Pastores protestam contra a deportação de refugiados cristãos: "É uma sentença de morte"

Um grupo de 100 refugiados iraquianos - que inclui cristãos - corre o risco de ser deportado dos Estados e pastores têm alertado sobre o risco que eles correm no Iraque.

Fonte: Guiame, com informações do Gospel HeraldAtualizado: quarta-feira, 21 de junho de 2017 às 14:46
Franklin Graham (direita) conversa com refugiadas. (Foto: Samaritan's Purse)
Franklin Graham (direita) conversa com refugiadas. (Foto: Samaritan's Purse)

Franklin Graham diz que achou "muito perturbador" que as autoridades de imigração prenderam muitos cristãos iraquianos para uma possível deportação e exortou o presidente Donald Trump a dar "uma grande consideração à ameaça contra a vida de cristãos em países como o Iraque".

Em uma publicação no Facebook, Graham, que é o presidente da organização cristã 'Bolsa do Samaritano' e da Associação Evangelística Billy Graham, criticou o Departamento de Imigração dos EUA por deter 100 cidadãos iraquianos em Michigan na semana passada, visando a deportação destes.

Muitos dos detidos são cristãos e muçulmanos xiitas, que enfrentam perseguição do Estado Islâmico no Iraque.

"Eu acho muito perturbador o que eu li sobre os cristãos caldeus sendo detidos pelo Departamento de Imigração e Alfândega para uma possível deportação", escreveu ele. "Eu peço que o presidente a venha a designar alguém para investigar estes casos detalhadamente. Eu entendo uma política de deportação aplicada a pessoas que estão aqui ilegalmente e infringiram a lei. Não conheço todos os detalhes sobre isso, mas eu incentivo nosso presidente a dar uma consideração especial à ameaça que as vidas destes cristãos sofrem em países como o Iraque".

Graham não é o único líder cristão a condenar as prisões deste grupo de refugiados. Russell Moore, presidente da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul, também expressou sua preocupação sobre o assunto: "Isso é errado, muito errado. É uma sentença de morte para aqueles que devemos proteger".

O jornal 'Washington Post' informou que as prisões ocorreram após um acordo que os Estados Unidos fizeram com o Iraque, que visava suspender uma lei assinada por Trump - que proibia imigrações de nações de maioria muçulmana - com relação a sete países e concordava em aceitar até mesmo iraquianos deportados.

As autoridades de imigração disseram que todos os cidadãos iraquianos que foram presos tiveram condenações criminais; No entanto, Mark Arabo, presidente da Fundação Humanitária das Minorias, disse ao site 'Gospel Herald' que muitos dos detidos viviam nos EUA há décadas e foram absolvidos de crimes anteriores.

"Eles não são criminosos", disse Arabo. "Eles são cidadãos bons e honestos, que foram reabilitados. O governo deveria fazer o que deve ser feito com eles aqui na América, dando-lhes o devido processo. Mas enviá-los de volta ao Iraque é realmente uma sentença de morte".

Arabo observou que no ano passado, sua fundação foi capaz de convencer os Estados Unidos. O secretário de Estado, John Kerry, declarou que o Estado Islâmico estava cometendo genocídio contra os cristãos e outros grupos minoritários antigos do Oriente Médio.

"Não entendo como alguém poderia enviar um cristão para uma zona de genocídio", disse ele. "Donald Trump prometeu combater o Estado Islâmico, mas o que ele está fazendo é encorajar os terroristas, enviando-lhes cristãos para matar. Ele está dando ao Estado Islâmico, exatamente o que o grupo quer".

Arabo acrescentou: "É surpreendente porque os cristãos caldeus em Michigan apoiaram o presidente Trump, principalmente porque queriam manter os americanos seguros. Infelizmente, foram estes que que o apoiaram que acabaram sendo detidos".

Martin Manna, presidente da Fundação da Comunidade Caldeia, com sede em Sterling Heights, Michigan, expressou frustração com relação ao fato de que muitos evangélicos expressaram indignação com a perseguição religiosa no Oriente Médio, mas permaneceram em silêncio sobre os caldeus que enfrentam a deportação.

"Eles poderiam estar fazendo muito mais", disse ele. "Eles poderiam dizer: 'Espere, estamos lutando para proteger essas pessoas em suas terras ancestrais e agora as estamos as devolvendo para essas áreas que não estamos fazendo o suficiente para proteger".

Enquanto isso, a ACLU na quinta-feira apresentou uma ação judicial na tentativa de interromper as possíveis deportações.

"Esperamos que os tribunais reconheçam o perigo extremo que a deportação para o Iraque representaria para essas pessoas", afirmou Kary Moss, diretor-executivo da ACLU de Michigan, em um comunicado. "Nossa política de imigração não deve constituir pena de morte para qualquer um".

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