“Eu quis honrar a Deus”, diz motoboy sobre manter a calma em meio à humilhação

O motoboy Matheus Pires explicou que sua formação de fé foi essencial para ajudá-lo a manter a calma enquanto era humilhado pelo morador de um condomínio.

Fonte: Guiame, com informações do Domingo EspetacularAtualizado: segunda-feira, 10 de agosto de 2020 às 11:42
Morador chegou a fazer ofensas relacionadas à cor de Matheus. (Imagem: Fantástico / Reprodução)
Morador chegou a fazer ofensas relacionadas à cor de Matheus. (Imagem: Fantástico / Reprodução)

O motoboy Matheus Pires, que sofreu humilhações após fazer uma entrega em um condomínio de casas do município de Valinhos (SP), falou mais sobre o caso em uma entrevista exibida pelo Domingo Espetacular no último domingo e também em uma entrevista ao apresentador Luciano Huck.

O caso ocorreu no dia 31 de julho, mas a publicação do vídeo ganhou grande repercussão cerca de de 3 dias atrás e o caso está sendo investigado como injúria racial, pelo fato do morador sugerir que o entregador teria “inveja” de sua cor da pele. Boa parte da cena foi registrada em vídeo por outro morador do condomínio.

As ofensas teriam começado porque quando o motoboy chegou ao condomínio com a entrega, o morador pediu que ele entrasse e fosse até à porta de sua casa, mas o entregador explicou que não podia entrar o pedido teria de ser retirado na portaria.

"Foi um baque, né? A gente nunca imagina que a pessoa vai tomar uma atitude de te ofender daquela maneira", contou Matheus ao Domingo Espetacular. "Foi um sentimento realmente de humilhação, porque ele estava me humilhando e humilhando o meu trabalho".

Matheus também relatou que antes da cena começar a ser filmada, muitas ofensas também foram feitas.

"Antes dessa pessoa começar a gravar, ele olhou para mim, desceu o olho e viu que o meu sapato estava furado. Aí ele falou assim: 'Olha o seu sapato, está furado', insinuando que pelo fato do meu sapato estar furado, eu era uma pessoa rebaixada. Mas aquele sapato foi a minha mãe que deu, então tinha uma importância para mim", disse.

"Ele me cuspiu antes de começarem a gravar, me jogou a notinha do restaurante, falando que eu era macaco, fez gestos imitando macaco, batendo no peito", acrescentou.

Segundo um documento apresentado pelo pai do agressor, o homem “faz tratamento para esquizofrenia”.

"Honrar a Deus"

Quando questionado sobre o que o fez manter a calma naquele momento, Matheus explicou que a educação e os princípios de fé que recebeu de sua família o fizeram perceber que agir com mansidão faz a diferença.

"Eu tive uma educação religiosa muito forte. E essa educação me ajudou a me preparar para situações assim, me ajudou a saber que infelizmente, no mundo que a gente vive, a gente passa por situações de preconceito, de injúria, mas que a gente pode mudar por meio da nossa atitude de mansidão", destacou.

"Ele cometeu um crime contra mim e contra muitos brasileiros, que tomaram essa dor. Eu estou tomando todas as medidas que sejam possíveis para ele cumprir perante a lei. Mas como ser humano, eu agi daquela forma por saber que eu ia poder e já pude perdoar ele", acrescentou.

Em uma entrevista por chamada de vídeo com o apresentador de TV Luciano Huck, o motoboy falou mais sobre a influência de sua fé em sua atitude de mansidão no momento em que sofreu humilhação.

“Sou testemunha de Jeová e a minha religião me ajudou a me manter calmo, por que isso [perder a calma] ia acabar me desonrando e eu quis honrar o meu Deus”, afirmou.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições