“Fim dos tempos”: Pastor gera polêmica ao criar aplicativo de oração por IA

Ron Carpenter Jr criou um app onde um avatar de sua versão na IA ora e aconselha pessoas online.

Fonte: Guiame, com informações de The Christian PostAtualizado: sexta-feira, 20 de dezembro de 2024 às 19:51
Ron Carpenter Jr. demonstrando o aplicativo. (Foto: Reprodução/Instagram/Ron Carpenter Jr)
Ron Carpenter Jr. demonstrando o aplicativo. (Foto: Reprodução/Instagram/Ron Carpenter Jr)

Recentemente, o pastor Ron Carpenter Jr., da Igreja Redenção, nos Estados Unidos, lançou um aplicativo de oração. No entanto, as orações e o aconselhamento espiritual oferecidos no app são feitos por Inteligência Artificial.

O app é anunciado como um "lugar único onde pessoas de todas as origens, raças e estilos de vida se reúnem em um lugar de comunidade e propósito" e oferece aos usuários oração e orientação espiritual por meio de um avatar de Carpenter, chamado “Pastor Ron”.

O pastor possui 21.000 membros em sua igreja com um campi em Greenville, Carolina do Sul, e outro em San Jose, na Califórnia. 

Ele lançou o “Ron Carpenter Ministries Advanced Archiv” prometendo "transcender as barreiras tradicionais de tempo e acesso ao permitir interações personalizadas individuais que não eram possíveis antes". 

Em um vídeo compartilhado no Instagram, Carpenter faz uma demonstração do aplicativo e pede ao "Pastor Ron" que ore pela recuperação de uma doença.

"Eu amo ter meu próprio pastor pessoal", disse Carpenter para a câmera enquanto demonstra como o aplicativo responde com uma mensagem automatizada em sua própria voz. 

O aplicativo desenvolvido pela Innovatix AI, também exige que os usuários assinem um plano mensal de 49 dólares para ter acesso a chamadas e mensagens "ilimitadas" com o pastor de IA.

 
 
 
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‘O nível de engano deve aumentar’

À medida que a IA avança com novos recursos de tecnologia, muitos pastores mudaram a abordagem eclesiástica, permitindo o uso do ChatGPT para gerar as mensagens dos cultos.

Recentemente, a capela de São Pedro em Lucerna, na Suíça, instalou um Jesus alimentado por inteligência artificial para interagir com fiéis no confessionário. A atitude foi criticada por diversos líderes cristãos.

O pastor Jack Hibbs, da Capela do Calvário Chino Hills, alertou sobre o aumento da IA ​​entre as congregações, afirmando que o nível de engano na Igreja deve aumentar nos próximos anos, à medida que a tecnologia avança. 

"Não digo isso para assustar vocês, digo isso para prepará-los. Há um nível de engano entrando e saindo da Igreja que vai abalar o mundo. Tem que acontecer. Deus prometeu que aconteceria. Seria um indicador dos últimos dias", disse Hibbs em outubro de 2023.

Hibbs observou que, quando se trata de IA, "estamos começando a ver coisas acontecendo nas quais você não sabe se o que está vendo é verdade ou não". 

"Você nem consegue mais dizer se a voz daquela pessoa é atribuída ao indivíduo real. Essa é realmente a voz de Billy Graham, ou é realmente a voz desse ator ou daquele cantor? Ou é inteligência artificial? Como você vai distinguir a verdade do erro?", acrescentou Hibbs. 

Em seguida, ele destacou a necessidade de discernimento entre os cristãos e implorou à sua congregação que "mais do que nunca, lesse a Bíblia".

"Ore a Deus. Pare de ouvir o que as pessoas estão dizendo. Julgue tudo o que você ouve à luz da Bíblia", concluiu.

‘Querem ser como Deus’

Este mês, o cientista da área de computação Mark Sears trabalha com tecnologia há 25 anos e com IA há uma década, refletiu que “com o avanço das novas tecnologias, o desejo de ser como Deus está sendo evidenciado na condução das ferramentas digitais como a inteligência artificial. Com isso, líderes alertam que a IA pode se tornar a nova Torre de Babel”.

“É uma tentativa de tentar criar à nossa própria imagem, replicando não apenas inteligência e mente, mas também coração, corpo e alma. Essa ambição de replicar a humanidade em forma artificial ecoa a arrogância dos construtores de Babel”, disse ele  ao The Gospel Coalition.

E continuou: “Há uma confiança crescente dos tecnólogos de que podemos criar uma superinteligência. Essa é uma tentativa de criar nosso próprio Deus — os aspectos oniscientes e onipresentes de Deus”.

“Qualquer tecnologia que permitimos precisa ser medida em relação ao design que Deus nos deu para estarmos em relacionamento com Ele, com os outros, conosco e com a criação. Devemos introduzir e limitar a IA de uma forma que vise isso”, acrescentou. 

Conselho aos líderes 

Sears também aconselhou líderes dizendo: “Como parte do pastoreio de sua congregação, fique atento à IA e aos segmentos em sua igreja mais vulneráveis ​​a ela”. 

“As pessoas passarão mais tempo com IA e menos tempo com Deus e umas com as outras se algo não mudar. Como igreja, temos uma vantagem. Deus nos deu sua Palavra e seu Espírito Santo, que podem nos ajudar a pensar em bons princípios para construir e usar IA. Um princípio é que, uma vez que somos feitos à imagem de Deus e a IA não, precisa haver uma distinção entre humanos e máquinas”, afirmou ele. 

“Não devemos fugir da IA ou adotá-la cegamente, mas, em vez disso, ser intencionais e atenciosos, usando-a como a ferramenta pretendida e o presente de Deus que ela pode ser”, concluiu.

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