Filme sobre ex-pajé afirma que evangelizar indígenas é 'agressão cultural'

Segundo mostra o diretor Luiz Bolognesi em sua produção, o trabalho missionário é uma 'ameaça à identidade cultural dos povos indígenas'.

Fonte: Guiame, com informações d'O GloboAtualizado: terça-feira, 24 de abril de 2018 às 14:30
Filme 'Ex-pajé' mostra o evangelismo como uma "ameaça aos povos indígenas". (Imagem: UOL)
Filme 'Ex-pajé' mostra o evangelismo como uma "ameaça aos povos indígenas". (Imagem: UOL)

Na próxima quinta-feira (26), deve entrar nos cinemas brasileiros o filme / documentário “Ex-Pajé”, que mostra o evangelismo em aldeia indígenas como um “crime cultural e étnico”.

Segundo mostra o diretor Luiz Bolognesi em sua produção, o trabalho das igrejas evangélicas em aldeias indígenas em estados como Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, são uma “ameaça para a identidade cultural dos povos indígenas contemporâneos”.

O filme, que já foi exibido no Festival de Berlim, mantém o foco em um ‘ex-pajé’ do povo indígena Paiter Suruí, e alega que o homem foi “obrigado a se converter ao cristianismo” após ter sido acusado de manter "vínculos com o diabo".

Durante o Festival, realizado em fevereiro (2018), Bolognesi leu um manifesto ao lado de dois membros da tribo Paiter Suruí, se posicionando contra o trabalho de missionários nos povos indígenas. O índio Ubiratã, por exemplo, esteve acompanhado da mãe, que entrou pela primeira vez em uma sala de cinema.

Em seu discurso, o cineasta exaltou os rituais indígenas que envolvem espíritos da floresta e criticou o trabalho cristão missionário por “entristecer” essas entidades espirituais.

"Os espíritos da floresta estão zangados, chorando por ajuda, como se, para cada árvore derrubada, cada rio poluído, eles se aproximassem da extinção. Um sábio xamã disse uma vez, a floresta é um portal cristalino, e todos nós, os humanos, precisamos disso. Se a floresta partir, nosso espírito partirá também. Os pajés devem existir e, para existir, devem ser respeitados. Antes que seja tarde demais, o mundo seja esvaziado de sua espiritualidade e o Céu pode cair sobre nossas cabeças! Chega de etnocídio! Mais pajés! Menos intolerância", declarou Bolognesi.

Em matéria publicada pelo jornal ‘O Globo’, a filósofa e professora indígena Christine Takuá, que assinou o manifesto lido por Bolognesi no Festival de Berlim, apontou que o trabalho missionário é uma “empreitada do Estado e das bancadas ruralista e evangélica para desarticular politicamente as lideranças indígenas”.

Contraponto

O discurso de ativistas, como o cineasta Luiz Bolognesi e a filósofa Christine Takuá representam bem grupos que têm buscado cada vez mais barrar o trabalho missionário em aldeias indígenas.

Fato é que, na maioria dos casos, como têm relatado missionários e evangelistas que atuam com povos indígenas, os próprios índios expressam um anseio por ouvir sobre quem é Jesus e acabam abandonando sua adoração aos espíritos, após abraçarem o Evangelho.

No caso do pastor Isac Santos, por exemplo, cerca de 38 xavantes estavam há tempos, procurando um líder cristão que pudesse batizá-los. Após atender ao clamor daqueles indígenas, ele foi denunciado por ativistas ao Ministério Público.

Além disso, se o evangelismo entre indígenas realmente fosse realmente uma estratégia política - como afirmou a filósofa - não teria tantos obstáculos impostos pela FUNAI e os missionários de igrejas evangélicas não sofreriam com tantas dificuldades financeiras no campo das aldeias.

Missionários que exercem um sério trabalho em aldeias indígenas da Amazônia, como o pastor e escritor Ronaldo Lidório têm conseguido evangelizar tribos inteiras, sem conseguir ferir a essência da cultura desses povos, como os dialetos e outros costumes tribais, apenas atendendo ao clamor que vem dessas regiões, sedentos pela Palavra de Deus.

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