Diário Oficial aponta que Governo do ES doou dinheiro à Igreja Maranata

Governo do ES doou dinheiro à Igreja Maranata

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:15

Dinheiro do Governo do Estado também pode estar incluído nas doações feitas àIgreja Cristã Maranata, em convênios firmados desde 2006. No total, foram sete convênios e contratos, de acordo com informações do Diário Oficial. Mais de R$ 1,2 milhão foi repassado, num período de três anos, à uma uma fundação criada pela Igreja Maranata. O dinheiro foi usado para pagar contas de água, luz e telefone, e também para comprar equipamentos como um mamógrafo. A maior parte dos convênios foi firmada entre a Igreja e a Secretaria Estadual de Saúde.
O secretário estadual de saúde da época, Anselmo Tosi, divulgou nota informando que boa parte do dinheiro público foi doado a pedido de deputados estaduais. Segundo ele, a secretaria apenas cumpriu o que estava previsto nas emendas parlamentares. Anselmo Tosi ressaltou ainda que cabe as instituições prestarem contas sobre a aplicação do dinheiro. Tosi também defende que os recursos públicos devem ser aplicados com zelo e qualquer irregularidade investigada com rigor.
O Ministério Público Estadual (MP-ES) também está investigando o caso. Segundo a denúncia, o desvio pode chegar a mais de R$ 20 milhões. A igreja afastou três pastores e um contador. O presidente da instituição foi procurado na tarde desta terça-feira (14), mas não atendeu as ligações. O advogado de defesa, Homero Mafra, alegou estar proibido de falar sobre o caso.
A Delegacia de Defraudações e Falsificações (Defa), de Vitória, abriu um inquérito policial e também investiga as irregularidades. A própria igreja entrou com ação na justiça contra o ex-vice-presidente e o contador. Eles são acusados de comandar os desvios de dinheiro do dízimo. A ação corre na 8ª Vara Cível de Vitória.


Leia a nota na íntegra:
O ex-secretário de Estado da Saúde, Anselmo Tozi, esclarece que grande parte das emendas parlamentares era para a área de saúde e os recursos repassados por convênios, cabendo às instituições prestar contas, seguindo todas as exigências legais. O secretário defende que os recursos públicos devem ser aplicados com zelo e qualquer irregularidade investigada com rigor.


Deputado doou R$ 300 mil
O deputado federal Carlos Manato doou R$ 300 mil a uma fundação criada pela Igreja Cristã Maranata, em 2008. A doação foi confirmada pelo próprio deputado, na sexta-feira (10), por telefone, ao G1. De acordo com Manato, as doações são provenientes de fundos do Ministério da Saúde. Ele não acredita que o dinheiro tenha sido repassado à igreja.
"A chance desse dinheiro ter ido para a igreja é zero. A fundação foi criada pela igreja, mas tem sua autonomia. Ela é gerida diferentemente da igreja. Ela tem obras assistenciais e também de saúde, e foi para esta área a minha doação. A fundação tem projetos de tratamento de câncer de pele, que eu conheço bem. Tem fiéis da Maranata na fundação, mas é zero a chance desse dinheiro ter ido para lá", afirma.


Mais suspeitas
Segundo matéria publicada no Jornal A Gazeta de sexta-feira (10), documentos de uma investigação interna apontam que um sobrinho do presidente da Igreja Maranata é dono de uma empresa de equipamentos de sonorização que prestou serviços à igreja. Nos últimos seis anos, a empresa teria recebido R$ 23 milhões. A Igreja Maranata informou que a contratação de fornecedores segue o preço de mercado e que não há nenhuma ingerência na gestão administrativa da instituição.
Sobre a procedência das denúncias da suposta participação do sobrinho do presidente no esquema, o advogado do grupo de ex-membros da Igreja Maranata, que promoveu as denúncias iniciais, Leonardo Shuler, afirmou ao G1 que, pela processo correr em segredo de Justiça, não pode informar se foi o grupo que ele representa que descobriu a denúncia.
Na tarde de sexta-feira (10), o advogado de defesa criminal da Igreja Maranata, Homero Mafra, compareceu à delegacia, mas não atendeu a imprensa.


Denúncia
A suspeita de desvio de mais de R$ 2 milhões arrecadados do dízimo pago por fiéis, além de compras superfaturadas e caixa dois, fez ex-membros da Igreja Maranata, no Espírito Santo, fazerem denúncias, que resultaram no afastamento de três pastores e um contador. A partir das denúncias, a Igreja Maranata move uma ação na 8ª Vara Cível contra o ex-vice-presidente e o contador. Entre eles, está um ex-vice-presidente da instituição, criada há 43 anos no estado e que já possui 5,5 mil templos no Brasil e em outros país.
O Ministério Público Estadual (MP-ES) informou que as denúncias direcionam para diversas irregularidades. O contador suspeito de participar do desvio Leonardo Meirelles de Alvarenga disse, em nota, que só se pronunciará sobre a ação por meio de sua defesa. O G1 tentou contato com ex-vice-presidente da igreja, investigado no processo, mas ele não atendeu as ligações.


Como funcionava?
Um serviço que custaria, por exemplo, R$ 5 mil, era registrado como se valesse R$ 8 mil. Segundo a denúncia, a igreja pedia nota fiscal com valor superfaturado e no acerto de contas as empresas ficaram com o valor real do serviço. Os demais R$ 3 mil, nesse exemplo, eram desviados para o ex-vice presidente da igreja ou por pessoas indicadas por ele. "Vi documentos que comprovam que o patrimônio de um dos denunciados é assustador, incompatível com o que ele ganhava”, exemplificou o ex-pastor, que preferiu não se identificar. Ele ainda disse que há evidências de que a fraude acontecia desde 2006.

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