Muçulmanos arrancam cristãos de seus carros e os espancam, em busca de Asia Bibi

Os radicais bloquearam as ruas, incendiaram carros e agrediram cristãos em diversas cidades do Paquistão.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 14 de novembro de 2018 às 13:35
Radicais islâmicos têm exigido o enforcamento da cristã Asia Bibi, mesmo após o tribunal tê-la absolvido da pena de morte. (Foto: Sky News)
Radicais islâmicos têm exigido o enforcamento da cristã Asia Bibi, mesmo após o tribunal tê-la absolvido da pena de morte. (Foto: Sky News)

Cristãos foram arrastados para fora de seus carros e espancados por grupos de extremistas islâmicos, que estão em uma verdadeira caçada à cristã Asia Bibi, após ela ser absolvida da pena de morte, no Paquistão.

Romana Bashir, uma ativista de defesa dos direitos cristãos em Islamabad, disse em entrevista à CNN que as leis de blasfêmia têm sido usadas para atacar seguidores de Cristo no país muçulmano há anos, mas as consequências da absolvição de Bibi foram realmente severas.

Os radicais bloquearam as ruas, incendiaram carros e se revoltaram pelas cidades, furiosos e acreditando que a Suprema Corte do Paquistão cedeu à pressão ocidental ao decidir libertar a mãe cristã, em vez de confirmar sua sentença de morte, já declarada em 2010, sob falsas acusações.

Peter Jacob, o diretor executivo do Centro de Justiça Social em Lahore, disse que houve casos em que manifestantes pediram às pessoas dentro dos carros que lhes contassem qual era sua religião. Se elas dissessem que eram cristãs, "eram retiradas a força de seus carros e espancadas no mesmo instante".

Ele advertiu que "as feridas mentais e psicológicas" que a comunidade cristã está sofrendo persistirá no "clima atual de medo".

Contexto

Os ataques radicais islâmicos de grande escala no Paquistão diminuíram no ano passado, embora alguns fiéis que frequentam igrejas, como os da Catedral de São José, em Rawalpindi, tenham admitido que estão constantemente sendo cuidadosos.

Um porteiro da igreja, que não quis compartilhar seu nome, disse que ele é "grato pela presença dos militares perto do templo", mas que a sensação de medo "começou a assombrá-lo" desde a absolvição de Bibi.

Os cristãos enfrentam a discriminação no Paquistão de várias maneiras diferentes, como a oferta de empregos de baixa qualificação e a manutenção da base da sociedade.

As leis da blasfêmia, que, como no caso de Bibi, podem colocar cristãos no corredor da morte, mesmo que afirmem ser inocentes, criam uma nova dimensão de terror, explicou Bashir. Ela disse que um dos maiores problemas é que quando não-muçulmanos são acusados ​​de blasfêmia, "toda a comunidade é marcada e rotulada com o crime".

"Quando você é acusado, você não pode viver no mesmo lugar, sua família está sob ameaça, toda a sua cidade está sob ameaça, você deve fugir, você deve deixar tudo o que ama. O impacto é muito severo", explicou ela.

Bashir, que em 2012 foi nomeada pelo Papa Bento XVI para servir como conselheira da Comissão de Relações Religiosas com os muçulmanos, disse que o progresso em termos de confiança entre líderes muçulmanos e cristãos está sendo desmembrado devido à controvérsia sobre as leis de blasfêmia.

"As pessoas de ambos os lados agora têm medo de sair, não há meio termo para discussão, não há clima para reconciliação, é como se as pontes de harmonia tivessem sido queimadas após a absolvição", disse ela.

Entretanto, o destino de Bibi permanece incerto, pois a mãe cristã de cinco filhos ainda não foi autorizada a deixar o Paquistão, devido à pressão que os partidos islâmicos radicais estão colocando sobre o governo.

Vários países ocidentais disseram que estão buscando maneiras de ajudar Bibi e sua família, embora ainda não esteja claro quem oferecerá asilo a eles.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, foi o mais recente, ao oferecer asilo na última segunda-feira a sugerir que seu país poderia avançar com esta proposta.

"Estamos em negociações com o governo paquistanês", disse Trudeau à AFP na França. "Há um contexto doméstico delicado que respeitamos e é por isso que não quero dizer mais nada sobre isso, mas vou lembrar às pessoas que o Canadá é um país acolhedor".

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