Há dois meses e meio, a Fundação Nacional do Índio (Funai) está sendo presidida por Antônio Costa, que também atua como pastor na Primeira Igreja Batista do Guará, em Luziânia, cidade goiana vizinha a Brasília.
Em entrevista à BBC Brasil, ele afirma que nunca levou sua vida religiosa para o trabalho, mas apoia as atividades religiosas em aldeias e encara grupos missionários como importantes parceiros da Funai.
“Todos os segmentos que quiserem ajudar as populações indígenas são bem vindos, desde que seja com a concordância dos povos. Muitas das coisas boas que as populações indígenas estão recebendo, estão recebendo dessas missões”, disse Costa.
Um dos exemplos citados por ele é o projeto Missão Evangélica Caiuá, ligado a Igreja Presbiteriana, que realiza trabalhos assistenciais nas tribos indígenas do país. “Eles têm um hospital dentro da aldeia em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Se tirar esse hospital de lá, como ficaria a assistência desses povos?”, questionou.
Diante dos esforços sociais das igrejas, Costa revela que no Mato Grosso do Sul, por exemplo, 95% da população da etnia indígena terena é evangélica. “O país está crescendo, mudando. Geralmente a iniciativa de buscar as igrejas parte dos indígenas”, afirma.
Tribo isolada foi identificada e fotografada a partir de um helicóptero, no Acre. (Foto: Ricardo Stuckert)
O chefe da Funai acredita que assim como todas as pessoas na sociedade, os índios também têm o direito de escolha em relação à espiritualidade. “Todas as instituições religiosas que seguem a palavra de Deus têm de buscar pessoas que venham a conhecer a palavra de Deus. Por que os índios não, se é a vontade deles? Eles preservam a cultura, mas estão louvando a seu Deus. Para nós, não é interferência. A Funai, hoje, diante da dificuldade que tem, não pode ser dar ao luxo de não querer parcerias”.
Indicado ao cargo pelo Partido Social Cristão (PSC), Costa diz que não sente preconceito na Funai por ser evangélico. “Até porque procuro mostrar minha crença com meu testemunho de vida, com o cumprimento do meu dever, no trato com as pessoas da casa. Sempre fui evangélico, desde 2005. Nunca levei para o meu trabalho a minha filosofia de vida religiosa”, afirma.
Costa também revelou que nunca pregou em aldeias indígenas. “Procuro pregar com minha postura, o meu olhar, a minha maneira de atender as pessoas. E com isso creio que estou seguindo o exemplo do Deus que eu sigo: amar ao próximo como a mim mesmo. Eu me amo muito, e quero que meu próximo tenho esse amor da minha parte”.
Especializado em saúde indígena pela Universidade Federal de São Paulo, Costa trabalhou entre 2005 e 2009 na Missão Evangélica Caiuá, associação presbiteriana que presta serviços de saúde a indígenas em Mato Grosso do Sul. Nos últimos anos, passou ainda pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e assessorou o PSC na Câmara dos Deputados.
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