O número de reuniões online entre cristãos — cultos, reuniões de oração, estudos bíblicos — aumentaram consideravelmente durante a pandemia do coronavírus em todo o mundo.
Na China, muitas igrejas domésticas e algumas ligadas ao governo, começaram a transmitir seus cultos online ao vivo durante durante a quarentena, sendo que apenas essas últimas tinham autorização para celebrar os cultos online.
Porém, segundo informações da Portas Aberta (EUA), na província de Shandong, as duas organizações religiosas mais poderosas administradas pelo governo — o Movimento dos Três Poderes e o Conselho Cristão da China — emitiram recentemente uma declaração conjunta, ordenando que até mesmo suas igrejas se abstivessem de compartilhar ou transmitir suas pregações on-line.
O decreto, carimbado com o selo de ambas as organizações, acrescentou que, apesar do isolamento social em razão do coronavírus, algumas igrejas não registradas continuaram a realizar cultos online, usando locais não registrados.
As autoridades locais foram instruídas a investigar e encerrar essas reuniões.
Em um local separado, a cerca de 700 quilômetros, ao sul na província de Anhui, seguiu-se uma abordagem diferente. Representantes regionais das mesmas duas organizações governamentais emitiram um documento dando permissão às igrejas do Estado para criar salas de bate-papo on-line durante o período de bloqueio, mas alertaram que os pastores devem se conectar apenas aos membros de sua própria congregação on-line, mais ninguém.
O documento proíbe o compartilhamento de links para a pregação, adoração, leitura da Bíblia ou as orações de qualquer pregador ou pessoa não afiliada ao local imediato da igreja (registrado). Sendo assim, qualquer atividade que seja considerada evangelismo também é proibida. Somente membros da igreja podem participar do grupo online da igreja.
Oposição ousada
Até agora, os parceiros da Missão Portas Abertas (EUA) só ouviram falar de três desses anúncios, mas são esperados mais. O governo é conhecido por divulgar declarações como essa para ameaçar a submissão da igreja. Naturalmente, os crentes chineses estão acostumados a essas táticas e, para muitos deles, nada mudará a menos que sejam forçados a fazê-lo.
Muitos usarão essa janela como oportunidade para convidar amigos e estranhos que não crêem para ouvir o evangelho.
A igreja chinesa aprendeu ao longo de muitos anos a abster-se de publicar conteúdo que pode ser distorcido para se parecer com mensagens antigovernamentais. Em vez disso, diante do bloqueio a cultos online, as igrejas pediram aos fiéis que orassem por seu país e líderes e pelo fim da disseminação do coronavírus, local e globalmente. Oram pelos trabalhadores da saúde e pelas famílias que, embora tenham amado a epidemia, continuam a servir suas comunidades, distribuindo brindes de comida, máscaras e desinfetante para as pessoas necessitadas.
Embora a disseminação do coronavírus tenha diminuído significativamente na China, acredita-se que o governo provavelmente não tenha tempo ou recursos para perseguir a igreja offline. As autoridades enfrentam, portanto, um dilema.
Os cristãos demonstraram extraordinária coragem e generosidade nos últimos três meses, e isso, combinado com uma crescente presença online, pode apresentar às autoridades um desafio ainda maior depois que a epidemia desaparecer - se os cristãos forem vistos como aqueles a quem o povo pode recorrer em tempos de dificuldade.
Esse é um título que o governo chinês não está preparado para conceder à igreja.
Os crentes chineses precisam do seu apoio neste momento avassalador, mas significativo. Mais uma vez, eles escolheram ser ousados diante da oposição, generosos diante da falta e embaixadores da esperança em tempos de medo.
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