Na última semana, chocou o Brasil o episódio envolvendo o goleiro Aranha, jogador do Santos, no estádio do Grêmio, em jogo pela Copa do Brasil. Chamado cruelmente de “macaco” pela torcida, o jogador ficou consternado, com toda a razão, e o jogo foi interrompido.
As imagens envolvendo principalmente a jovem Patrícia Moreira tomaram o Brasil, e produziram para a própria jovem efeitos extremos. Ela perdeu seu emprego, tem sido perseguida em sua cidade (Porto Alegre) e viu atearem fogo em sua casa.
Repudio todo ato racista. Sou amigo pessoal do jogador Tinga, que foi alvo de manifestação semelhante há pouco tempo, em outro torneio de futebol, e que corajosamente iniciou o movimento Chutando o Preconceito, que tenho apoiado integralmente. Creio que o mundo não comporta mais esse tipo de atitude, e que as devidas punições e medidas precisam sempre ser efetivadas. Mas o caso dessa jovem parece ter tomado proporção além da conta. Ela não pode representar sozinha todo o peso da história do racismo no Brasil.
Ela não nega que errou, está nitidamente arrependida e já está pagando, por conta de todos esses efeitos constrangedores, sua dívida para com a sociedade. Ela “deu as caras”, atendeu a convocação do programa da Fátima Bernardes (Rede Globo) e reconheceu seu erro com bravura em rede nacional. Honestamente, creio que já seja suficiente.
Embora o goleiro Aranha já a tenha perdoado publicamente em coletiva de imprensa, também num ato de coragem e generosidade, creio que ela precisa do perdão da sociedade. Fica o aprendizado, e certamente haverá crescimento. Sobretudo, minha postura cristã me incentiva a perdoar. Peço o mesmo à sociedade brasileira, sobretudo aos cidadãos porto-alegrenses. Perseguir Patrícia não vai mudar o quadro do preconceito no Brasil. Provavelmente, perdoá-la contribuirá muito mais nesse sentido. E, no fim das contas, corremos o risco de estar combatendo o preconceito com mais preconceito.
- Mário Freitas
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