Os Estados Unidos impuseram sanções nesta quarta-feira (1) sobre duas autoridades do gabinete do presidente turco, Tayyip Erdogan, em uma nova tentativa de fazer com que o país, aliado da Otan, entregue o pastor americano acusado de apoiar um golpe contra Erdogan há dois anos.
O Departamento do Tesouro dos EUA agiu contra o ministro da Justiça, Abdulhamit Gul, e o ministro do Interior, Suleyman Soylu, pela prisão do pastor Andrew Brunson na Turquia. O governo americano culpa ambos por estarem envolvidos na prisão e detenção de Brunson.
Segundo comunicado, os oficiais que são alvos da sanção não poderão fazer transações comerciais com norte-americanos. O governo Trump também bloqueou qualquer propriedade dessas autoridades turcas em territórios sob a jurisdição dos EUA.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia classificou a ação de Washington como uma “postura hostil” e disse que o país irá retaliar. As relações entre os EUA e a Turquia têm despencado por causa de Brunson, que ficou sob custódia por 21 meses em uma prisão turca até ser transferido para prisão domiciliar na semana passada.
“Não vimos nenhuma evidência de que o pastor Brunson tenha feito algo errado, e acreditamos que ele seja uma vítima da detenção injusta e irrazoável do governo da Turquia”, declarou Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca.
Na terça-feira (31), um tribunal turco rejeitou o pedido de Brunson para ser libertado da prisão domiciliar durante seu julgamento por acusações de terrorismo.
A antecipação das sanções dos EUA desencadeou em uma baixa histórica da lira turca contra o dólar na quarta-feira.
Contexto
Brunson foi acusado de ajudar partidários de Fethullah Gülen, o clérigo norte-americano que, segundo as autoridades turcas, planejou uma tentativa de golpe contra Erdogan em 2016, na qual 250 pessoas foram mortas.
O pastor, que vive na Turquia há mais de vinte anos, pode pegar até 35 anos de prisão se for considerado culpado pelas acusações, que ele nega veemente.
O presidente Donald Trump, o vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, levantaram o caso diretamente com Erdogan, acreditando que tinham um acordo para conseguir a libertação de Brunson no mês passado. Quando isso não se materializou, eles começaram a aumentar a pressão sobre o governo turco, disseram os assessores.
Pence, que tem laços estreitos com a comunidade evangélica, tem acompanhado o caso de Brunson desde que ele foi preso e vem pressionado a Turquia nos bastidores pela ação.
Analistas dizem que as relações entre os Estados Unidos e a Turquia têm estado sob crescente pressão nos últimos dois anos, principalmente em relação ao papel dos EUA na Síria e aos fortes laços da Turquia com a Rússia.
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