Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos no Marrocos

Todos os anos, cristãos são presos pelo simples motivo de possuir uma Bíblia ou discutirem sobre a fé cristã com um muçulmano.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: segunda-feira, 8 de março de 2021 às 12:40
No Marrocos, muitas mulheres cristãs podem ser perseguidas pela própria família. (Foto: Portas Abertas)
No Marrocos, muitas mulheres cristãs podem ser perseguidas pela própria família. (Foto: Portas Abertas)

POPULAÇÃO: 37 milhões 
CRISTÃOS: 31,5 mil 
RELIGIÃO: Islamismo, cristianismo, judaísmo, bahaí 
GOVERNO: Monarquia constitucional 
LÍDER: Mohammed VI
POSIÇÃO: 27º na Lista Mundial da Perseguição

Conhecido oficialmente como o Reino de Marrocos, o país que fica na região Magrebe, no Norte da África tem como principal religião o islã. Os marroquinos que se decidem pelo cristianismo podem perder os direitos de herança e até a custódia dos filhos. 

O código penal marroquino apresenta algumas questões específicas para os cidadãos cristãos. De acordo com o código, é um ato criminoso “abalar a fé de um muçulmano”. Obviamente, isso depende muito da interpretação contextual, mas praticamente significa que é muito difícil para os cristãos compartilharem a fé.

Os defensores do cristianismo têm sido alvo de ataques violentos de extremistas islâmicos. “Eu sempre disse que mesmo que eles colocassem uma faca na minha garganta, eu não poderia dizer que Jesus não existe. Não posso ignorar Jesus, simplesmente não posso. Também acho impossível ficar em silêncio sobre minha fé. Mesmo em um táxi, no trem, em um supermercado, se eu ouvir alguém dizendo coisas ruins sobre Jesus ou sobre cristãos em geral, eu não posso ficar quieto”, disse Abdallah, cristão ex-muçulmano.

Tipos de perseguição aos cristãos no Marrocos

Depois da opressão islâmica, vem a paranoia ditatorial e os ataques violentos conduzidos por grupos extremistas. Cristãos são perseguidos por oficiais do governo, parentes, cidadãos, quadrilhas e partidos políticos. 

A perseguição às mulheres que se decidem pelo cristianismo chega a ser um ato de covardia. Por terem menos liberdade do que os homens, elas são hostilizadas dentro do ambiente doméstico. Pais e irmãos podem controlar suas vidas e forçar que deixem a família em caso de abandono do islã. 

A conversão do islã ao cristianismo é socialmente inaceitável, vista com uma vergonha e uma forma de rebeldia contra a sociedade. O medo do escândalo sobre a conversão de uma filha, muitas vezes, significa que as cristãs ex-muçulmanas são mantidas em casa e mais tarde forçadas a se casar, na crença de que o casamento as trará de volta ao islã. 

Às vezes, a pressão é tão intensa que a menina cede e concorda com um casamento com alguém que não compartilha a mesma fé. Se uma mulher muçulmana casada se converte pode ser pressionada e ameaçada de divórcio pelo marido depois que a fé cristã é descoberta. Algumas foram forçadas a se divorciar e desistir dos filhos. 

Mas a pior parte é o o estupro, que é visto como uma ferramenta poderosa para a coerção religiosa. Esse é o caso tanto para as mulheres marroquinas quanto para as numerosas mulheres migrantes subsaarianas no Marrocos.

Os homens cristãos ex-muçulmanos enfrentam expulsão das famílias, discriminação educacional, dificuldades relacionadas ao trabalho e ameaças de morte. Eles estão muito mais propensos do que as mulheres a serem alvo de interrogatórios governamentais, espancamentos e prisão. 

O emprego também é um ponto de pressão fundamental para os homens, porque eles geralmente são os provedores das famílias. Por outro lado, os cristãos, às vezes, são acusados de se converter para ganho financeiro, porque o cristianismo está associado à luxuosa sociedade ocidental. Todos os anos, há relatos de um punhado de homens cristãos presos por nada mais do que ter uma Bíblia ou por discutir a fé cristã com um muçulmano.

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