A crescente intolerância religiosa na Índia está levando 271 cristãos do estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia a serem processados por evangelizar pessoas de outras religiões. Entre as acusações de vários crimes colocadas sobre eles, estão a "tentativa de converter hindus através do uso de drogas e da disseminação de mentiras sobre o hinduísmo".
Dos 271 cristãos, apenas três tiveram seus nomes revelados — os pastores Durga Prasad Yadav, Kirit Rai e Jitendra Ram — nas acusações apresentadas no distrito de Jaunpur, 200 km a sudeste da capital do estado, Lucknow, em 5 de setembro.
As 271 pessoas foram inicialmente inocentados de qualquer irregularidade por um tribunal em agosto, mas agora estão sendo "acusadas de várias ofensas criminais, como fraude, contaminação de locais de culto e preconceito contra a integração nacional", disse o vice-superintendente da polícia, Anil Kumar Pandey à AsiaNews.
Porém, o presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos (GCIC), Sajan K. George assegura que as acusações não são verdadeiras.
"Em Uttar Pradesh, radicais hindus fabricaram acusações infundadas contra inocentes cristãos pentecostais", disse ele.
"Houve uma onda de perseguição contra os cristãos. Pastores pentecostais e grupos cristãos estão sob vigilância constante de elementos radicais e da polícia", acrescentou.
Um pastor local disse que as alegações eram "absolutamente falsas e sem fundamento". Ele disse à agência UCA News que os cristãos participaram de cultos na área, nos últimos 15 anos e que nunca causou nenhum problema até que o partido extremista pró-hindu Bharatiya Janata (BJP) chegou ao poder.
O advogado daqueles que registraram a queixa contra os cristãos disse que os pentecostais "vinham tentando há anos persuadir as pessoas a se converterem ao cristianismo e irem à igreja".
"Depois das orações de domingo e terça-feira, eles espalharam informações falsas sobre o hinduísmo para persuadir as pessoas a adotarem o cristianismo", disse o advogado. "Além disso, os acusados entregaram medicamentos e drogas proibidos aos visitantes e, sob seu efeito, os influenciaram a se tornarem cristãos".
'Violência patrocinada pelo Estado'
No domingo, 16 de setembro, a polícia em Jaunpur impediu que as pessoas frequentassem um culto em Bhulandih, segundo twittou a Comissão de Liberdade Religiosa da Comunhão Evangélica da Índia.
"Grupos fanáticos interromperam o culto e gritaram palavras de ordem contra o cristianismo em igrejas e muitos lugares em Jaunpur. Alguns supostamente fizeram isso até mesmo na presença da polícia", twittou a comissão. Em outro tweet, ele disse que outro pastor foi preso na sexta-feira, 14 de setembro.
De acordo com o grupo de liberdade religiosa ADF India, o estado de Uttar Pradesh experimentou o maior número de ataques violentos contra cristãos entre todos os outros 26 estados, no primeiro semestre de 2018.
Um voluntário que ajuda as vítimas de tal violência disse ao World Watch Monitor em julho: "Os ataques violentos que as minorias cristãs vinham sofrendo em Uttar Pradesh fazem parte do aparato estatal; é uma violência patrocinada pelo Estado. Os agressores estão bem cientes de que os cristãos em áreas rurais, especialmente, pode ser facilmente um alvo da intolerância".
A Índia ocupa o 11º lugar na lista de 2018 da Portas Abertas sobre os 50 países onde é mais difícil se viver como cristão.
De acordo com o censo de 2011, quase 80% da população da Índia é hindu, com o islamismo sendo a segunda maior religião (14%) e os restantes 6% pertencentes a outras religiões como o cristianismo, o sikhismo, o budismo ou o jainismo.
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