Mais uma igreja pode ser lacrada na Argélia em campanha do governo contra não-muçulmanos

Nos últimos anos, várias igrejas foram fechadas sob um decreto que exige que o culto não-muçulmano seja realizado apenas em prédios licenciados.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: terça-feira, 8 de fevereiro de 2022 às 12:43
Igreja sendo lacrada na Argélia. (Foto: Portas Abertas)
Igreja sendo lacrada na Argélia. (Foto: Portas Abertas)

Na última quarta-feira (02), as autoridades da Argélia abriram um processo contra um pastor e o pai dele — proprietário do terreno onde funciona a Igreja em Tizi Ouzou — região de maior concentração de cristãos no país. 

O governo alega que a igreja deve ser fechada com base num decreto de 2006 que regulamenta o culto não-muçulmano. Nos últimos anos, várias igrejas foram fechadas sob esta portaria. 

Porém, a comissão de licenciamento da tal portaria ainda não emitiu uma única licença, desde 2006. Os cristãos da Igreja em Tizi Ouzou estão aguardando uma data para que a Justiça argelina avalie o caso. 

Cristãos são acusados de “abalar a fé dos muçulmanos”

A igreja, que foi fundada em 2006, aderiu à EPA (Église Protestante d'Algérie), em 2011, um grupo legalmente reconhecido de igrejas protestantes na Argélia, com mais de 90 membros.

O governo, porém, empreendeu uma campanha sistemática contra as igrejas protestantes desde novembro de 2017, lacrando 16 prédios até agora e ordenando pelo menos quatro outras igrejas a cessar suas atividades.

A Argélia é o 22º país da Lista Mundial da Perseguição 2022, que classifica os países em que os cristãos são mais perseguidos no mundo. Durante o último ano, diversos cristãos foram condenados e presos sob acusações de blasfêmia e proselitismo. 

O caso dos dois cristãos acusados de comercializar “livros que abalam a fé dos muçulmanos”, numa livraria da Argélia também chamou a atenção da comunidade internacional. 

O pastor Rachid Seighir e o vendedor Nouh Hamimi, foram julgados e condenados a um ano de prisão, além do pagamento de multas por proselitismo.

Sobre o fechamento de igrejas

Muitos líderes cristãos foram forçados a encerrar suas atividades e estão aguardando a decisão judicial sobre o fechamento de suas igrejas. Alguns templos já foram lacrados e não há previsão de reabertura

Em junho de 2020, o Parlamento Europeu se posicionou contra a opressão aos cristãos na Argélia e apontou para as múltiplas violações que o governo argelino está realizando contra sua população. 

No mesmo ano, a Comissão Americana de Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), colocou a Argélia em sua “Lista de Observação Especial” devido à perseguição de minorias religiosas.

Além de instituições oficiais e governamentais, várias ONGs também criticaram as violações do regime argelino contra os direitos humanos das minorias religiosas. Apelos internacionais por liberdade religiosa na Argélia estão sendo feitos. A questão é saber se o governo argelino responderá e adotará uma abordagem mais tolerante na gestão de assuntos religiosos.

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