Um ano após a queda do Edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de SP, a Igreja Evangélica Luterana começa a ser reconstruída. O prédio da igreja teve 80% de sua estrutura centenária comprometida por destroços do prédio vizinho que desabou na madrugada de 1º de maio de 2018.
O prédio que caiu era ocupado irregularmente por diversas famílias. Um curto-circuito em um dos andares do imóvel provocou o incêndio, que depois colocou os 24 andares no chão.
Sete moradores da ocupação morreram e outros dois continuam desaparecidos. Não houve vítimas na igreja, que estava fechada e sem fiéis no momento da tragédia. O casal de zeladores que cuidava do local escapou com vida ao fugir pelos escombros.
A previsão é que a obra seja concluída em um ano. Em entrevista ao G1, o pastor Frederico Ludwig disse que pretende entrar com uma ação judicial de indenização contra o governo federal, dono do prédio que caiu, para pedir ressarcimento do dinheiro que será gasto.
“Vamos pedir indenização do prejuízo que a gente teve”, revelou o pastor Ludwig.
Pastor Frederico Ludwig posa ao lado de piano danificado pelos destroços que caíram em maio do ano passado. (Foto: Kleber Tomaz/G1).
Com o impacto da queda do prédio, o teto da igreja também desabou, caindo sobre o altar, atingindo e destruindo bancos usados pelos fiéis.
Um piano também foi danificado e um órgão de tubos alemão, avaliado em R$ 1 milhão e que estava no mezanino, teve pequenas avarias. Por segurança, o instrumento musical foi desmontado e só será devolvido ao local após conclusão da reconstrução.
“Havia periodicamente concertos, corais, concertos de órgão. Maiores organistas do mundo já estiveram aqui tocando”, lembra o pastor.
Igreja de 1908 é patrimônio histórico
Fundada em 1908 em estilo neogótico, a Igreja Luterana era considerada um bem cultural e arquitetônico de São Paulo, sendo tombada pelo patrimônio histórico estadual e municipal, segundo o pastor. Por esse motivo, precisou esperar a autorização dos órgãos competentes para poder começar a reforma.
A primeira etapa da obra consiste no reforço das fundações, reconstrução da parede lateral, do telhado e do forro, moldura dos vitrais e amarração do altar.
No altar está escrito com letra em estilo gótico “Senhor tu tens sido nosso refúgio de geração em geração”. (Foto: Kleber Tomaz/G1 SP)
No altar está escrito com letra em estilo gótico em alemão, “Senhor, Tu tens sido nosso refúgio de geração em geração”. Segundo o pastor, essa mensagem, extraída do Salmo 90 versículo 20 da Bíblia, tem dado força aos 1.500 fiéis da sua comunidade.
Nas demais etapas estão previstas a revisão da estrutura da torre e a reconstrução dos vitrais, bancos, lustres e demais itens da igreja.
Culto em área improvisada
Enquanto a reconstrução da igreja não é finalizada, os cultos são realizados desde julho do ano passado nos fundos do terreno. Numa área coberta foi improvisado um altar, por exemplo.
Antes, a Arquidiocese e a Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo disponibilizaram seus templos para que os membros da Igreja Evangélica Luterana realizassem seus cultos.
Os fiéis assistem a tudo em cadeiras de plástico. “Mas não perderam a fé”, disse o pastor, que pretende realizar outro culto especial na manhã desta quarta-feira (1º), quando a tragédia completa um ano.
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