Treinador de futebol vira pastor e inicia projeto para evangelizar crianças

Meninos que passaram pelo projeto de Zezinho carregam o legado da evangelização em suas áreas de atuação.

Fonte: Guiame, Aline GonçalvesAtualizado: segunda-feira, 30 de janeiro de 2023 às 16:25
Pastor Zezinho e sua esposa Rosa com algumas crianças do projeto. (Foto: Aline Gonçalves/Guiame)
Pastor Zezinho e sua esposa Rosa com algumas crianças do projeto. (Foto: Aline Gonçalves/Guiame)

José Correa Neto, mais conhecido como ‘tio Zezinho’, fundou o projeto Pequeno Atleta de Cristo (CECPAC) em 1976. No início, o projeto era visto como uma brincadeira para ocupação de algumas crianças que moravam nos bairros de Coelho da Rocha, Parque Alian e Praça da Bandeira — municípios da Baixada Fluminense — Rio de Janeiro

"Comecei brincando de futebol com minhas filhas (a mais velha Sheila e a mais nova Shirley), crianças foram chegando e eu aproveitei a oportunidade”, declarou Zezinho, de 73 anos, ao Guiame.

O objetivo principal era acompanhar as crianças com ensinos sobre cidadania e formar bons cidadãos, livres da criminalidade e do vício em drogas.

“Os bandidos recrutavam muitas crianças naquela época, eles davam 5 reais e uma quentinha, para atrair os meninos”, disse o pastor.


Zezinho é considerado um grande missionário por onde passa. (Foto: Aline Gonçalves/Guiame)

Zezinho jogava futebol, chegou a participar de alguns clubes mas não havia registros. Segundo ele, para se tornar um jogador de futebol na década de 60 a 70, era preciso ter um empresário e apoio de patrocinadores. 

“Você chegava no clube, conhecia o professor, pagava e aí jogava. Ser jogador era profissão de vagabundo, era do diabo”, afirmou ele

Inspirado pela entidade ‘Atletas de Cristo', fundada pelo goleiro João Leite, famoso na década de 80 pelo time do Atlético-MG, surgiu o nome ‘Pequeno Atleta de Cristo'. 

Em 1980, ele não conseguia mais conciliar o trabalho com as atividades do projeto. Então, ele abdicou da carreira profissional e se dedicou exclusivamente às crianças.

A escolinha só decolou de vez, quando Zezinho e sua esposa Rosalina Correa, hoje com 70 anos, se converteram em 1990. Foi quando além dos ensinos de cidadania, os pequeninos começaram a estudar a Palavra de Deus.

História com Deus

A conversão do casal foi a virada de chave que o projeto precisava para se tornar tão relevante na sociedade e na vida de tantas famílias. 

Rosa começou a frequentar uma igreja pentencostal do bairro em que moravam, após passar por um processo muito difícil de depressão.

“Eu não suporto crente”, ela dizia. “Eu sabia que tinha um Deus mas eu não o conhecia, nem a Bíblia eu tinha", acrescentou Rosa.

Ela afirmou que nunca se identificou com nenhuma religião, mas recebeu um convite de uma vizinha para ir à igreja e lá ela conheceu Jesus.

“Deus permitiu eu chegar no fundo do poço para conhecê-lo. O pastor perguntou: Você acredita que  pode ser curada? Eu disse: ‘Creio que eu já estou curada’”, disse Rosa.

“Eu tenho um amor tão grande por esse Deus, que eu não tenho outra conversa. A minha conversa é Jesus. Ele veio para nos dar vida abundante, não para nos dar riqueza”, acrescentou ela. 


O casal ama compartilhar o amor de Jesus e encorajar pessoas a experimentar o poder de há em seu nome. (Foto: Aline Gonçalves/Guiame) 

Rosa afirmou que se apaixonou pelo trabalho de evangelização e começou a liderar um grupo na igreja, “Subia morros e via muitos homens armados, mas eles paravam para ouvir, choravam e eram tocados por Deus”.

Zezinho reclamava por ela passar tanto tempo fazendo a obra de Deus, até que um domingo ele a acompanhou ao culto e se rendeu a Cristo. 

“Eu acreditei que Cristo é o Senhor. Acredito nisso até hoje”, afirmou Zezinho.

“Eu e a minha casa servimos ao senhor, minhas filhas, meus genros e netos”, completou Rosa.

Atividades do projeto 

Atualmente, o CECPAC atende todos os sábados, no bairro do Parque Alian, prioritariamente crianças que estejam frequentando a escola, de 5 a 12 anos de idade.

Hoje, o projeto tem como visão evangelizar crianças e adolescentes atraindo-os a Jesus, através do esporte, para que tenham a oportunidade de se tornarem futuros atletas com princípios bíblicos.

As reuniões ocorrem todos os sábados de 8h às 12h, no Ceap Josué de Castro, São João de Meriti, município da Baixada Fluminense (RJ). 

As atividades se baseiam em jogos de futebol, estudo bíblico e lanche. O casal recebe cerca de 45 crianças, por sábado.  

Também são feitas visitas periódicas às crianças em suas casas, para fortalecer a vida espiritual dos alunos e familiares. Os pais dos pequenos que acompanham os filhos nas programações acabam ouvindo a palavra e recebendo a oração.


Rosa ministrando o estudo bíblico para as crianças. (Foto: Aline Gonçalves/Guiame) 

“Para os menores a gente aborda os temas bíblicos contando histórias e fazendo brincadeiras. Para os maiores, são estudos na linguagem deles”, disse Zezinho.

A maior necessidade do projeto é a questão financeira — eles não têm condições de manter a rotina de programações com as crianças, por isso recebem doações de materiais esportivos, educacionais e o lanche.

Também precisam de um profissional de educação física especializado, já que as atividades esportivas são feitas pelos meninos que passaram por lá anteriormente, porém, é necessário um professor fixo.

O sonho de Zezinho é poder comprar um espaço próprio para acomodar melhor os jovens atletas, receber suas famílias e os futuros patrocinadores.

Testemunhos

Diariamente eles visitam os pais dos alunos evangelizando, orando e discipulando. São recebidos com muito carinho e os frutos dessa comunhão são notáveis.

Muitas crianças que passaram pelo projeto, se tornaram pastores, missionários, atletas profissionais, advogados, médicos, pais de família, empreendedores, entre outros. 

“A esperança e a fé foram e são as coisas que me mantiveram e me sustentam até hoje", disse o pastor.

O casal tem muitos filhos na fé e alguns conseguiram realizar o sonho de serem jogadores profissionais de futebol na Europa e, por onde passam, dão testemunho sobre o que viveram na infância, incentivando outras crianças a conhecer Jesus.

Os meninos que saíram do projeto e agora são professores de clubes de futebol, recebem adolescentes de 13 anos, para dar continuidade ao trabalho técnico que aprenderam com Zezinho.


Pastor Zezinho e sua esposa Rosa. (Foto: Aline Gonçalves/Guiame)

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