
Duas famílias cristãs foram impedidas de enterrarem entes queridos em suas aldeias nativas, na Índia.
Segundo o jornal Indian Express, os incidentes aconteceram em um intervalo de poucos dias em novembro, no estado de Chhattisgarh.
Raman Sahu, um morador de 50 anos da vila de Jewartala, faleceu em um hospital particular em 8 de novembro.
Sua família, que se converteu a Jesus há alguns anos, planejou realizar o funeral e o enterro em sua vila.
Porém, ao chegarem com o corpo no local, a procissão fúnebre foi interrompida pelos moradores hindus. Eles alegaram que os familiares deveriam fazer os rituais hinduístas da comunidade para poder enterrar o ente no cemitério da vila.
O episódio gerou tensão entre os envolvidos e a polícia foi chamada. Porém, os policiais não conseguiram garantir o direito da família enterrar Sahu.
Então, o corpo foi mantido em uma funerária durante a noite e os cristãos foram obrigados a enterrar o homem em outro local a vários quilômetros de distância. Sahu foi sepultado no cemitério de Sankra, em 10 de novembro.
Em entrevista ao Indian Express, o chefe da polícia do distrito de Balod, Yogesh Patel, confirmou que os moradores locais se opuseram ao enterro apenas porque a família havia se convertido à fé cristã.
Sem direito à sepultamento
O caso aconteceu poucos dias depois de hindus impedirem o enterro de um cristão na vila de Kodekurse.
Manoj Nishad, de 50 anos, havia aceitado Cristo alguns meses antes de morrer em 5 de novembro.
Sua família queria enterrá-lo em suas terras privadas, dentro da vila. Entretanto, os moradores locais bloquearam o acesso, afirmando que aqueles que "abandonam a fé tradicional" e se tornam cristãos não têm mais o direito de serem enterrados na aldeia.
Durante três dias, a família transportou o corpo de vila em vila à procura de um lugar para o enterro. Organizações hindus chegaram a intervir para atrapalhar a busca.
A comunidade cristã protestou contra o impedimento na delegacia local e pediu a intervenção das autoridades. Porém, a polícia considerou a ação dos hindus incontestável devido aos costumes tribais.
Os moradores de Kodekurse afirmaram que, se a família de Nishad renunciasse ao cristianismo e voltasse ao hinduísmo, o sepultamento seria permitido. Os cristãos não aceitaram a proposta e encontraram outro lugar para enterrar o familiar.
Aumento da perseguição na Índia
Os casos recentes de perseguição durante o funeral das duas famílias cristãs não são incidentes isolados e fazem parte do aumento do ódio anticristão no estado Chhattisgarh, principalmente em regiões indígenas como Bastar, Kanker e Balod, conforme o International Christian Concern, organização que apoia cristãos perseguidos.
Em maio de 2025, o enterro de uma mulher cristã em um cemitério público na vila de Sanaud foi barrado durante oito horas. O chefe da vila proibiu seu sepultamento e a família teve que enterrá-la em outro local longe dali.
Cerca de 350 casos de negação dos direitos funerários à famílias cristãs já foram registrados em vilas de Chhattisgarh.
Violação de direitos
Arun Pannalal, presidente do Fórum Cristão de Chhattisgarh, condenou a negação de sepultamento, classificando como uma violação dos direitos constitucionais.
"Os cristãos estão sendo descaradamente privados de seu direito constitucional de sepultamento digno em seus locais de origem, enquanto as autoridades foram vistas em grande parte como impotentes diante da multidão", declarou Arun.
No início de dezembro, a ADF International, uma organização que apoia cristãos perseguidos, denunciou o aumento da perseguição a cristãos na Índia na União Europeia (UE).
No Parlamento Europeu, em Bruxelas, a ADF citou os casos em que cristãos são impedidos de enterrarem seus familiares devido a sua fé.
De acordo com o United Christians Forum, houve um aumento de 500% na perseguição na Índia nos últimos 10 anos.
Somente entre janeiro e outubro de 2025, mais de 600 casos foram registrados, incluindo linchamento de multidões, humilhação pública, interrupções em igrejas e ataques a propriedades privadas no país.
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