Uzbequistão é o país que mais mantém prisioneiros religiosos no mundo

Mais de 2.000 pessoas estão presas por causa de suas crenças religiosas e o país tem uma das sentenças religiosas mais longas já registradas no mundo.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: quarta-feira, 17 de novembro de 2021 às 15:32
Reuniões cristãs costumam ser invadidas, membros multados e até presos. (Foto: Portas Abertas)
Reuniões cristãs costumam ser invadidas, membros multados e até presos. (Foto: Portas Abertas)

Eles "são acusados de 'tentativa de derrubar a ordem constitucional', posse ou distribuição de literatura proibida ou filiação a grupos proibidos", disse um relatório da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional, uma entidade governamental independente.

Essas acusações restringem a liberdade de religião, consciência e expressão, disse a Comissão. Eles também violam a própria constituição do país e vários tratados internacionais de direitos humanos que o Uzbequistão assinou.

Quando se tornou o líder do país em 2016, o presidente Shavkat Mirziyoev libertou ou perdoou mais da metade dos prisioneiros religiosos que haviam sido encarcerados sob seu antecessor, o presidente Islam Karimov.

A maioria dos presos durante o governo de Karimov eram muçulmanos independentes e outros que se opunham ao regime. Embora muito poucos cristãos tenham sido presos durante esse período, “centenas foram submetidos a buscas e multas administrativas”, disse o relatório.

Ainda segundo o relatório, o Uzbequistão hoje ainda tem mais prisioneiros religiosos do que em todos os ex-estados soviéticos juntos. Muitos deles já estão na prisão há mais de 20 anos, o que “torna os prisioneiros religiosos do Uzbequistão uma das mais longas sentenças religiosas já registradas no mundo”, segundo o relatório.

Mirziyoev assumiu o cargo como "reformador", mas uma lei de religião de 2021 manteve a maioria dos antigos regulamentos em vigor, incluindo a exigência de permissão do estado para atividades religiosas e a proibição de compartilhar a fé com outras pessoas. Seu governo também estabeleceu pressão sobre jornalistas e restrições impostas às redes sociais e sites de mensagens.

Enquanto os EUA elogiaram o Uzbequistão no ano passado por fazer "progresso real" na liberdade religiosa, a Comissão por Liberdade Religiosa no início deste mês recomendou que o país permanecesse na Lista de Observação Especial de países que "se envolvem ou toleram violações graves da liberdade religiosa". A lista orienta o governo dos Estados Unidos na tomada de decisões que avançam e promovem a liberdade religiosa internacional.

O Uzbequistão está em 21º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2021, documento publicado anualmente pela Portas Abertas que aponta os 50 países onde é mais difícil viver como cristão.

Os cristãos de origem muçulmana são especialmente vulneráveis à pressão das autoridades, da família e da comunidade. As igrejas que não estão registradas no governo enfrentam batidas policiais, ameaças, prisões e multas. Entre 1 de outubro de 2020 e 30 de setembro de 2021, seis cristãos foram detidos, de acordo com dados compilados pela Portas Abertas.

Os jovens cristão uzbeques 

O Uzbequistão é um dos países da antiga União Soviética, e hoje conhecido pelos países livres da Ásia Central.

Na era soviética, os cristãos na Ásia Central já eram severamente perseguidos. Como pouco mudou com a dissolução da União Soviética, não é surpresa que nada melhorou desde a independência dos países. Antes de 1991, os cristãos eram quase exclusivamente não nativos, de origem russa, ucraniana, polonesa, alemã ou coreana. Mas depois muitos não nativos deixaram a região e diversos centro-asiáticos se converteram. Como resultado, a igreja na Ásia Central hoje é composta em sua maioria por nativos, o que aumentou a hostilidade aos cristãos.

Os negócios de cristãos na Ásia Central sempre experimentaram mais dificuldades que os comandados por outras pessoas. Por essa razão, muitos donos de negócios preferem não falar abertamente sobre suas crenças. A pressão aos comerciantes cristãos vem principalmente de autoridades locais e da comunidade muçulmana, não do governo central. Os ex-muçulmanos são ainda mais afetados.

Diante da perseguição, a nova geração na Ásia Central precisa aprender sobre a nova vida em Jesus. Os jovens são um grupo estratégico a ser alcançado, mas sua educação espiritual é com frequência negligenciada. Eles precisam de ajuda para continuar na fé, apesar das dificuldades.

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