Vicki Seagel tem 61 anos, mas está longe de se aposentar — seu acordo com Deus é de mais 20 anos de trabalho. Mesmo sendo quase cega, ela atua como diretora da despensa de alimentos da Aliança Ministerial de Benton, nos Estados Unidos.
Ela desenvolveu um sistema no banco de alimentos que recebe grandes doações de produtos que são estocados e distribuídos para a comunidade carente. Mesmo contando com apenas 20% da visão em um olho, suas mãos fecham cada caixa e verificam cada item da mercearia.
Seagel perdeu a visão em 2002, depois que tumores atingiram os dois olhos. Seu olho esquerdo foi substituído por uma prótese, mas uma cirurgia permitiu que o direito ainda funcionasse. Por causa da perda de sua visão, ela perdeu os três empregos em que trabalhava.
"Eu pensei em me matar", lembra Seagel, que avisou seus planos a Deus em oração. Na manhã seguinte, ela acordou enxergando um pouco mais de luz. Isso foi um sinal suficiente.
Depois de perder seus empregos, Seagel recebeu uma espécie de auxílio deficiência, mas sentiu que deveria fazer alguma coisa. Ela se tornou voluntária na Primeira Igreja Cristã e assumiu o banco de alimentos. "Dentro de duas semanas, eles me entregaram todo o processo", disse Seagel.
Seagel, que agora vive com sua irmã mais nova, Kim Aiken, cresceu em uma família pobre em Benton. "Às vezes não tínhamos água em casa. Na maioria das vezes, não havia comida suficiente. A gente achava que isso era normal”, disse ela, que não se tornou uma pessoa amarga por causa de seu passado.
Vicki Seagel, de 61 anos, trabalha diariamente para garantir alimento às famílias. (Foto: Isaac Smith/The Southern)
"Eu agradeço a Deus por ter sido colocada nessa situação", disse Seagel. "Se eu não tivesse vivido dessa forma, eu não poderia servir as pessoas que passam por essas dificuldades".
Uma das situações mais marcantes em seu trabalho envolveu uma garotinha de 9 anos. Seagel percebeu que ela estava incomodada, e resolveu saber o porquê. Seus pés doíam. A menina estava usando os sapatos de sua mãe.
"Acabamos de receber tênis novos", disse Seagel, levando a menina para outro local. "Eu olhei para baixo e aqueles pequenos dedos estavam sujos como a lama. Eu peguei um balde de água, um pano e lavei seus pés". Naquele instante, Seagel se sentiu muito mal.
"De repente, eu pensei: 'Você está fazendo a obra de Jesus'", ela disse, lembrando-se de quando Cristo lavou os pés de seus discípulos. As lágrimas começaram a fluir por seu rosto. Depois que a sujeira começou a desaparecer, Seagel conseguiu perceber de onde vinha o incômodo da criança.
"Enquanto eu estava lavando seus pés e as lágrimas ainda estavam rolando, vi algumas bolhas, cortes e unhas dos pés que estavam quebradas", disse Seagel. Ela perguntou há quanto tempo essa criança não usava sapatos novos. A garotinha deu de ombros e disse que nunca.
Embora momentos como esses não sejam fáceis, Seagel é grata por seu trabalho no local em que ela chama de "mercado de Deus". "Estar aqui é um dos maiores presentes que Deus me deu. Este é o melhor trabalho do mundo", disse ela.
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