Segundo líder evangélico é assassinado na Colômbia em menos de duas semanas

Iván García liderava a pequena igreja cristã Nuevo Renacer, um espaço modesto, onde realizava intenso trabalho de evangelização.

Fonte: Guiame, com informações da CSW e El TiempoAtualizado: quinta-feira, 16 de janeiro de 2025 às 16:13
O pastor Iván García e sua esposa Karen, na igreja. (Foto: Mídias sociais)
O pastor Iván García e sua esposa Karen, na igreja. (Foto: Mídias sociais)

Um segundo líder de uma igreja protestante foi assassinado no norte da Colômbia, marcando outro ataque mortal contra ministérios cristãos no país da América do Sul.

Iván García, um líder de 28 anos, foi baleado várias vezes após liderar um culto em 8 de janeiro, sendo alvejado duas vezes na cabeça, informou o Christian Solidarity Worldwide (CSW).

O pastor estava acompanhado por sua esposa, sua enteada de 14 anos e outros seis membros da igreja quando foram emboscados por dois indivíduos em uma motocicleta. A esposa de García também foi ferida durante o ataque.

A família caminhava por uma estrada rural sem iluminação após uma celebração na Igreja Visão Cristã do Povo de Deus, quando foi atacada pelos criminosos, que fugiram do local logo após o tiroteio.

A pastora Karen Nierles, esposa de García, revelou que estavam casados há seis meses. Ela destacou que a participação ativa de García foi fundamental para o crescimento da igreja, que passou de sete para 30 membros comprometidos.

Pai de quatro filhos pequenos, ele será lembrado por seu esforço para transformar vidas e pelo impacto que gerou nos jovens que procuram uma segunda chance.

‘Viver é Cristo’

Antes de se reconciliar com a fé cristã, García havia sido membro de um grupo armado ilegal, disse Karen. No entanto, ele nunca revelou ter recebido ameaças ou advertências antes do ataque que tirou sua vida.

"Há alguns dias, ele me disse que não tinha medo de ensinar a Bíblia, que tinha uma nova vida. Ele me disse: 'Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro’", foi o que Karen disse ter ouvido do marido.

García assumiu a liderança da pequena igreja cristã Nuevo Renacer, um espaço modesto com recursos financeiros limitados, mas onde ele vinha realizando um trabalho intenso de evangelização, especialmente com jovens em risco de dependência química em Rio Frío e em outras comunidades da Zona de Banana.

De acordo com Karen, Ivan revelou seu papel como líder com amor e responsabilidade desde que se converteu ao cristianismo.

Ela afirmou que Gárcia era um homem muito bom e prestativo. Ele nunca afirmou ter inimigos especiais ou precauções. "Ele estava sempre calmo", disse Karen.

O pastor Yimys Peñalosa, líder da denominação Church of Revival and Fire for the Nations, Under His Glory – à qual pertence a igreja da pastora Karen – relatou que, cerca de um mês antes do assassinato, García e a esposa ouviram dois disparos enquanto saíam do local de trabalho dele. O casal retornou rapidamente para casa, mas não enxergou o incidente como uma ameaça direta.

O funeral de García aconteceu no último sábado (10), no Departamento de Zulia, onde ele foi criado e onde sua mãe reside.

Pastor e família mortos

O assassinato do pastor García é o segundo homicídio seletivo de um líder cristão protestante no norte da Colômbia em um intervalo de duas semanas.

Em 29 de dezembro de 2024, o pastor Marlon Lora, sua esposa Yurlay Rincon e sua filha adulta Ángela foram mortos quando pistoleiros dispararam contra eles enquanto jantavam em um restaurante, após participarem de um culto dominical pela manhã em Aguachica, no Departamento de Cesar.

O filho do pastor, Santiago, foi hospitalizado em estado crítico e não sobreviveu aos ferimentos, morrendo alguns dias depois.

“A CSW lamenta pela família e pela comunidade da igreja de Iván García. A natureza do ataque contra o Sr. García, assim como o massacre ocorrido há duas semanas com o Pastor Marlon Lora e toda a sua família, indicam que esses são assassinatos premeditados e direcionados”, disse Anna Lee Stangl, diretora de Defesa da CSW.

“Líderes religiosos há muito tempo são alvo de grupos armados ilegais e criminosos por diversas razões, incluindo o papel que muitos deles desempenham como pacificadores e sua disposição em usar sua influência nas comunidades para encorajar outros a rejeitar a participação em atividades violentas e criminosas”, acrescentou.

Perseguição religiosa

A CSW exigiu que o governo colombiano tomasse medidas imediatas "para reverter as mudanças no Decreto 1066".

O decreto faz parte de uma série de instrumentos legais que obrigam o governo a implementar e fornecer medidas de segurança específicas para indivíduos, comunidades e organizações em situação de alto risco.

Em 2023, o governo modificou a legislação, excluindo líderes religiosos da categoria de indivíduos de alto risco que poderiam ser beneficiados por programas de proteção.

Em outubro do ano passado, a Ouvidoria da Colômbia relatou um aumento de 31% nas violações dos direitos à liberdade religiosa entre 2023 e 2024, o que incluiu “tratamento discriminatório em relação a igrejas e denominações religiosas, além de ameaças de morte contra líderes e autoridades religiosas”. As ameaças de morte registraram um aumento de 50% entre 2023 e 2024.

Em outubro do ano passado, a Ouvidoria da Colômbia relatou um aumento de 31% nas violações dos direitos à liberdade religiosa entre 2023 e 2024, o que incluiu “tratamento discriminatório em relação a igrejas e denominações religiosas, além de ameaças de morte contra líderes e autoridades religiosas”. As ameaças de morte registraram um aumento de 50% entre 2023 e 2024.

A Colômbia é o 46º pior país do mundo em termos de perseguição aos cristãos, segundo a Lista Mundial de 2025 da Portas Abertas, lançada na terça-feira (14).

 

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