50 padres da Nicarágua pedem refúgio em países vizinhos por causa da ditadura

O governo de Daniel Ortega fez aumentar a perseguição aos cristãos no país.

Fonte: Guiame, com informações de AleteiaAtualizado: terça-feira, 20 de setembro de 2022 às 13:24
Dom Rolando Álvarez antes de ser preso por autoridades na Nicarágua. (Foto: Reprodução/Aleteia)
Dom Rolando Álvarez antes de ser preso por autoridades na Nicarágua. (Foto: Reprodução/Aleteia)

Na Nicarágua, pelo menos 50 padres pediram refúgio em países vizinhos, como a Costa Rica e Honduras, devido à intensa perseguição aos religiosos, promovida pela ditadura de Daniel Ortega. 

Segundo o bispo dom José Canales, da diocese de Danlí, em Honduras, os sacerdotes nicaraguenses denunciam “situações de injustiça e desrespeito aos direitos humanos em seu país”. 

Conforme uma publicação da Aleteia, os clérigos católicos não se sujeitaram à ideologia do regime sandinista que, em represália, os tem perseguido de modo sistemático.

O “sandinismo” é um movimento político nicaraguense que pertence à esquerda ideológica, com tendências socialistas e patrióticas e que visam promover a integração da América Latina. Baseia-se na ideologia do general Augusto César Sandino. 

Repercussão mundial

O caso de maior repercussão mundial é o da perseguição ao bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez que, junto com um grupo de mais sete pessoas, entre sacerdotes, seminaristas e leigos católicos, foi preso pelo regime de Ortega, em 19 de agosto. 

A prisão aconteceu após 15 dias de cerco à casa episcopal em que haviam sido mantidos praticamente como reféns, impedidos de sair para fora.  O grupo segue até hoje sob detenção, gerando indignação e preocupação internacional.

Além das prisões arbitrárias e das perseguições cotidianas a religiosos mais engajados em atividades, o ditador tem tomado outras medidas, como o fechamento forçado de igrejas. 

Cristãos perseguidos e ameaçados

Até mesmo os religiosos que ainda não sofreram agressões físicas relatam a presença constante de policiais nas portas das igrejas para intimidá-los, assim como ligações telefônicas com ameaças que tentam desestabilizá-los e amedrontá-los.

Sobre as solicitações de refúgio apresentadas por sacerdotes da Nicarágua, o bispo hondurenho dom Canales afirma que a sua diocese está disposta a “receber os sacerdotes que em circunstâncias extremas precisam deixar a Nicarágua para que possam ser integrados na vida da Igreja local.

Em agosto, o Guiame publicou uma matéria mostrando que as igrejas na Nicarágua são classificadas como “inimigas do Estado” e como isso tem afetado os cristãos. Embora o conflito entre Igreja e Estado seja antigo no país, ele se intensificou a partir de 2018. 

Em maio deste ano, a Assembleia Nacional, que é controlada pelo presidente Daniel Ortega, ameaçou processar os líderes das igrejas e confiscar suas propriedades. O motivo dessa perseguição é porque “eles ajudaram os manifestantes nos protestos de 2018”.

No discurso político, o governo alegou que tais protestos foram uma tentativa de golpe de Estado e que considera a Igreja como cúmplice das manifestações por acolher e ajudar os feridos nas passeatas. 

As manifestações foram duramente reprimidas pelos militares e todos que mostraram insatisfação com o governo vivem agora sob intensa perseguição. 

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