Liberais sociais estão usando o massacre ocorrido em Orlando para intensificar uma "guerra contra o cristianismo", de acordo com o proeminente colunista conservador David French.
Na semana passada, Omar Mateen, de 29 anos, assassinou 49 pessoas em uma boate gay da cidade de Orlando, Florida (EUA). Mateen chegou a ligar para o 911 [emergência], dizendo que precisava de apoio para o Estado Islâmico.
Apesar das inclinações ideológicas declaradas de Mateen para o extremismo islâmico, alguns jornalistas liberais e comentaristas sociais estão culpando os cristãos conservadores pelo ataque, disse French à 'National Review', na última quarta-feira.
"O princípios parece ser este: 'Se você se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ou à política do uso de banheiros conforme a identidade de gênero, então você não não pode legitimamente lamentar as mortes de homossexuais. Você é parcialmente responsável pelo massacre em Orlando", citou o escritor.
"Não importa que todas as provas efetivas no caso apontem para motivações islâmicas extremistas a partir de interpretações bem conhecidas e amplamente compartilhadas, como a lei Shariah. De alguma forma, esses 'cristãos malditos' seriam os culpados", acrescentou o colunista, citando o raciocínio liberal sobre a questão.
Observando seu repúdio a este posicionamento, French criticou ainda a alegação dos liberais, citando a hipótese do ataque ter acontecido alguns anos atrás, quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não tinha sido reconhecido pelo governo Obama.
"Isso quer dizer que Barack Obama teria sido cúmplices do massacre, se este tivesse acontecido há quatro anos, antes que ele mudasse publicamente a sua posição sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo? E quanto a Hillary Clinton? Ela foi contra o casamento gay até 2013", French continuou.
"O marido de Hillary assinou o Ato de Defesa do Casamento. O atirador de Orlando viveu durante anos sob governos democratas que se opunham casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acho que Bill Clinton compartilha parte dessa culpa também".
Embora os investigadores descobriram rapidamente que o atirador de Orlando era um extremista muçulmano, com ligações ao Estado Islâmico, alguns especialistas argumentaram que os cristãos conservadores foram parcialmente culpados por supostamente "criar um ambiente homofóbico que estimulou o ódio de Mateen".
Por exemplo, o conselho editorial do The New York Times afirmou que as 49 vítimas do massacre foram "vítimas de uma sociedade na qual o ódio tem raízes profundas".
"Os crimes de ódio não acontecem 'do nada'. Eles ocorrem onde a intolerância é permitida, onde as minorias são vilipendiadas e onde as pessoas são como bodes expiatórios para ganhos políticos", afirmou o editorial do jornal. "Tragicamente, este é o estado da política americana, impulsionada demasiada e frequentemente por políticos republicanos, que olham para o preconceito como algo a ser explorado e não extinto".
Advogado da União pelas Liberdades Civis Americanas, Chase Strangio culpou a "direita cristã" pela turbulência de Mateen, afirmando que o grupo político "criou este clima anti-gay".
"Vocês sabem o que é evidente - seus pensamentos, orações e a islamofobia, após criar este clima anti-gay", afirmou Strangio no Twitter. "A direita cristã apresentou 200 projetos de lei anti-LGBT nos últimos seis meses e as pessoas [estão] culpando o islamismo por isso".
French não é o único a denunciar a tentativa de ligação entre as posições sociais cristãs conservadoras e o massacre na boate gay de Orlando.
Denny Burk, professor de estudos bíblicos na Faculdade Boyce, expressou preocupação de que a culpa colocada sobre os cristãos conservadores poderia levar a esforços para a marginalização das pessoas que confessam a fé cristã e seguem este princípios.
"Um homem mata 49 pessoas. Ele liga para o 911 [emergência] durante o ataque, para ter certeza de que todo mundo saberia que ele é um jihadista. E agora isto seria, de alguma forma, culpa dos cristãos?", questionou Burk.
Jean Wyllys participa de ato de solidariedade às vítimas do ataque em Orlando / EUA (Foto: Facebook)
Contextualização
No Brasil, o ativista LGBT e deputado federal, Jean Wyllys (Psol - RJ) também chegou a apontar cristãos como 'disseminadores de um discurso de ódio', que estimula a 'homofobia'.
"Delírios homofóbicos reproduzidos por políticos e líderes religiosos mentirosos - como a ideia de que gays, lésbicas, bissexuais e transexuais queremos impor uma 'ideologia de gênero' ou praticamos 'cristofobia' - podem levar a barbárie como a perpetrada, em atacado, na Flórida, mas também à praticada no varejo aqui no Brasil", disse Wyllys em parte de um de seus textos sobre o assunto, publicados no Facebook.
O militante LGBT ainda afirmou que o 'O Islã não deve ser estigmatizado', após este atentado e defendeu que os EUA continuem recebendo imigrantes do Oriente Médio.
"Esperamos que o atentado nos EUA não sirva a um discurso de estigmatização do Islã nem dos imigrantes do oriente médio vivendo naquele país", acrescentou.
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