Pastor come insetos, ratos e sapos para sobreviver em prisão do Vietnã

Segundo relatos de cristãos locais, a comida que os presos recebem no Vietnã não é suficiente e os detentos acabam sofrendo com a desnutrição.

Fonte: Guiame, com informações do God ReportsAtualizado: sexta-feira, 30 de junho de 2017 às 15:32
Detentos reunidos em salão de presídio, no Vietnã. (Foto: AFP)
Detentos reunidos em salão de presídio, no Vietnã. (Foto: AFP)

Nas Terras Centrais do Vietnã, os pastores presos por causa de fé estão passando por um tempo desesperador, enfrentando condições precárias, que dificultam sua sobrevivência.

Os pastores em julgamento raramente têm acesso a um advogado, e o tempo estipulado para a pena é quase irrelevante, pois os funcionários do campo de trabalho podem estendê-lo indefinidamente por causa das mínimas violações dos detentos.

"Um pastor que conhecemos foi sentenciado a 11 anos de prisão, mas sua pena já foi ampliada para 20 anos", disse Su*, o diretor de um ministério cristão local à 'Christian Aid Mission' (CAM). "Isso acontece se o detento se atrasar ou não cumprir cada detalhe de suas tarefas".

Os líderes das igrejas registradas e não registradas deixaram o Vietnã, em vez de se submeterem aos requisitos governamentais de que suas igrejas se unam a uma só denominação maior para que as autoridades possam monitorar melhor suas ações.

Alguns fogem com suas famílias, outros consideram mais sensato deixar seus parentes para trás.

Os líderes cristãos que já estão presos - cerca de 42 - estão à beira da loucura após permanecer mais de 10 anos em condições precárias de sobrevivência. Recentemente, 15 outros líderes de igrejas não registradas na província de Gia Lai, bem como sete da província de Dak Lak, foram condenados à prisão por terem praticado sua fé, segundo a 'Christian Aid Mission'.

As condições de vida nas prisões são difíceis, particularmente por padrões no Ocidente. Os presos recebem apenas uma tigela de arroz ao meio dia e outra à noite.

"Para ter nutrição suficiente, as família dos detentos precisam fornecer comida adicional, como vegetais e outros tipos de alimentos", disse Su. "A prisão dá somente cerca de 10 a 20 quilos de comida por mês, dependendo da localização. Às vezes, a prisão está muito longe; Eles recebem visitantes apenas algumas vezes por ano, devido à distância de viagem".

Alguns pastores detidos não têm nenhum apoio externo, o que acaba piorando sua situação na prisão.

"A família de um pastor não pode mais visitá-lo. Ele está em uma cela privada e está se alimentando só com arroz. Ele está com fome e desnutrido. Acaba tendo que comer insetos, ratos, sapos, tudo o que está disponível para não morrer de fome. Quando os carcereiros permitem que o detento saia de sua cela, após um ou dois meses de confinamento, ele mal consegue andar, apenas rasteja. Ele não aguenta", destacou o relato da organização cristã.

Não são apenas os pastores que enfrentam perseguição. Muitas famílias cristãs nas aldeias rurais também enfrentam pressões por causa do novo estilo de vida que seguem após se converterem ao cristianismo.


Discriminação
Essas pessoas enfrentam problemas com as autoridades locais, porque não participam mais das celebrações tradicionais (nas quais há consumo exagerado de bebida alcoólica), não aderem à poligamia e não adoram mais os espíritos idolatrados por seus ancestrais.

Quando se recusam a se envolver nessas atividades, isto chama a atenção das autoridades locais, e eles vão processá-lo por violar um valor central para a cultura local: "a unidade".

"Ter mais de uma esposa, consumir muita bebida alcoólica e idolatrar os deuseus dos ancestrais ​é o que 99% dos homens estão fazendo no Vietnã", disse Su a CAM. "Se você não faz isso, você não pertence ao povo e isso é um crime. Isso é especificamente cobrado dos cristãos".

"Outras pessoas acreditam em Buda e idolatram os antepassados. Se você se recusa a fazer parte dessa 'unidade', isso também é um crime para eles", acrescentou.

 

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