Encontro nacional de pastores foi interrompido à força por policiais, no Vietnã

Os líderes cristãos foram perseguidos como se fossem criminosos e tiveram que realizar reuniões em locais estratégicos.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: terça-feira, 24 de janeiro de 2023 às 12:35
O presidente da Aliança de Igrejas no Vietnã foi interrogado por dois policiais. (Foto: Portas Abertas)
O presidente da Aliança de Igrejas no Vietnã foi interrogado por dois policiais. (Foto: Portas Abertas)

No Vietnã, um importante encontro nacional de líderes de igrejas de todo o país foi interrompido por policiais com ameaças e intimidações aos cristãos. 

Em novembro de 2022, quando os pastores das igrejas chegaram ao hotel, “havia diversos oficiais da polícia vindos de diferentes delegacias, todos esperando na frente do local”, contou Joshua (pseudônimo), parceiro da Portas Abertas.

De acordo com a organização, esse foi o primeiro encontro realizado desde que a Aliança Nacional de Igrejas foi formada, há quatro anos. A Aliança é composta por diferentes denominações cristãs, igrejas e organizações que visam uma Igreja vietnamita unida.

Na agenda do evento estava a avaliação do trabalho já realizado e o planejamento para os próximos anos.

Ataque à liberdade de religião

O Vietnã está entre os países que perseguem a Igreja, ocupando o 25º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2023. 

Há vários casos de seguidores de Cristo que precisaram fugir para outros países em busca de asilo, por conta da pressão das autoridades vietnamitas, que seguem as regras comunistas do governo. 

No caso dos pastores que participavam do encontro nacional entre líderes cristãos, houve um movimento das autoridades antes mesmo da chegada deles. 

Joshua contou que os policiais já haviam ligado para a gerente do hotel, avisando que o encontro não deveria acontecer e dando como argumento que “não havia nenhuma permissão”. 

O coordenador do encontro, que estava em contato com o hotel, acalmou a equipe assustada e garantiu que seria responsável por tudo caso algo acontecesse.

‘Não permitimos encontros religiosos’

Embora a pressão fosse evidente, principalmente quando os policiais foram ao restaurante do hotel e filmaram os participantes do evento almoçando, eles usaram estratégias para não perder a viagem.

O presidente da Aliança foi chamado para uma conversa: “O chefe do Departamento de Segurança fez perguntas ao presidente, que as respondeu calmamente”, explicou Joshua.

“Também pediu que ele assinasse um documento que declarava o seguinte: ‘Nós não permitimos nenhum encontro ou reunião que fale sobre religião neste lugar’. O presidente assinou o documento já que não poderiam ficar ali caso se negasse”, compartilhou o colaborador. 

Perseguidos como criminosos

Havia policiais o tempo todo na recepção. Outras autoridades também reservaram quartos no hotel. Qualquer movimento dos participantes era monitorado e relatado ao chefe.

De acordo com a Portas Abertas, para o encontro havia vários pastores entre 60 e 70 anos, sendo o mais novo de 45. Muitos deles já foram presos por serem cristãos, então não estavam alarmados, e ainda falaram sobre sua fé aos policiais. 

Não podendo mais usar o hotel para o encontro, os líderes entraram em contato com um pastor local cuja igreja é registrada pelo governo. A caminho, havia policiais na frente e atrás do ônibus.

“Quando já estávamos na igreja, o pastor local recebeu ligações do Departamento de Segurança da cidade. Eles queriam que partíssemos imediatamente”, disse Joshua.

Estratégias dos pastores

Por causa da perseguição, os líderes se reuniram apenas por duas horas e voltaram para o hotel. No dia seguinte, os cristãos se dividiram em pequenos grupos e conversaram nos quartos do hotel para evitar os policiais que estavam na recepção.

Depois, foram para outra igreja, a cerca de 40 quilômetros da cidade, para finalizar os temas do encontro. Entretanto, quando estavam na igreja, o pastor recebeu uma ligação de uma autoridade local.

“O pastor foi ameaçado. Eles disseram que podíamos apenas visitar a igreja, mas não fazer nada além disso. Os líderes saíram imediatamente e tiveram que conversar no ônibus. No dia seguinte, se encontraram em um prédio perto do hotel. Os participantes foram ao local, um por vez, e de direções diferentes para que a polícia perdesse o rastro”, explicou.

“Nós pudemos conversar sobre a missão para todo o país. Embora ninguém tenha sido preso, alguns estavam realmente desapontados por ainda, nos dias atuais, e com a idade que estão, terem a liberdade de religião restringida por autoridades policiais”, concluiu Joshua.

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