Pastor e família são assassinados após culto na Colômbia

Marlon Lora e a família foram baleados por um atirador de moto, enquanto estavam do lado de fora de um restaurante, em Aguachica.

Fonte: Guiame, com informações de The Christian PostAtualizado: sexta-feira, 3 de janeiro de 2025 às 14:26
O pastor Marlon Lora e a família. (Foto: CSW).
O pastor Marlon Lora e a família. (Foto: CSW).

Um pastor, sua esposa e filha foram assassinados a tiros após um culto da Igreja Príncipe da Paz Villaparaguay, na Colômbia, no último domingo (29).

O pastor Marlon Lora, sua esposa, Yorley Rincon, e sua filha de 24 anos, Angela Lora Rincón, e seu filho de 21 anos, Santiago Lora Rincón, estavam do lado de fora de um restaurante na cidade de Aguachica, quando um atirador em uma moto disparou contra a família.

Marlon, a esposa e a filha morreram no ataque e o filho ficou ferido. Segundo o jornal El País, o governo da Colômbia anunciou uma recompensa de até 11.000 dólares para informações sobre o assassinato da família.

No domingo (29), a prefeita de Aguachica, Greisy Roqueme, declarou toque de recolher. 

"Não podemos permitir que a violência roube nossa esperança, por isso exijo que o Governo Nacional, o Ministro da Defesa e a Força Pública voltem sua atenção para o departamento de Cesar, mas acima de tudo para o município de Aguachica", declarou Roqueme, em um vídeo nas redes sociais.

O diretor de Assuntos Religiosos do Ministério do Interior, Alexander Jaimes, também se manifestou sobre a morte da família pastoral.

"Expressamos nossa solidariedade com as famílias das vítimas e a comunidade religiosa", afirmou Jaimes, em um comunicado.

Ameaças

Marlon Lora e sua igreja faziam parte da denominação Missionary Biblical Churches (IBM). O pastor supervisionou quase 30 igrejas urbanas e rurais, viajando por diferentes regiões do país.

O pastor Giovanni Bermúdez, que supervisionava o trabalho de Marlon e sua esposa, relatou que o líder assassinado já havia se preocupado com ameaças feitas contra outro pastor.

"Marlon era como muitos de nós, pastores – ficamos calados sobre muitas coisas para que tudo corra bem, mesmo quando carregamos fardos pesados dentro de si", disse Bermúdez.

Marlon e sua família eram queridos pela comunidade cristã em Aguachica, conforme o pastor Divanit Alfonso Calle, presidente da Associação de Pastores de Aguachica.

Sua filha Ángela trabalhava como profissional de comunicação e jornalismo para a empresa de serviços públicos de Aguachica e o filho Santiago é estudante de Engenharia de Sistemas.

A Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização que apoia cristãos perseguidos, apelou ao governo colombiano que garanta a segurança de líderes cristãos no país, em meio a violência de grupos criminosos.

“Líderes religiosos permanecem em risco de violência e intimidação por causa de seu papel como pacificadores em suas comunidades", lembrou Anna Lee Stangl, diretora de defesa da CSW.

"À medida que o governo continua suas negociações pós-conflito com os grupos armados, incluindo o Exército de Libertação Nacional (ELN), que é conhecido por atacar líderes religiosos em áreas onde opera – como a região de Aguachica – instamos o governo a reconhecer as vítimas do setor religioso no âmbito dos acordos de paz individuais", acrescentou.

Aumento da perseguição na Colômbia

Em outubro do ano passado, a Defensoria do Povo da Colômbia relatou o aumento de 31% nas violações dos direitos de liberdade religiosa no país, entre 2023 e 2024, incluindo "tratamento discriminatório contra igrejas e denominações religiosas, bem como ameaças de morte contra líderes e autoridades religiosas". 

As ameaças de morte aumentaram 50%, segundo a Defensoria. De acordo com a CSW,o assassinato do pastor Marlon e sua família é resultado da onda de violência contra cristãos na Colômbia, nos últimos meses.

Em novembro de 2023, Ever e Gerson Garcia Velez, dois irmãos que frequentavam a igreja em Valle Del Cauca, foram mortos por três homens em sua fazenda. 

No mesmo mês, o pastor Salvador Zapateiro Mercado foi assassinado na cidade de Cartagena. Em agosto, vizinhos incendiaram a residência de um casal de pastores, por realizarem cultos ao ar livre na área.

"Os líderes da Igreja continuam a ser assediados, extorquidos e assassinados devido à violência em torno do controle de territórios entre guerrilheiros armados, gangues de drogas e outros grupos armados", explicou a Missão Portas Abertas. 

"Os cristãos nessas áreas que se atrevem a falar publicamente sobre corrupção e violência enfrentam ataques por seu testemunho ousado. Da mesma forma, os líderes da igreja que se opõem a atividades criminosas em seus sermões também podem ser alvos”.

A Colômbia ocupa o 34º lugar na Lista Mundial de Perseguição 2024 da Portas Abertas.

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