Escola Dominical: agência de ensino bíblico da Igreja

Escola Dominical: agência de ensino bíblico da Igreja

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:24

A Escola Dominical, tal como a temos hoje, é uma instituição moderna, mas tem suas raízes aprofundadas no Velho Testamento, nas prescrições dadas por Deus aos patriarcas e ao povo de Israel. Naquela época, já havia o princípio fundamental do ensino determinado por Deus aos fiéis e aos estranhos ao redor. Sempre pesou ao povo de Deus a responsabilidade de ensinar a lei divina a todos ao seu redor. A Escola Dominical é justamente a fase presente da instrução bíblica milenar, que sempre caracterizou o povo de Deus.

O movimento religioso que nos deu a Escola Dominical como a temos hoje começou em 1780, na cidade de Gloucester, no sul da Inglaterra.

A ED é a bem-aventurada agência de ensino bíblico da Igreja de Deus. Pelo testemunho da História, por seus elevados objetivos e pelos abundantes frutos produzidos para Deus, à Igreja, à sociedade e à família, a ED é a melhor escola do mundo.

O surgimento da ED

Em 1780, Gloucester era uma das cidades importantes da Inglaterra. Era notável centro industrial no desenvolvimento da importante indústria de tecelagem. Gozava ainda da vantagem de ser também ativo porto marítimo. A cidade era muito antiga, circundada por antigos muros, tendo quatro imensos portões de acesso nas quatro direções: Norte, Sul, Leste e Oeste. A revolução industrial sacudia todo o país, inclusive Gloucester. As novas técnicas de produção passaram a ser introduzidas especialmente na indústria de tecidos. Muita gente deixava a vida do campo e seguia para as cidades buscando melhores condições de vida. Essa absorção de milhares de pessoas gerou problemas sociais bem sérios na Inglaterra. A vida tornou-se difícil. A bebida tornou-se parte da recreação do povo em geral, dando origem a milhares de viciados, originando ao mesmo tempo uma onda de crimes e linguagem ofensiva e obscena.

Os problemas advindos da revolução industrial inglesa atingiam todo o país. Em Gloucester, por exemplo, os cárceres estavam abarrotados, sendo cada um deles uma escola de crime. Muitas prisões decorriam de crimes de pequena monta, como meras discussões com palavras ofensivas e mesmo mendicância. O regime carcerário era o mais severo imaginável. Homens e mulheres era surrados em plena rua, inclusive amarrados a carroças.

Gloucester era uma cidade de contrastes: repleta de igrejas, mas vítima de forte onda de crimes. Dotada de imensa riqueza, mas repleta de gente pobre, totalmente marginalizada e analfabeta. Aliás, os historiadores são unânimes em afirmar que o século 18 foi caracterizado pela baixa cultura e analfabetismo no mundo ocidental. A classe alta, por sua vez, vivia submersa em vil corrupção, indiferente aos males à sua volta.

Para agravar a situação, ninguém se preocupava com as crianças da cidade, que viviam em bandos, sempre procurando brigas. Eram sujas, indisciplinadas, acostumadas à pilhagem, ao vício e ao desrespeito aos mais velhos, e nada sabiam de Deus. A situação tornava-se pior e sem maiores esperanças porque naquela época a Inglaterra não dispunha de sistema de escola pública gratuita, para exercer seu papel formador cívico-social naquelas vidas em formação. Ninguém se preocupava com o problema dos presos e das crianças e seu futuro.

Do outro lado do Canal da Mancha, a França caminhava a passos largos para outra revolução bem diferente – a política, que todos nós conhecemos por seu radicalismo destruidor, em 1789. Do outro lado do Atlântico, a nova nação, os Estados Unidos da América, se forjava e ainda lutava nos campos de batalha para consolidar a sua independência.

Foi nesse contexto que surgiu Robert Raikes, o fundador da Escola Dominical. Seu pai também se chamava Robert. Seus antepassados foram todos homens importantes, ocupando inclusive cargos públicos administrativos. O avô do fundador da ED, reverendo Timothy, pastoreou a igreja de Hessle, tendo uma de suas filhas casadas com o famoso filantropo William Wilbeforce. Robert, o pai, era redator e editor de um jornal dos mais antigos da Inglaterra, o Gloucester Journal. Era rico. Além do jornal de que era proprietário, possuía terras e casas.

A mãe do fundador da ED chamava-se Mary. Era filha do reverendo Richard Drew, de Nailsworth. Robert, o fundador da ED, nasceu em 14 de setembro de 1736.

O pai de Robert era homem de muita boa índole e formação, exercendo sobre o filho uma poderosa e salutar influência.

Utilizava seu jornal para fazer campanha de assistência social, inclusive protestante contra os abusos que então grassavam através da região. Em seus artigos focalizava sempre o problema social dos presos, que por serem pobres e não poderem pagar suas dívidas eram mandados para a cadeia. Fazia também cerrada campanha contra bebidas alcoólicas, um dos flagelos que fustigava os habitantes de Gloucester.

Robert fez seus primeiros estudos na mesma escola primária em que estudou o famoso evangelista George Whitefield e também John Moore, que chegou a ser arcebispo de Cantuária. Aos 14 anos, ingressou noutra escola de orientação religiosa, a mesma de onde saíram outros grandes homens da Inglaterra. Robert saiu dali para dedicar-se à carreira de jornalista e editor, que logo dominou. A empresa de seus pai chamava-se Imprensa Raikes.

Robert tinha 21 anos quando o pai faleceu. Imediatamente assumiu a direção dos negócios da família, o jornal e a editora. Ricardo, seu irmão, estudou em Cambridge, e tornou-se ministro do Evangelho. Thomas, outro seu irmão, chegou a ser diretor do Banco da Inglaterra. Por esses e outros fatos históricos vê-se que na família de Raikes não faltaram homens ilustres. Sendo Robert o filho mais velho, além de assumir a direção dos negócios do pai, cuidou de sua mãe até seu falecimento, servindo também de pai para os irmãos mais novos. Era homem culto, escrevendo bem em latim e francês.

Casou aos 31 anos com a senhorita Anne Trigge, moça da sociedade, irmã do General Sir Thomas Trigge. Desse consórcio nasceram nove filhos. Junto à sua oficina tipográfica, os meninos da rua brigavam e proferiam insultos, com vocábulo o mais baixo possível. Isso perturbava muito Raikes no seu trabalho, ora de revisão de provas, ora de preparo de artigos, muitos deles a respeito daquelas crianças. Dali mesmo ele as via maltrapilhas, desocupadas e entregues à vadiagem para logo depois ingressarem na senda do crime, tornando-se marginais e indo parar na cadeia. Muitas morriam depois às mãos da justiça. Presenciando esse estado de decadência moral do povo, uma coisa preocupava sua mente: melhorar o estado espiritual e social da população, especialmente os pobres e marginalizados pela sociedade. Entretanto, não foi com crianças que Raikes iniciou o seu movimento de reforma social e espiritual. Começou com os adultos, trabalhando nas prisões da cidade, executando trabalho de assistência às suas próprias expensas, sendo auxiliado nisso por amigos que compartilhavam dos mesmos sentimentos. Nessa época, enquanto trabalhava nas prisões e nas ruas, objetivando uma mudança de vida e de costumes do povo, mantinha uma coluna no seu jornal sobre o assunto, procurando chamar a atenção das autoridades para o abandono das massas, notadamente as crianças.

Em certo sentido, o que ocorria com Raikes refletia as atividades idênticas de seu pai, que também visitava os detentos e escreveu muito no seu jornal a esse respeito. Quando criança, Robert muitas vezes acompanhou seus pai nessas visitas.

Ao serem libertos os detentos, Robert procurava conseguir-lhes emprego, mas para sua tristeza ele depois verificava que eles retornavam às prisões e em pior estado do que o anterior. Observando esse maldito ciclo, concluiu que o vício pode ser evitado, e que a ociosidade está relacionada ao vício, e que a ignorância é a causa principal da ociosidade.

Raikes era um amante da Bíblia, recebendo dela inspiração para o trabalho de assistência aos presos que então empreendia. Quanto a isso, escreveu ele certa vez: “A Bíblia afirma que Jesus ia por toda parte fazendo o bem. É este aspecto do caráter do Salvador que eu desejo imitar”. Assim fazendo, Raikes desmentiu o citado provérbio: “O pobre não tem amigos”, pois ele, apesar de ser homem rico, sempre se preocupou com os menos favorecidos, fossem crianças ou adultos.

Aos 44 anos, vendo que todo seu esforço em regenerar o povo resultara em vão, Raikes resolveu alterar seus métodos e voltar-se exclusivamente às crianças, imbuído de um só pensamento: “Antes evitar o mal do que curá-lo depois”. Certa manhã, ao voltar do culto matutino, pensando na situação miserável das crianças, disse para si mesmo: “Que vamos fazer diante de tantos males?” Algo respondeu em seu íntimo: “Experimenta!” Nessa ocasião, ele encontrou na rua o reverendo Thomas Stock, com quem partilhou o seu propósito de iniciar um trabalho com as crianças da cidade, recebendo dele todo apoio moral e promessa de cooperação. Inspirado por Deus, resolveu atacar as causas da delinqüência juvenil, e não seus efeitos.

Raikes estabeleceu desenvolver primeiro um fase experimental de três anos de trabalho. Depois, conforme os frutos produzidos, divulgaria ao mundo tudo sobre o trabalho em andamento.

Foi assim que, em 1780, Raikes conseguiu algumas senhoras crentes para iniciarem o trabalho. A primeira coisa que fizeram foi visitar os bairros pobres da cidade e convencerem os pais a enviarem seus filhos à nova escola de instrução popular gratuita do país. A escola funcionaria no domingo, porque era o dia em que as crianças estariam livres para freqüentá-la. Naquele tempo, sob a influência da corrida industrial, os adolescentes eram obrigados a trabalhar seis dias por semana e sob regime desumano.

Nessa fase inicial da ED, Raikes, do seu próprio bolso, pagava semanalmente uma pequena quantia às professoras e distribuía roupas às crianças maltrapilhas. O trabalho de visitação aos lares foi de capital importância para fundar a escola. Sem a cooperação do lar, o trabalho seria praticamente em vão. Ainda hoje, a ED que quiser avançar não pode descuidar da visitação e da cooperação dos pais.

Mal sabia Raikes que estava lançando os fundamentos de uma obra que atravessaria os séculos e abarcaria a Terra, tendo hoje dezenas de milhões de alunos e professores, e sendo a maior e mais poderosa agência de ensino da Palavra de Deus que a Igreja dispõe.

Por Pr. Antônio Gilberto Via CPAD News

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