem, foi assassinada em meados de julho na Índia. Ela tinha 57 anos e foi atingida por um tiro disparado por extremistas hindus do grupo Arambai Tenggol, no distrito de Imphal, Leste de Manipur.

O vídeo do assassinato brutal foi gravado e recentemente começou a circular nas redes sociais. O que aconteceu com Lucy se tornou rotina por causa do conflito entre as comunidades indígenas kuki e meitei. 

Muitos extremistas hindus usam os vídeos para assustar e ameaçar os moradores de Manipur. Por isso, o autor e jornalista cristão Babu Verghese afirmou recentemente que “Manipur cheira a sangue”.

Conforme a Portas Abertas, Lucy tinha uma doença mental. A família percebeu que ela tinha desaparecido de casa e, pouco depois, encontrou o corpo dela na rua, quase irreconhecível. “Eles só sabiam que era Lucy por causa do vídeo que mostra a cristã sendo baleada na cabeça múltiplas vezes”, explicou a organização. 

“É inimaginável pensar em quantas vidas inocentes foram ceifadas e quanto sangue foi derramado. Muitos vídeos que mostram a violência extrema estão vindo à tona agora. É terrível ver tanta ferocidade contra os cristãos. Nossos corações clamam a Deus junto às vítimas e suas famílias”, disse Priya Sharma.  

“A comunidade cristã local está certa de que quando erguermos nossas vozes, como igreja global, Deus responderá e nos protegerá. Orem pelos cristãos indianos”, pediu a missionária ao concluir. 

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