Muçulmanos lançam campanha nacional, exigindo o enforcamento de Asia Bibi

Um partido político extremista do Paquistão está convocando protestos violentos, caso a cristã Asia Bibi seja absolvida.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: terça-feira, 16 de outubro de 2018 às 13:06
Muçulmanos pedem o enforcamento de Asia Bibi. (Foto: Herald Sun)
Muçulmanos pedem o enforcamento de Asia Bibi. (Foto: Herald Sun)

Enquanto o mundo aguarda a decisão da Suprema Corte do Paquistão sobre o recurso de sentença de morte da cristã Asia Bibi, os radicais islâmicos estão exigindo que ela seja enforcada e fazendo ameaças de protestos violentos em todo o país se ela for libertada.

Grupos de direitos humanos expressaram preocupação com relatos de que os juízes da Suprema Corte do país estão sendo ameaçados por radicais extremistas muçulmanos afiliados a partidos políticos, como o Tehreek-e-Labaik Pakistan (TLP).

Segundo a AFP, extremistas ameaçaram os juízes com uma morte "horrível" se derem clemência à mãe cristã de cinco filhos que foi sentenciada à morte em 2010, depois que mulheres muçulmanas a acusaram de blasfêmia por causa de uma discussão sobre beberem água no mesmo tanque que cristãs.

A ameaça veio na forma de uma declaração divulgada pelo TLP na última quarta-feira, dois dias depois que o recurso de Bibi foi ouvido por um painel de três juízes da Suprema Corte do Paquistão, após anos de atraso. A decisão do painel sobre seu apelo ainda não foi anunciada.

O jornal paquistanês Dawn informa que partidários da TLP se reuniram na semana passada em cidades como Lahore, Karachi, Multan e Gujranwala para "se anteciparem à absolvição" de Bibi — que também é conhecida pelo nome de Aasiya Noreen — com alguma estratégia.

A informação é que o TLP tem dirigido seus líderes locais para realizar protestos a ponto de “paralisar o país”, se Bibi for libertada.

"Os comentários dos juízes geraram dúvidas entre os líderes partidários e temem que ela seja libertada em breve", disse o líder do TLP, Afzal Qadri, durante uma manifestação contra Bibi em Lahore.

O líder então leu uma resolução de quatro pontos, apoiada pelos líderes partidários, que argumentavam que permitir que Bibi fosse libertada seria não apenas uma violação às leis de blasfêmia do país, mas também a um ataque ao Islã e à Constituição nacional.

"A liderança central [da TLP] já decidiu sobre um protesto nacional e os líderes locais não devem esperar por qualquer mensagem da liderança central e iniciar suas ocupações imediatamente", disse Qadri à multidão.

Se Bibi for libertada, Qadri pediu que os protestos continuem até que os juízes que asseguraram sua libertação sejam punidos, "mesmo que a liderança central esteja encarcerada ou morta".

A agência Dawn.com relatou que o chefe da TLP, Khadim Hussain Rizvi, chegou a desafiar os juízes para um debate sobre a lei de blasfêmia do país e pediu aos apoiadores de seu partido que "se preparem e esperem pela terça-feira quando outro anúncio importante for feito".

Além disso, os líderes da TLP pediram ao primeiro-ministro Imran Khan que desenvolva uma política clara de blasfêmia que apazigua sua base nacionalista.

Contexto

O Paquistão classifica-se como o quinto pior país do mundo, no que diz respeito à perseguição religiosa aos cristãos, de acordo com a ‘World Watch List’ de 2018, atualizada pela Portas Abertas (EUA). Além disso, o Paquistão foi colocado na "Lista de Observação Especial" de violadores da liberdade religiosa do Departamento de Estado dos EUA.

Os defensores de Direitos Humanos há muito pedem a revogação das leis de blasfêmia do país, que em muitos casos foram distorcidas pelos muçulmanos para perseguir as minorias religiosas. Alguns políticos paquistaneses foram mortos por expressar suas crenças de que as leis contra a blasfêmia deveriam ser reformadas.

 

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