Atleta vence as drogas e evangeliza jogadores do Corinthians: "Falamos do Reino de Deus"

Atualmente pastor, Vagner Lopes conta que não vai ao CT do Corinthians para falar de religião, mas sim do amor de Deus.

Fonte: Guiame, com informações da UOLAtualizado: quinta-feira, 8 de março de 2018 às 14:21
Pastor Vagner Lopes (ao centro) com jogadores do Corinthians. (Foto: UOL Esporte)
Pastor Vagner Lopes (ao centro) com jogadores do Corinthians. (Foto: UOL Esporte)

Toda semana o pastor Vagner Lopes vai ao CT Joaquim Grava para se reunir com os jogadores do Corinthians em estudos bíblicos e falar sobre como eles podem exercitar a fé antes de cada jogo.

O pastor Vagner Lopes vai ao CT Joaquim Grava toda semana. Ele se reúne com os jogadores do Corinthians para falar de Deus e exercitar a fé na véspera de cada jogo. O missionário acabou conquistando a confiança e admiração dos atletas, não só pelo jeito simples de transmitir a mensagem do Evangelho, mas também por ter uma história de vida parecida com a de muitos jogadores.

Fundador da igreja Comunidade Cristã Aprisco da Família, pastor Vagner começou a frequentar o clube por ser amigo do jogador Jô e acompanhou de perto a campanha do time, rumo ao título do Brasileirão de 2017. Hoje, mesmo após a mudança de Jô para a China, pastor Vagner continua a se reunir com jogadores do Clube.

As reuniões acontecem uma ou duas vezes por semana, geralmente antes das partidas, enquanto os jogadores estão em concentração. Até o ano passado, 15 jogadores participavam dos encontros, entre eles, Jô, Cássio, Fellipe Bastos, Giovanni Augusto, Guilherme Arana e Moisés. Já neste ano, alguns atletas deixaram o clube e o grupo está sendo reorganizado, mas o goleiro Cássio assumiu a liderança e Fagner e Pedrinho também estão sempre presentes.

Pastor Vagner explicou que o objetivo dos encontros não é valorizar uma religião, mas sim falar do amor de Deus e trazer conselhos aos jogadores, relacionados aos valores morais e a importância da família.

"Quem está ali, não está pregando a placa de igreja nenhuma. Está ali para falar do amor de Jesus. Senão é terrorismo, é o evangelismo do Bin Laden. 'Vem para mim, senão vai para o inferno'. Por isso chegamos com a ideia de não levar nenhuma placa, não falar nada além do reino de Deus. Pode ir um padre, quem quiser, a questão aí é o fato de ter criado essa confiança, mas eles são abertos para quem quiser ou um sacerdote de outro segmento. Temos que quebrar esses paradigmas que só nos afastam", explicou.

Vagner também acredita que os encontros tenham contribuído para fortalecer a união do grupo, o que acaba refletindo na relação deles dentro e fora de campo.

"Foi bem legal, que parte das conquistas que eles alcançaram dentro do campo eles tinham conquistado também fora de campo. Eles se tornaram muito amigos. É difícil isso na bola. Gente parceira, o cara que corre para você", contou.


Testemunho

A identificação dos jogadores com o pastor foi natural. Além de sua maneira simples e acessível de compartilhar a Palavra de Deus, Vagner também teve uma carreira no futebol e superou momentos de adversidades que muitos enfrentam, como o problema das drogas.

Ele saiu de casa ainda muito novo, com 12 anos, para atuar na categoria de base base do Guarani e tentar a vida nos gramados. Chegou a se profissionalizar no time de Campinas e ainda atuar em equipes como o Juventus, da Mooca, e o Ituano. Mas as drogas acabaram se tornando um grande obstáculo em sua vida.

"Meu pai faleceu eu tinha 3 anos, mas precisava comer, minha mãe saía e a gente ficava meio sozinho. Se a família não educa, o mundo educa e a educação do mundo é cruel. Com 11 anos de idade, eu tive esse contato com a droga. Não sei se herança genética porque o meu pai faleceu por uso de drogas. O Guarani me tirou do ambiente, mas o ambiente não saiu de mim. Fui dependente por dez anos e não conseguia superar, fui para casa de recuperação", relatou.

"Muitas oportunidades no futebol apareceram e elas foram embora porque eu não tinha competência mais. A gente trabalha com físico, vai ficando debilitado. Parece que está dentro daquela gaiola e que você é um hamster, só que você não enxerga", acrescentou.

Mesmo chegando ao fundo do poço, Vagner ainda tentava se manter no futebol. Chegou a jogar na quinta divisão do futebol paulista. Mas com a ajuda de um amigo, jogando no Primaveira de Indaiatuba que conseguiu retomar o caminho certo. Após ter uma experiência com Jesus, ele considera que sua recuperação foi um milagre.

"Eu estava com princípio de depressão, sem rumo, sem perspectiva. Olhava para mim e via qualidade, mas olhava para a situação e percebia que eu não conseguia ter sucesso. Esse amigo me apresentou esse propósito. Caiu a ficha: 'Peraí. O que eu estou fazendo com a minha vida? Vou decidir, vou treinar, vou vencer isso daí'. Foram seis meses de luta contra abstinência, desfazendo alianças com amizades, caiu a consciência em mim. Comecei a me aplicar, treinar forte de novo. Foi um milagre. Isso trouxe a libertação. Faz 25 anos que não sei o que é droga", disse.

Vagner relatou que conseguiu melhorar na carreira, voltando a jogar no Ituano e até mesmo tendo uma passagem pelo Real Madrid em 1994, mas uma lesão o fez voltar para o Brasil. Ele também jogou no XV de Piracicaba, no Banfield-ARG e passou pelo futebol dos Estados Unidos, mas o chamado ministerial falou mais alto. Trocou os gramados pelo campo missionário e depois fundou o ministério Aprisco da Família.

 

 

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