“Nunca ouvi o nome de Jesus”: Norte-coreano se rende a Cristo ao fugir do país

Ao fugir da Coreia do Norte para a China, Dongwon conheceu um pastor que o levou à conversão.

Fonte: Guiame, com informações da Global Christian ReliefAtualizado: quarta-feira, 10 de janeiro de 2024 às 16:48
Norte-coreanos que aceitam Jesus são perseguidos pelo governo. (Foto representativa: Portas Abertas)
Norte-coreanos que aceitam Jesus são perseguidos pelo governo. (Foto representativa: Portas Abertas)

Dongwon é um desertor norte-coreano que buscou refúgio na China. Ele conta que chegou à beira do desespero ao ponto de amaldiçoar o dia em que nasceu. 

Em seu testemunho, divulgado pelo Global Christian Relief, ele também destaca que teve pensamentos suicidas: “O presente parecia insuportável e o futuro parecia sem esperança”.

Em meio à escuridão, porém, surgiu um lampejo de luz quando um pastor local compartilhou a mensagem do Evangelho com Dongwon. 

“Eu nem sabia que ele era pastor. Ele simplesmente me perguntou se eu queria conhecer a Deus”, lembrou ao compartilhar que sua resposta imediata foi ‘não’. 

Mas o pastor, percebendo seu ceticismo, explicou gentilmente: “Jesus é o Filho de Deus. Ele veio a esta terra por você e por mim. Se você acreditar em Jesus, você terá a salvação”. E foi assim que Dongwon segurou uma Bíblia em suas mãos pela primeira vez.

‘Não conseguia parar de chorar’

A princípio, Dongwon disse que desconfiou do pastor, achando que ele poderia ser um agente secreto tentando extrair informações. Na Coreia do Norte, o cristianismo é considerado “mítico”, conforme ele explica. 

“Os missionários são retratados como invasores. As igrejas e as Bíblias são proibidas e os cristãos enfrentam tortura, prisão ou execução”, completou.

“Mas de repente, meu coração começou a bater forte. Enquanto ele compartilhava comigo a mensagem do Evangelho, eu comecei a chorar. E foi a primeira vez na minha vida que as lágrimas caíram incontrolavelmente. Eu não conseguia parar”, lembrou.

E foi naquele momento que Dongwon entregou sua vida a Cristo: “Embora nunca tivesse ouvido o nome de Jesus antes, comecei a repetir o que o pastor dizia e um sentimento de graça e paz me invadiu”. 

Ele conta que, após aquele encontro, ao olhar para o céu as nuvens pareciam mais brilhantes do que antes: “Ali não parecia ser a China, naquele momento era o paraíso para mim”. 

A vida na Coreia do Norte

Dongwon relembrou que quando vivia na Coreia do Norte, na cidade costeira de Cheongjin, teve uma vida tranquila, pois seu pai ocupava um cargo governamental respeitado, o que proporcionou a ele oportunidades de educação e uma vida confortável para os padrões norte-coreanos. 

Porém, na adolescência, ele passou a questionar sobre o regime totalitário e a sucessão de poder de Kim Il-Sung para seu filho, Kim Jong-Il. “Comecei a ficar decepcionado com o governo da Coreia do Norte”, disse ao mencionar a hipocrisia e a corrupção sob a fachada da virtude.

Depois de se formar numa universidade de prestígio em Pyongyang, Dongwon foi designado a trabalhar para uma organização juvenil comunista. Mas quando a fome atingiu a Coreia do Norte, em meados da década de 1990, ele testemunhou em primeira mão os fracassos do regime.

“Vi centenas de milhares de pessoas passando fome e comecei a pensar que a Coreia do Norte não é uma República Democrática Popular”, resumiu.

Em busca de liberdade

Desiludido e em busca da liberdade, Dongwon começou a assistir secretamente a filmes e programas de TV estrangeiros, o que abriu seus olhos para um mundo mais amplo.

Assim, ele planejou escapar do país através da China e eventualmente chegar à Coreia do Sul. Em 20 de janeiro de 2007, após meses de planejamento, Dongwon aproveitou a oportunidade e atravessou o congelado rio Tumen, da Coreia do Norte até a China, sob o manto da escuridão. 

Deixando sua família para trás, ele entrou em território desconhecido sem dinheiro, sem recursos e sem contatos. Temendo ser capturado caso procurasse asilo na embaixada sul-coreana, Dongwon escondeu-se entre a população étnica coreana no Norte da China.

“Não conseguia pensar em voltar para a Coreia do Norte e não sabia o que fazer para chegar à Coreia do Sul. Foi quando pensamentos suicidas me consumiram”, mencionou. 

Igrejas domésticas e clandestinas

Finalizando, depois que Dongwon conheceu Jesus, na China, sua vida mudou completamente. Enquanto ouvia sobre o Evangelho, seu coração e sua mente se abriram para a verdade. Ao encontrar a fé, ele reconheceu ter encontrado também a paz e a liberdade.

Pouco depois de sua conversão, ele foi preso pela polícia chinesa enquanto tentava chegar à embaixada sul-coreana. Embora com medo de ser repatriado para a Coreia do Norte, onde provavelmente enfrentaria punições severas, Dongwon apegou-se a um versículo bíblico compartilhado pelo pastor —  “Não temas, pois estou contigo. Eu sou seu Deus”. (Isaías 41.10)

Atualmente, o cristão vive livremente na Coreia do Sul e ajuda secretamente a igreja clandestina na Coreia do Norte: “É um ministério de pequenas igrejas domésticas e células que se reúnem”. 

Refletindo sobre sua jornada extraordinária, Dongwon finaliza: “O Senhor esteve sempre comigo. Sempre que tenho notícias sobre meus pais e irmãos fico com o coração apertado, mas oro e invoco o nome do Senhor”.

Embora o Evangelho seja proibido na Coreia do Norte, alguns estimam que até 400.000 cristãos adoram Jesus secretamente através de igrejas clandestinas. “Meu maior sonho é, um dia, plantar 10 igrejas físicas em minha cidade natal, na Coreia do Norte”, concluiu. 

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