“A Igreja não pode ser sufocada por modinhas”, alerta pastor

“Não é uma trend ou uma modinha que vai sufocar a Igreja. A Igreja de Cristo sempre irá prevalecer”. Foi assim que o pastor Marcos Madaleno, da Igreja da Cidade em São José dos Campos (SP), incentivou pastores a liderarem suas igrejas “além das tendências”.

Sua ministração aconteceu na Inspire Conference Portugal 2025, realizada em Sintra, nos dias 25 e 26 de abril. O evento reuniu dezenas de pastores e líderes da Europa, com o propósito de inspirar e preparar a Igreja para os desafios espirituais e culturais do nosso tempo.

Com mais de 20 anos de experiência como pastor de jovens, Madaleno desafiou os líderes a pensarem no futuro da igreja com base em fundamentos eternos — e não nas modas passageiras da cultura.

A igreja precisa ser profunda e acessível

Para Madaleno, não adianta ter uma igreja profunda teologicamente, mas que não alcança o nível de quem está chegando. Nem uma igreja que só tenta se conectar com as pessoas, mas que perdeu sua base bíblica.

“Se eu tiver só conexão com as pessoas, eu corro o risco de me tornar uma igreja liberal, que não sabe mais distinguir o que agrada a Deus do que é pecado. Mas, se eu for uma igreja que valoriza apenas o que acontece aqui dentro, sem entender quem está lá fora, eu me torno uma igreja religiosa, fechada em si mesma.”

Inspirado em Números 2:1–2, ele lembrou que a Tenda do Encontro — onde Deus falava com Moisés — estava posicionada no meio do povo:

“Ela não estava no monte. Não estava num lugar inatingível financeiramente ou espiritualmente. O povo estava ao redor, bem próximo. Era só a nuvem estar lá, era só Moisés entrar. E não era um encontro secreto, inatingível. O povo via Moisés entrando e dizia: ‘Deus fala com Moisés face a face, como quem fala com um amigo.’”

E concluiu: “A igreja precisa ser uma presença profunda com Deus e com os céus, mas constantemente acessível a cada pessoa.”

A igreja precisa planejar, mas depender de Deus

Baseado em Êxodo 9:6, Madaleno disse que o planejamento é importante, mas é preciso também estar sensível à voz de Deus.

“No acampamento a gente percebe uma coisa: Deus gosta de planilha. Sim ou não? Tinha tribo para carregar tenda, tribo para carregar utensílios. Tudo organizado. Mas cada vez que a nuvem se movia, todas as planilhas rendiam. Desmonta tudo, carrega tudo e bora!”

^{Pastor Marcos Madaleno na Inspire Conference Portugal. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)}

Ele alertou sobre dois tipos de igreja:

1 - A que planeja tanto que fica presa ao plano.

2 - A que diz que é livre, mas não se prepara pra nada.

“Tem igreja que valoriza o planejamento, mas valoriza tanto que se torna refém dele. E tem igreja que diz: ‘Nós somos livres! Ouvimos a voz de Deus! Não precisamos nem nos preparar. Deus vai prover!’ E vira uma missão 007 no céu.”

A solução? “Eu vou usar a tecnologia. Vou me organizar. Mas eu vou discernir os tempos. E se Deus mandar eu entrar, não vai ser o meu planejamento que vai impedir.”

A igreja precisa ter visão e propósito

Com base em Números 1:51, Madaleno destacou: “Sempre que o tabernáculo tinha que ser removido, os levitas o desmontavam. Sempre que tinha que ser armado, os levitas o faziam.”

E contextualizou: “Já aprendi uma coisa na igreja: se não tem visão, o povo perece. Mas se tem visão, o povo trabalha.”

Ele reforçou que todo líder precisa aprender a compartilhar a visão:

“Se um pastor for visionário, mas não souber compartilhar sua visão, ele não é um visionário — ele é um lunático. Porque ele vai sozinho, e ninguém vai com ele.”

“Ele tem que voltar, explicar, engajar, comunicar a visão. Foi isso que Moisés fez. Disse ao povo: ‘Vamos pra terra que mana leite e mel’. Mesmo sabendo que o caminho passaria pelo deserto.”

A igreja precisa trabalhar continuamente pela unidade

Com base em Números 2:2, o pastor explicou que, apesar das diferenças entre as tribos de Israel, todas marchavam juntas, organizadas ao redor da Tenda do Encontro: “Cada tribo tinha sua bandeira, seu estandarte. Mas nenhuma delas estava acampada ao redor da sua própria bandeira. Todas estavam acampadas ao redor da presença de Deus.”

Segundo Madaleno, a chave da unidade está aí:

“Os diferentes se unem quando a presença de Deus é o centro daquilo que eles estão fazendo.”

“No Reino de Deus não tem judeu nem grego, nem português nem brasileiro. Somos todos filhos de Deus, cidadãos do céu, família de Deus na terra.”

^{Pastor Marcos Madaleno na Inspire Conference Portugal. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)}

A igreja precisa trabalhar pela retenção das unidades

Madaleno lembrou o papel dos sacerdotes que cuidavam dos sacrifícios: “O que que acontecia? Começava às cinco da manhã, e às vezes era noite e tinha sangue, bagunça, confusão. Agora imagina o sacerdote que ficava no templo o dia inteiro cortando, queimando, separando gordura e carne.”

“A igreja que vive o verdadeiro evangelho está sacrificando, está servindo, não por status, nem por poder, nem por placa. Ela faz tudo isso para que a cidade seja redimida.”

E alertou: “Você vai ter que escolher se vai viver por likes ou por aquele que entregou a vida por você. O que você está fazendo não está acontecendo em qualquer lugar, de qualquer jeito. Deus deu as chaves do Reino para a igreja, e o inferno não vai prevalecer contra ela.”

“Não é uma trend, uma modinha, uma tendência que vai sufocar a igreja. A igreja prevalece. A igreja é triunfante. A igreja avança.”