À medida que os protestos de Hong Kong se aprofundam, um pastor e um grupo de voluntários majoritariamente cristãos estão tentando impedir que os confrontos aconteçam.
Os voluntários do grupo chamado "Protect the Children" ("Proteja os Filhos") se colocam entre manifestantes e a polícia em uma tentativa de mediar.
Mas a situação está ficando cada vez mais difícil com os confrontos ocorridos no início das manifestações - e os voluntários inevitavelmente se viram atraídos pela crescente violência.
O grupo é liderado pelo pastor Roy Chan, que lidera uma pequena igreja no território autônomo.
"Nós somos a Igreja da Boa Vizinhança. Durante este período [de protestos], a nossa igreja iniciou o projeto 'Proteja os Filhos'. Nós usamos esses coletes amarelos e vamos a diferentes locais de protestos. Onde há conflito, nós tentamos mediar, seja entre cidadãos e manifestantes ou entre policiais e manifestantes", disse ele em depoimento para a BBC.
"Quando vemos uma situação injusta, nós temos que sair e proteger os mais jovens", acrescentou. "Como cristão, isto é o que eu posso fazer pela sociedade e por Deus. Nossos membros são de diferentes setores da sociedade e nem todos são cristãos. São mães, pais, idosos, adolescentes, todos trabalhando juntos".
Integrantes do projeto "Protect the Children" oram antes de sair às ruas de Hong Kong. (Imagem: BBC / Reprodução)
Chan explicou que o procedimento dos grupos que agem pelo projeto é evitar conflitos e violência, não importa de onde estejam partindo.
"Quando chegamos aos locais de protestos, nos separamos em grupos, com sete pessoas em cada grupo, formamos uma corrente humana e tentamos impedir que a polícia avance. Esse é o espírito do auto sacrifício: 'Batam em mim, mas não batam nos garotos'", destacou. "Nós temos um princípio: queremos que cidadãos de Hong Kong não machuquem outros cidadãos de Hong Kong. Os policiais também são cidadãos de Hong Kong, eles também têm família. Nós oferecemos apoio a muita gente".
Comentando um episódio complicado, o pastor explicou que as situações ficam intensas a tal ponto, que tentativas de explicar mal entendidos podem parecer em vão.
"Um de nossos membros tentou defender um idoso, mas a polícia o pegou imediatamente, pensando que ele estava impedindo os oficiais de fazerem seu trabalho. Eu rapidamente corri até eles e disse: ‘Sinto muito, mas creio que houve um mal entendido’. Mas antes que pudéssemos terminar a conversa, a polícia usou spray de pimenta em nós", contou.
Mas apesar de episódios aparentemente frustrantes, Chan assegurou que não desiste de sair às ruas para mediar conflitos.
"Eu acredito que o nosso projeto não seja 100% eficaz, mas quando saímos às ruas com amor, isso faz com que os cidadãos de Hong Kong mantenham a esperança em dias tão tristes", explicou.
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