Jean Wyllys comenta atentado em Orlando e relaciona cristãos a 'delírios homofóbicos'

O deputado Jean Wyllys destacou que o 'O Islã não deve ser estigmatizado' após este atentado e usou seu texto para citar discursos de cristãos, como 'homofóbicos' e 'mentirosos'.

Fonte: Guiame, por João NetoAtualizado: terça-feira, 14 de junho de 2016 às 15:15
Jean Wyllys participa de ato de solidariedade às vítimas do ataque em Orlando / EUA (Foto: Facebook)
Jean Wyllys participa de ato de solidariedade às vítimas do ataque em Orlando / EUA (Foto: Facebook)

O atentado do último domingo (12), na boate gay Pulse, em Orlando (EUA) tem gerado comoção e debates sobre os mais diversos assuntos, que acabam se entrelaçando, como a política de venda de armas, homofobia e também, 'discursos religiosos' que estão sendo apontados como possíveis fontes dessa intolerância. O deputado federal e representante do movimento LGBT no Brasil, Jean Wyllys (PSOL - RJ) tem usado suas páginas / perfis nas mídias sociais para "apontar os culpados" por essa tragédia, em postagens nas quais o extremismo do Estado Islâmico passou para segundo plano e "outros discursos religiosos" foram lembrados como "disseminadores do ódio".

"Delírios homofóbicos reproduzidos por políticos e líderes religiosos mentirosos - como a ideia de que gays, lésbicas, bissexuais e transexuais queremos impor uma 'ideologia de gênero' ou praticamos 'cristofobia' - podem levar a barbárie como a perpetrada, em atacado, na Flórida, mas também à praticada no varejo aqui no Brasil", disse o parlamentar em parte de um de seus textos sobre o assunto.

Wyllys ainda destacou que o 'O Islã não deve ser estigmatizado' após este atentado e defendeu que os EUA continuem recebendo imigrantes do Oriente Médio.

"Esperamos que o atentado nos EUA não sirva a um discurso de estigmatização do Islã nem dos imigrantes do oriente médio vivendo naquele país", escreveu.


Contradições
Exemplos do 'discurso de ódio' e os 'delírios homofóbicos' dos quais Jean Wyllys falou em suas publicações podem ser encontrados também no próprio Corão (livro sagrado islâmico), como citado nos trechos abaixo

"E Lot, quando disse a seu povo: ‘Vós achegais à obscenidade, em que ninguém, nos mundos, se vos antecipou!’ Por certo, vos achegais aos homens (alusão as praticas homossexuais, disseminadas entre o povo de Lot), por lascívia ao invés de às mulheres. Sois, aliás, um povo entregue a excessos. (7 :80, 81)"

"Vos achegais aos varões deste mundo?. E deixais vossas mulheres, que vosso Senhor criou para vós? Mas, sois um povo agressor. (26 :165, 166)"

"E lembra-lhes de Lot, quando disse a seu povo: 'Vós achegais à obscenidade, enquanto a enxergais claramente? Por certo, vos achegais aos homens, por lascívia, em vez de às mulheres! Alias, sois um povo ignorante". (27:54, 55)

Jovens choram ao receber notícias de amigos e parentes, após o ataque que matou 50 pessoas e feriu outras 53, em ataque a boate gay 'Pulse', em Orlando / EUA. (Foto: Reuters)


Islamismo pacífico?

Segundo o escritor e ex-muçulmano Nabeel Qureshi, a ideia de um 'islamismo pacífico' é um engano. Após os atentados em Paris, um de seus vídeos acabou ganhando grande projeção nas mídias sociais.

"Existem pessoas como as do grupo ao qual eu pertencia no islã, que dizem que esta é uma religião de paz. O slogan do nosso grupo no islã era: 'Amor para todos, ódio para ninguém'. [...] Quando eu vi [os ataques de] 11 de setembro acontecendo e aqueles prédios sendo derrubados, minha resposta foi: 'Como isso pôde acontecer em nome da minha fé?", relatou Nabeel.

Segundo o instituto internacional de pesquisa, 'Pew Research', grande parte dos países onde o islamismo tornou-se maioria, consideram que a homossexualidade é um comportamento 'moralmente inaceitável'. Na tabela abaixo, a lista de países, como Indonésia, Paquistão, Jorndânia, Egito, Irã, mostram que a desaprovação da prática homossexual chega a 99%, em alguns casos.


Reações
A publicação de Jean Wyllys gerou reações diversas entre os internautas, incluindo críticas, que classificaram o seu discurso como 'oportunista', buscando relacionar os cristãos ao ódio disseminado contra homossexuais.

"Quem matou foi um mulçulmano, não um cristão. Por que relacionar algo que não tem nada a ver para se beneficiar oportunisticamente de um ato de horror para condenar os cristãos, sendo que o Brasil é 90% cristão e nem todos são homofóbicos? (sou cristão tenho amigos gays,lésbicas bis e trans,negros , mulheres e de todas as religiões,já pra não me chamarem de branco hetero opressor e cristão)", comentou um usuário da mídia social.

"Fala-se em não ter discurso de ódio contra os gays e LGBTs, mas ao mesmo tempo quer impor um discurso de ódio aos cristãos por causa de um bando de hereges que se dizem pastores, condenando outras pessoas que na verdade protegem essas classes como eu, por ter amigos de todos esses grupos (que na verdade somos penas UM grupo, o de seres humanos)".

O internauta ainda acusou Wyllys de generalizar o cristianismo e envolver seus 'rivais políticos' nesta discussão.

"Amigo Jean não vamos generalizar misturando sua rivalidade com o Bolsonaro ou a bancada evangelico-catolica-conservadora. Nem todos são iguais... pense nisso se você ainda tiver algo que reste de consciência", declarou o rapaz.

Terroristas do Estado Islâmico se preparam para executar cristãos coptas em praia da Líbia, em 2015. (Imagem: Youtube)

Perseguição religiosa
Há anos, o Estado Islâmico vem promovendo uma perseguição implacável contra os cristãos no Oriente Médio, na África e em outros países.

Fatos chocantes, como a decapitação (registrada em vídeo) dos 21 cristãos coptas na Líbia, a escravização sexual de mulheres - incluindo cristãs e yazidis - e até mesmo o uso de crianças em ataques terroristas suicidas são registrados com frequência, porém não chegaram a fazer pautados pela página do parlamentar em questão.

O massacre praticado pelo Estado Islâmico contra os cristãos em diversos países tardou a ser reconhecido como genocídio pelo parlamento da Europa e pelos Estados Unidos.


Cristianismo
De fato, a Bíblia não olha para a homossexualidade como uma prática aceitável e a classifica como um pecado, porém não prega o uso de violência contra homossexuais, tampouco o isolamento social.

Em entrevista exclusiva, anteriormente publicada pelo Guiame, o pastor e ex-gay, Arlei Lopes foi questionado sobre a possibilidade de um posicionamento da Igreja sobre homossexualidade, sem que isso gerasse uma 'guerra'. Segundo o líder cristão, este propósito até poderia ser alcançado, porém por diversas vezes, o movimento LGBT, acaba optando por agir com discriminação.

"Acredito que sim, desde que sejam respeitadas crenças, valores morais e espirituais de ambos os lados. Porém, infelizmente, as pessoas que deixaram a homossexualidade são discriminadas pela militância LGBTT, já que estes não aceitam a reorientação sexual, agindo de forma arbitrária e preconceituosa, ignorando uma minoria que já abandonou a homossexualidade", destacou.

"A questão não é apenas esta, mas também o fato de existir preconceito em relação à fé cristã, já que aqueles que a seguem, o fazem por livre escolha".

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