O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) foi “derrotado” na Síria, afirmou na quarta-feira (19) o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acrescentando que iniciaria a retirada total das tropas norte-americanas no país.
“Nós vencemos contra o EI”, disse Trump em um vídeo publicado no Twitter. “Recuperamos o território e agora é hora de nossas tropas voltarem para casa”.
Atualmente, cerca de 2.000 tropas dos EUA estão na Síria, a maioria em missão de treinamento e aconselhamento para apoiar as forças locais que lutam contra o EI, segundo a AFP.
No entanto, ativistas cristãos acreditam que a decisão pode facilitar a entrada de grupos jihadistas apoiados pela Turquia no nordeste da Síria, além de aumentar a influência do Irã na região.
“O EI não está derrotado”, disse Johannes de Jong, diretor da Sallux, uma associação sediada na Holanda que serve como base política para o Movimento Político Cristão Europeu, ao The Christian Post. “[A retirada dos EUA] significa basicamente que a comunidade cristã do nordeste da Síria será sacrificada pelos jihadistas. Se isso acontecer, é o fim de dez mil cristãos no nordeste da Síria”.
De Jong e outros ativistas temem que uma ofensiva possa dar fim a uma parte do nordeste da Síria, onde cristãos assírios, curdos, árabes, turcomanos e outros grupos de pessoas estão coexistindo pacificamente.
Vidas ameaçadas
O anúncio da retirada das tropas norte-americanas foi feito após o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçar ataques contra curdos nas áreas controladas pelos EUA no nordeste da Síria.
Um comboio de veículos blindados das forças dos EUA em Manbij, no norte da Síria. (Foto: AFP/Delil Souleiman)
“A primeira coisa que os cristãos ou o nordeste da Síria irão ver quando Trump se retirar de lá, é um bando de jihadistas vindo para eles”, observou De Jong.
Embora a Turquia diga que está concentrada em militantes curdos, especialistas acreditam que a ofensiva pode afetar os cristãos. “Não consideramos que estas ameaças sejam apenas contra os curdos. É uma ameaça contra este projeto democrático, e todas as pessoas que vivem a leste do Eufrates, incluindo os cristãos”, disse Sanharib Barsoum, chefe adjunto do Partido da União Siríaca, em entrevista ao Kurdistan 24.
“Tememos nos tornar vítimas de novas guerras iniciadas por Erdogan. O objetivo de Erdogan é implementar seu projeto radical, para substituir o projeto democrático”, Barsoum acrescentou.
Diante da promessa do governo Trump de proteger os cristãos no Oriente Médio, de Jong afirma que a retirada das tropas da Síria irá permitir que a Turquia avance sua ofensiva e afete a “comunidade cristã que lutou contra o EI junto com os curdos e árabes na mesma região”.
Além disso, ele alerta para um avanço da influência do Irã na Síria. “[Ontem], Turquia, Rússia e Irã estavam sentados juntos falando sobre seu grande plano para a Síria”, disse de Jong. “A Turquia doará o leste da Síria para o Irã. isso significará uma grande derrota para os EUA e uma grande ameaça para Israel”.
Na quarta-feira, a Casa Branca esclareceu que a retirada das tropas dos EUA não significa o fim da luta global contra o EI. “Começamos a devolver as tropas dos Estados Unidos para a transição para a próxima fase desta campanha”, twittou a Casa Branca
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