O ano de 2020 pode ser um tempo de mudanças no cenário mundial. É o que espera a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). O grupo havia solicitado ainda 2017 um status consultivo na ONU, o que permitiria discursar em reuniões oficiais, submeter informes em diferentes organismos e organizar debates.
Segundo informou a coluna do jornalista Jamil Chade na UOL, a solicitação da Associação tem sido vista com bons olhos pelo governo Bolsonaro, considerando que o grupo apoia as mudanças defendidas atualmente pelo Itamaraty na agenda internacional em assuntos relacionados a temas como direitos humanos, sexualidade e outros aspectos da política externa.
Já no dia 20 de janeiro, representantes da Anajure estarão no comitê da ONU sobre ONGs. O governo brasileiro é um dos 19 participantes do órgão que avalia a candidatura das ONGs.
Um dos principais promotores que têm denunciado diversas violações de direitos humanos até mesmo em escala internacional a isso é o jurista Uziel Santana, presidente da Anajure.
Ele explicou que tem realizado um trabalho com refugiados em países do Oriente Médio e trabalhado em coordenação com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, no Brasil.
Segundo a associação, apesar de ter conseguido agora o apoio do governo Bolsonaro para obter este espaço, sua atuação não pretende ser associada a partidos.
"Nossa ação é independente de qualquer governo", disse o grupo. Como prova disso, a entidade destaca como emitiu um comunicado contrário a uma proposta do próprio governo e a pareceres da AGU.
Contra a ideologia de gênero
No mês de junho de 2019 a Anajure emitiu uma nota oficial, apoiando as instruções do Itamaraty para que o país passasse a evitar usar o termo "gênero" nos debates na ONU.
Em vez de abordar o tema com pelo viés de “igualdade de gênero”, o Itamaraty solicitou que se falasse em "igualdade entre homens e mulheres", esclarecendo que, para o governo brasileiro, sexualidade se divide entre feminino e masculino.
“A ANAJURE (I) manifesta apoio à posição governamental acerca da não utilização do termo ‘gênero’ nos moldes propostos pela teoria de gênero; (II) defende a possibilidade de se tratar tais temas no âmbito da política externa, inclusive, por meio de orientações aos agentes envolvidos no setor”, destacou.
“(III) rejeita a perspectiva proposta pela teoria de gênero a respeito do sexo ser mera construção social, reafirmando a existência de elementos biológicos que não podem ser ignorados; (IV) repudia distorções midiáticas ao noticiar acontecimentos relacionados a temas delicados, como a sexualidade; (V) posiciona-se contrariamente a toda manifestação de agressividade perante minorias sexuais, asseverando o seu compromisso inegociável com a proteção das liberdades civis fundamentais”, concluiu.
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