“A Igreja Brasileira não prioriza a obra missionária”, diz pastor que atua na África

Em entrevista ao Guiame, o pastor Elias Caetano, diretor da Missão Mãos Estendidas, fala sobre a realidade do campo missionário na África.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: segunda-feira, 24 de abril de 2017 às 11:52

O continente africano é caracterizado por ambientes extremos — alguns países são marcados por conflitos, perseguição religiosa e situações de miséria.

Enquanto isso, organizações missionárias do mundo inteiro reúnem esforços para impactar esse contexto, como é o caso da Missão Mãos Estendidas, que há mais de 17 anos atua em países como Moçambique, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia.

Segundo o diretor da organização, o pastor Elias Marcelo Caetano, um dos maiores desafios para os missionários na África é romper as crenças milenares enraizadas no povo com a Palavra de Deus.

“É preciso que seja levado um forte ensino nesses lugares — ainda mais em locais remotos que não têm contato com tecnologia. Eles vivem daquilo que é passado por via oral”, disse ele em entrevista ao Guiame. “Um dos grandes desafios é fazer eles entenderem e se aprofundarem no Evangelho de Jesus”.


Tribo Maliri durante momento de adoração, no Malawi. (Foto: Divulgação/Missão Mãos Estendidas)

Segundo o pastor, o misticismo religioso é algo muito comum na África. “Há uma mistura de crenças, então a gente tem esse desafio de ensinar. O grande desafio não é ver pessoas aceitando Jesus, mas ver pessoas se tornando discípulos. Assim como elas aceitam a Jesus, elas podem aceitar outras coisas que se pregue para elas”.

Crescimento do islamismo

O islamismo é a religião que mais cresce no mundo e tende a ultrapassar o cristianismo em número de fiéis em 2050, segundo um estudo do Pew Research Center feito em 2015.

A religião muçulmana é predominante em muitas partes da África e Europa, onde a Missão Mãos Estendidas também atua. Enquanto os dados chocam o contexto religioso, Elias acredita que o aumento do islamismo resultar em um despertamento da comunidade cristã.

“Como Igreja, temos que ter um poder de reação em todas essas situações. É hora da Igreja se manifestar e entender que as portas do inferno não prevalecem contra o corpo do Senhor”, disse o pastor. “Não acredito que o Evangelho vá deixar de progredir, pelo contrário. Vejo que é momento da manifestação do Reino de Deus de uma forma mais eficaz”.


Elias ao lado de um pastor nativo, em frente a igreja construída em uma aldeia africana. (Foto: Divulgação/Missão Mãos Estendidas)

Elias observa que se fala muito sobre as coisas ruins em relação ao Evangelho na Europa, mas muitas coisas boas estão acontecendo na região. “Há focos de igrejas avivadas, igrejas exponenciais que têm feito a diferença e estão ganhando almas para Deus, igrejas que estão hoje focadas no alcance de refugiados de países islâmicos”.

Apoio da igreja brasileira

“A igreja brasileira já priorizou mais as obras missionárias”, avalia Elias, que já teve a oportunidade de conhecer igrejas em todas as regiões do Brasil e diz que não se sente animado com o foco das denominações evangélicas.

Elias concorda que o contexto de missões vai além de um campo missionário em outro país, mas acredita que esse princípio não deve ser limitado.

“A gente tem que pensar na conquista da nossa cidade, estado ou nação, mas o 'ide' é para todo mundo. É necessário que haja um despertamento maior e que a Igreja Brasileira priorize mais o princípio de missões transculturais”, afirmou.

Culto em igreja construída numa aldeia africana. (Foto: Divulgação/Missão Mãos Estendidas)

Atualmente, a Missão Mãos Estendidas apoia cerca de 250 igrejas e 250 pastores nativos na África. Para contribuir financeiramente com o projeto, basta enviar doações para a Associação Missionária Jeovah Jireh, no seguinte destino: Banco Bradesco | Agência: 2030-3 (Biguaçu-SC) | Conta Corrente: 10595-3 | CNPJ: 07.308.574/0001-70.

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