Duas mulheres, sequestradas por terroristas na Nigéria quando eram adolescentes, se formaram e estão se preparando para o mestrado na Universidade Southeastern, afiliada às Assembleias de Deus, Flórida (EUA).
Em 2014, Lydia Pogu e Joy Bishara estavam entre 276 estudantes sequestradas pelo Boko Haram em Chibok, no estado de Borno. Elas escaparam com outras 55 alunas, cerca de 45 minutos após os sequestros, saltando da traseira dos caminhões em alta velocidade.
Tanto Lydia quanto Joy receberam uma bolsa integral para a Universidade Southeastern, e se formaram em 30 de abril.
Joy, de 23 anos, estava no último ano do colégio interno quando o sequestro ocorreu. Lydia, 23, era sua amiga na Nigéria, mas o vínculo entre as duas ficou mais forte na noite do ataque.
“Orei para que Deus mostrasse uma forma de escapar”, disse Joy à AG News. Algumas garotas pularam da caminhonete antes dela, mas Joy ainda se sentia apreensiva.
“Achava que não sobreviveria se pulasse”, lembra ela. “Mas eu pensei que preferia que minha mãe encontrasse meu cadáver na estrada do que nunca saber se eu estava viva ou morta.”
As meninas não morreram na queda, mas ainda correram riscos — na noite escura, elas enfrentaram ameaças de cobras venenosas e animais selvagens, além de ferimentos provocados pelo matagal por onde correram.
“Ainda tenho marcas dos arbustos espinhosos nas pernas”, diz Joy. “Meu único objetivo era fugir o mais longe possível, embora não soubesse para onde estava indo.”
Ao longo do caminho, elas encontraram outras alunas que haviam escapado e moradores de uma vila predominantemente cristã, que fugiram dos terroristas do Boko Haram. Motociclistas que estavam entre os refugiados levaram as garotas de volta para suas famílias.
Mais de 100 das alunas de Chibok foram libertadas após negociações do governo, mas 112 delas, a maioria cristãs, continuam desaparecidas. Elas foram vendidas como escravas sexuais ou forçadas a se casar com membros do grupo terrorista.
Defensoras dos perseguidos
Através da Jubilee Campaign, que atua em favor da liberdade religiosa, Lydia e Joy foram para os Estados Unidos para viver um recomeço.
Em fóruns públicos, Joy e Lydia se tornaram defensoras dos perseguidos, aproveitando ao máximo as oportunidades que têm para compartilhar suas histórias. Eles falaram em um evento da Human Rights Watch e se dirigiram ao Conselho de Segurança da ONU.
O presidente da Southeastern, Kent Ingle, parabeniza Joy Bishara e Lydia Pogu pela formatura. (Foto: AG News)
“É sempre uma honra contar o que aconteceu”, disse Joy, que falará na Cúpula Internacional de Liberdade Religiosa de 13 a 15 de julho em Washington, D.C. “Não é divertido reviver o passado, mas quero inspirar portas abertas para as meninas ainda em cativeiro.”
Ir à faculdade, no entanto, ainda trazia um peso do trauma. “Eu queria ser médica na época e percebi que teria que ir à escola para isso”, diz Joy.
Lydia conseguiu asilo para os EUA, embora todos os seus parentes continuem na Nigéria. Ela voltou à sua terra natal pela última vez em 2017, mas foi tomada pelo medo. “Sinto muita falta da minha família, mas não me sinto mais segura na Nigéria”, diz ela.
Joy se matriculou em pré-Medicina na Southeastern, mas enquanto estudava, foi tomada pelo desejo de defender os desfavorecidos. Joy agora é bacharel em Serviço Social e está pronta para fazer um mestrado na mesma área.
Ela diz que sua mãe, Grace, foi sua principal influência na fé cristã. “Como uma família grande, às vezes não tínhamos comida suficiente para comer. Mas minha mãe orava antes de irmos para a cama e, no dia seguinte, amigos e parentes doavam mantimentos. Eu percebi muito cedo que as orações são importantes e poderosas”, conta Joy.
Joy diz que sua caminhada cristã se intensificou depois que ela se mudou para os EUA. “Conheci muitas pessoas incríveis que me amam e se preocupam comigo”, diz Joy. “Vejo a mão milagrosa de Deus me levando aonde preciso estar e quero ajudar outras pessoas que precisam de ajuda”.
O mesmo aconteceu com Lydia durante o tempo na Universidade Southeastern: “Fiz muitos amigos e cresci na fé em Deus. Esta é realmente uma grande comunidade. Gosto da maneira como as pessoas se preocupam umas com as outras.”
Lydia, que fará um mestrado em Serviços Humanos, deseja se tornar uma advogada que luta por justiça pelos oprimidos — como as mulheres Chibok que permanecem em cativeiro.
Lydia também crê nos propósitos de Deus em meio às dificuldades. “Deus transformou isso em algo que não teria acontecido na Nigéria: fazer meu mestrado e ir para a faculdade de direito.”
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