Recentemente, o pastor Ron Carpenter Jr., da Igreja Redenção, nos Estados Unidos, lançou um aplicativo de oração. No entanto, as orações e o aconselhamento espiritual oferecidos no app são feitos por Inteligência Artificial.
O app é anunciado como um "lugar único onde pessoas de todas as origens, raças e estilos de vida se reúnem em um lugar de comunidade e propósito" e oferece aos usuários oração e orientação espiritual por meio de um avatar de Carpenter, chamado “Pastor Ron”.
O pastor possui 21.000 membros em sua igreja com um campi em Greenville, Carolina do Sul, e outro em San Jose, na Califórnia.
Ele lançou o “Ron Carpenter Ministries Advanced Archiv” prometendo "transcender as barreiras tradicionais de tempo e acesso ao permitir interações personalizadas individuais que não eram possíveis antes".
Em um vídeo compartilhado no Instagram, Carpenter faz uma demonstração do aplicativo e pede ao "Pastor Ron" que ore pela recuperação de uma doença.
"Eu amo ter meu próprio pastor pessoal", disse Carpenter para a câmera enquanto demonstra como o aplicativo responde com uma mensagem automatizada em sua própria voz.
O aplicativo desenvolvido pela Innovatix AI, também exige que os usuários assinem um plano mensal de 49 dólares para ter acesso a chamadas e mensagens "ilimitadas" com o pastor de IA.
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‘O nível de engano deve aumentar’
À medida que a IA avança com novos recursos de tecnologia, muitos pastores mudaram a abordagem eclesiástica, permitindo o uso do ChatGPT para gerar as mensagens dos cultos.
Recentemente, a capela de São Pedro em Lucerna, na Suíça, instalou um Jesus alimentado por inteligência artificial para interagir com fiéis no confessionário. A atitude foi criticada por diversos líderes cristãos.
O pastor Jack Hibbs, da Capela do Calvário Chino Hills, alertou sobre o aumento da IA entre as congregações, afirmando que o nível de engano na Igreja deve aumentar nos próximos anos, à medida que a tecnologia avança.
"Não digo isso para assustar vocês, digo isso para prepará-los. Há um nível de engano entrando e saindo da Igreja que vai abalar o mundo. Tem que acontecer. Deus prometeu que aconteceria. Seria um indicador dos últimos dias", disse Hibbs em outubro de 2023.
Hibbs observou que, quando se trata de IA, "estamos começando a ver coisas acontecendo nas quais você não sabe se o que está vendo é verdade ou não".
"Você nem consegue mais dizer se a voz daquela pessoa é atribuída ao indivíduo real. Essa é realmente a voz de Billy Graham, ou é realmente a voz desse ator ou daquele cantor? Ou é inteligência artificial? Como você vai distinguir a verdade do erro?", acrescentou Hibbs.
Em seguida, ele destacou a necessidade de discernimento entre os cristãos e implorou à sua congregação que "mais do que nunca, lesse a Bíblia".
"Ore a Deus. Pare de ouvir o que as pessoas estão dizendo. Julgue tudo o que você ouve à luz da Bíblia", concluiu.
‘Querem ser como Deus’
Este mês, o cientista da área de computação Mark Sears trabalha com tecnologia há 25 anos e com IA há uma década, refletiu que “com o avanço das novas tecnologias, o desejo de ser como Deus está sendo evidenciado na condução das ferramentas digitais como a inteligência artificial. Com isso, líderes alertam que a IA pode se tornar a nova Torre de Babel”.
“É uma tentativa de tentar criar à nossa própria imagem, replicando não apenas inteligência e mente, mas também coração, corpo e alma. Essa ambição de replicar a humanidade em forma artificial ecoa a arrogância dos construtores de Babel”, disse ele ao The Gospel Coalition.
E continuou: “Há uma confiança crescente dos tecnólogos de que podemos criar uma superinteligência. Essa é uma tentativa de criar nosso próprio Deus — os aspectos oniscientes e onipresentes de Deus”.
“Qualquer tecnologia que permitimos precisa ser medida em relação ao design que Deus nos deu para estarmos em relacionamento com Ele, com os outros, conosco e com a criação. Devemos introduzir e limitar a IA de uma forma que vise isso”, acrescentou.
Conselho aos líderes
Sears também aconselhou líderes dizendo: “Como parte do pastoreio de sua congregação, fique atento à IA e aos segmentos em sua igreja mais vulneráveis a ela”.
“As pessoas passarão mais tempo com IA e menos tempo com Deus e umas com as outras se algo não mudar. Como igreja, temos uma vantagem. Deus nos deu sua Palavra e seu Espírito Santo, que podem nos ajudar a pensar em bons princípios para construir e usar IA. Um princípio é que, uma vez que somos feitos à imagem de Deus e a IA não, precisa haver uma distinção entre humanos e máquinas”, afirmou ele.
“Não devemos fugir da IA ou adotá-la cegamente, mas, em vez disso, ser intencionais e atenciosos, usando-a como a ferramenta pretendida e o presente de Deus que ela pode ser”, concluiu.
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