Irã usa TV estatal para transmitir confissões forçadas de cristãos por falsos crimes

Emissora do regime islâmico exibe confissões forçadas de cristãos convertidos para intimidar a comunidade e justificar a repressão sob o pretexto de segurança.

Fonte: Guiame, com informações da HRANAAtualizado: quinta-feira, 21 de agosto de 2025 às 14:02
Imagem de cristão iraniano preso pelas forças de segurança. (Foto: HRANA)
Imagem de cristão iraniano preso pelas forças de segurança. (Foto: HRANA)

Após a prisão de cristãos convertidos, o telejornal noturno do canal estatal IRIB (Islamic Republic of Iran Broadcasting) exibiu um documentário de propaganda com acusações de segurança nacional e confissões forçadas de falsos crimes.

A iniciativa faz parte de uma campanha permanente de intimidação e fabricação de casos contra cristãos no Irã.

Segundo a HRANA, agência de ativistas de direitos humanos no Irã, após o anúncio do Ministério da Inteligência sobre a prisão de cristãos convertidos, o Canal 2 da IRIB produziu e exibiu um documentário voltado à fabricação de supostos casos de segurança contra eles.

Produzido com a participação de Ameneh Sadat Zabihpour, figura do IRIB associada a órgãos de segurança, o documentário adota uma narrativa centrada em questões de segurança nacional.

Nele, cristãos convertidos – chamados no programa de “evangelistas” – são acusados de manter vínculos com entidades estrangeiras, participar de acampamentos religiosos no exterior, colaborar com grupos de oposição e tentar minar a segurança do país.

Supostas evidências

O repórter apresenta como supostas evidências de ameaça à segurança ações como viajar para a Turquia, participar do “Campo Armênia”, manter contato com sionistas e planejar ataques a “locais sensíveis” no Irã, transformando práticas religiosas e pessoais em condutas criminalizadas.

Na parte final do documentário, foram exibidas imagens de detidos apresentados como suspeitos, que, em circunstâncias não esclarecidas, apareceram fazendo confissões.

Segundo organizações de direitos humanos, as declarações foram obtidas sob pressão ou ameaça das agências de segurança.

Também foram mostradas cenas de um suposto “carregamento de armas”, porém sem qualquer evidência ou documentação independente que sustentasse a acusação.

Confissões forçadas

A República Islâmica tem usado confissões forçadas e documentários na TV para justificar a repressão contra minorias religiosas e dissidentes, prática já condenada repetidas vezes por organizações de direitos humanos.

A exibição dessas confissões constitui uma violação grave dos direitos dos acusados, incluindo o direito fundamental a um julgamento justo.

O lançamento do documentário acontece em um contexto de crescente pressão de segurança e psicológica sobre a comunidade cristã no Irã, marcado por tentativas de criar um clima de medo e intimidação.

Nos últimos anos, inúmeros cristãos convertidos enfrentaram acusações semelhantes e receberam penas severas, que vão de longos períodos de prisão ao exílio e à exclusão social.

53 cristãos presos

Em comunicado anterior, o Ministério da Inteligência informou que ao menos 53 cristãos convertidos haviam sido presos durante a operação chamada de “Guerra dos 12 Dias”.

Em 2024, a HRANA registrou 28 casos de confissões forçadas de prisioneiros.

A prática de extrair e exibir declarações coagidas de dissidentes e manifestantes pelo aparato de segurança iraniano remonta aos primórdios do regime.

Em 2022, durante a onda de protestos em todo o país, esse número chegou a 391 casos.

 

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