'E se fosse o Feliciano pregando em uma passeata gay?'

'E se fosse o Feliciano pregando em uma passeata gay?'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:05
Rodrigo Constantino, colunista da Veja online, publicou nesta terça-feira, 17 de setembro, um texto em que comenta a polêmica envolvendo Marco Feliciano.
 
Em um evento no litoral paulista, o pastor pediu que guardas retirassem duas jovens que estavam se beijando em frente ao palco para afrontá-lo.
 
Constantino não perdeu a oportunidade de analisar o ocorrido com o texto intiulado: 'E se fosse o Feliciano pregando em uma passeata gay?'. Confira na íntegra:
 
 
garotas detidas - FelicianoO deputado e pastor Marco Feliciano se envolveu em mais uma confusão. Mandou os guardas levarem algemadas as meninas que protestavam e se beijavam durante um culto religioso que liderava. 
 
As meninas alegam que foram agredidas longe das câmeras, e apelaram à vitimização:
 
Havia outros casais se beijando no meio do culto, casais heterossexuais, e não houve problema. Nosso beijo não foi obsceno e nosso protesto era de poucas pessoas. Não fizemos barulho e guardamos os cartazes. Beijar não é crime. Ele nos chamou de “cachorrinhas”. Fiquei em choque, indignada. Não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo. Não esqueço que ele disse que nossas famílias deveriam ter vergonha “dessas criaturas”— disse Yunka, que explicou que o beijo era de protesto, mas também de namoro.
 
Se foram de fato agredidas, isso é absolutamente condenável, não resta dúvida. Mas esse episódio mostra, uma vez mais, quem são os mais intolerantes nessa história toda. Dica: não parecem ser os evangélicos.
 
Para começo de conversa, é importante ressaltar que pegar Marco Feliciano como ícone de um movimento dito “conservador” é conveniente para o movimento gay. É caricato demais. Um espantalho fácil de derrotar. Muitos repudiam o movimento gay (não confundir com os gays em si) e, ao mesmo tempo, repudiam o pastor também.
 
Em segundo lugar, não era um simples beijo inocente como as garotas dão a entender. Foram lá para isso, para chocar, para prejudicar o culto religioso, para avacalhar com a liberdade dos crentes. Grande tolerância!
 
O exercício hipotético que podemos fazer é o seguinte: qual seria a reação dos membros do movimento gay se o Feliciano e seus crentes fossem nas passeatas gays com Bíblias nas mãos, gritando que aqueles pecadores vão arder no inferno, e tentando convertê-los na marra durante a festa? Pois é.
 
Alguém realmente acha que a reação seria pacífica e tolerante? Piada de mau gosto. Muitos do movimento gay já cansaram de demonstrar que se julgam acima das leis, que podem subir em mesa no Plenário para impor no grito suas ideias, que podem ridicularizar e até tocar no pastor durante um voo comercial, que podem hostilizar passeatas tranquilas de meia dúzia de membros da TFP. 
 
Infelizmente, o movimento gay não parece mais lutar por direitos, e sim por uma agenda coletivista, autoritária e intolerante. São os “fascistas do bem”. Julgam-se detentores de uma causa tão nobre que não enxerga mais indivíduos do outro lado, e não quer saber de limites, nem mesmo os legais.
 
Marco Feliciano não me representa. Mas representa milhares de eleitores e milhões de crentes evangélicos, que merecem respeito, especialmente durante seus eventos religiosos. O movimento gay precisa entender isso. Caso contrário, vai apenas prejudicar os gays que querem apenas preservar sua liberdade individual, sem, todavia, impor essa agenda política de intolerância.
 
O movimento gay é contra todo tipo de preconceito, menos se for contra os religiosos. Assim não dá.
 

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