A empresa Neuralink, fundada pelo empreendedor Elon Musk, pretende iniciar testes de implantes neurais em seres humanos, ainda em 2021 “caso as coisas corram bem”, ele disse.
“Estamos trabalhando muito duro para garantir a segurança do implante”, citou ao se referir ao Food and Drug Administration, órgão federal norte-americano que supervisiona diversos departamentos de saúde, entre eles os que cuidam de testes farmacêuticos e médicos.
Recentemente, Musk que também é fundador da empresa de foguetes SpaceX e da SolarCity [energia solar], CEO da Tesla Motors [carros elétricos] e vice-presidente da OpenAl, divulgou um vídeo que mostra o macaco Pager, de 9 anos, jogando o clássico Pong com a mente, sem qualquer joystick [controle]. Pong é um game de esporte desenvolvido pela Atari.
A experiência se tornou possível a partir de um dispositivo que foi implantado no córtex do animal, a fim de ler impulsos cerebrais e transformá-los em movimentos na tela. O resultado impressionou a muitos, mas foi duramente criticado por alguns cientistas.
Macaco que teve o microchip implantado no córtex, participando de experiência. Ele joga utilizando a mente e o estímulo está no canudo que oferece banana ao animal. (Foto: Screengrab)
Críticas
Um dos críticos é o neurobiólogo Andrew Schwartz, professor da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e especialista em interfaces visuais controladas pelo cérebro.
Para ele, o desempenho mostrado no vídeo é “bastante rudimentar”. Em entrevista ao site Inverse, ele explicou que cientistas já são capazes de realizar feitos muito parecidos há 20 anos.
“A Neuralink deveria demonstrar ‘um controle muito melhor’ com o equipamento criado. Parece legal, mas em termos do que eles deveriam ser capazes de fazer com um sinal tão rico, é desapontador”, detonou.
Mas a promessa de Musk é de que o comando neural possa, na hipótese mais avançada e otimista, ajudar pessoas tetraplégicas a recuperarem movimentos do corpo.
Kevin Tracey, professor de Neurocirurgia e presidente do Feinstein Institutes for Medical, não consegue imaginar, por exemplo, que haja alguma solução para os problemas que Musk cita, pelo menos nos próximos 10 anos.
O professor de Neurologia John Krakauer, da Universidade Johns Hopkins, também vê impedimentos substanciais. “O dispositivo que vimos foi colocado em uma única área sensório-motora. Se quisermos ler pensamentos em vez de movimentos, onde implantaríamos o chip? De quantos precisaríamos? Como podemos evitar que o couro cabeludo seja cravejado deles?”, questionou.
Krakauer vai além e declara que, apesar da animação gerada pela possibilidade de ver a Neuralink transformar pessoas em X-Men, já existem soluções menos invasivas para tratar as condições apontadas por Musk. “Temo que a parte divertida da coisa atrapalhe o pensamento crítico”, acrescentou.
Chip em cérebro humano não é novidade
O americano Nathan Copeland sofreu um acidente de carro há seis anos e ficou paralisado. Após um procedimento médico, ele passou a viver com um implante no cérebro para controlar computadores por meio de sinais neurológicos.
Nathan usando o implante neural para jogar Pong (Imagem: Reprodução/MIT)
O dispositivo implantado no cérebro de Copeland, chamado de matriz de Utah, é mais antigo e limitado. Antes de realizar qualquer tarefa, o algoritmo precisa fazer uma espécie de aquecimento com sessões de treinamento que duram dez minutos, para mapear os sinais dos neurônios.
“Depois desse tempo, é só eu pensar para onde o cursor do mouse deve ir, para frente, para trás, direita ou esquerda. O pensamento de uma mão fechada significa que o mouse deve clicar”, explica Copeland.
Enquanto a Neuralink desenvolve implantes cerebrais avançados do tamanho de uma tampinha de refrigerante, que utilizam a tecnologia bluetooth para conectar cérebros e computadores, sem a necessidade de cabos e conectores externos.
As interfaces gravam os disparos elétricos dos neurônios do córtex motor, responsável pelos movimentos. Um programa de computador decodifica e transforma esses sinais em comandos.
Na comparação, o modelo usado pelo macaco grava aproximadamente mil disparos elétricos dos neurônios de uma única vez, enquanto o implante no cérebro de Copeland consegue registrar apenas 160 neurônios ao mesmo tempo.
Vale lembrar também do físico e cosmólogo Stephen Hawking, que morreu em 2018 e que sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Hawking falava através de uma máquina ativada por um sensor em sua bochecha e no dedo, ainda que de forma lenta e sem entonação.
Expectativas para o futuro
Estudos em macacos já mostram que os animais são capazes de jogar games com a mente através de interfaces cérebro-máquina. Mas, segundo Musk, a Neuralink vai fazer uma pessoa com paralisia controlar um celular com a mente, de forma mais rápida do que alguém que o manipula com as mãos.
Além disso, através de sinais da rede neural e da evolução no chip, a tecnologia poderá talvez possibilitar que pessoas tetraplégicas andem novamente. Tudo isso parece distante, mas Elon Musk promete ainda esse ano testes em humanos.
Opinião teológica
Há dilemas éticos e também religiosos girando em torno da inteligência artificial. O próprio Stephen Hawking chegou a dizer que a humanidade vive o “ápice da criatividade”, mas que isso também poderia significar o início de seu abismo.
Enquanto o bilionário Musk tenta justificar a urgência de se implantar chips em cérebros humanos, há teólogos alertando sobre a “marca” que todo mundo terá durante o governo do anticristo.
O pastor Lamartine Posella acredita que o microchip implantado no cérebro pode ser um artefato de grande utilidade, não só para o armazenamento dos dados das pessoas, como para a interação entre humanos e máquinas através de pensamentos. Além disso, ele citou os benefícios na área da saúde.
Porém, ele analisa o outro lado: “pode ser um instrumento de controle”. Para Lamartine, as pessoas chipadas não terão mais privacidade. “Eles saberão para onde você vai, o que você faz e até o que você fala”, observou.
“Se for a marca da besta…”
Lamartine afirma estar muito preocupado com as notícias sobre a implantação do chip no cérebro humano. “Eu não tenho dúvida de que estamos caminhando para uma era de controle”, disse ao citar como os smartphones já interferem na vida das pessoas.
“Me desculpem, não gosto de teorias de conspiração, mas isso tem muito a cara de ser o instrumento que o anticristo vai usar para governar o mundo inteiro. E pode ser mesmo a marca da besta, o microchip que será implantado na mão ou na testa das pessoas, como menciona o livro de Apocalipse", relacionou.
Segundo o pastor, não se pode prever em que tempo isso vai acontecer. “Mas eu estou vendo que a agenda 2030 da ONU pretende mudar o mundo em todos os sentidos. Quem sabe, até lá, tudo já esteja estabelecido”, sugeriu.
Lamartine deixa uma reflexão no final do vídeo: E se a possibilidade de se conectar à internet existir somente para aqueles que aceitarem a implantação do microchip? “Acredito que a maioria vai ceder à pressão. E, quando o governo do anticristo se levantar, essas coisas não serão opcionais, mas obrigatórias”, advertiu.
“De qualquer forma, tudo o que estamos vivendo é surreal. Eu estudo sobre o assunto desde 1992 e posso dizer que a coisa está mais perto do que nós imaginamos. Busque a Deus e ao Espírito Santo, confesse que Jesus é o Senhor da sua vida e se prepare porque o arrebatamento deve estar muito próximo”, concluiu.
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