O Ministério Público do Estado de São Paulo está apurando denuncias de dezenas de fiéis da Igreja Apostólica de que elas foram abusadas sexualmente pelo líder da denominação, o irmão Aldo Bertoni (foto), 85, que diz ser profeta e é chamado por primaz.
Essa igreja evangélica tem cerca de 25 mil seguidores e 200 templos em todo o Brasil. Foi criada há 50 anos por uma tia de Bertoni, a "santa" Rosa Alves. A sede fica no Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo.
Aldo diz ter poder de cura e induz os fiéis a acreditar que ele faz visita com frequência ao céu. É venerado com fanatismo como se fosse enviado de Deus.
Uma vítima disse que teve vários encontros sexuais com o Aldo porque ele disse que precisava curá-la de um câncer no útero. Segundo ela, o religioso lhe falou: Eu vou soltar algo que vai te curar.
Depois de algum tempo, ela suspeitou de que o primaz estivesse blefando e fez exames médicos, que constataram não haver nenhuma doença.
Essa mulher foi uma das vítimas que falaram ao programa Domingo Espetacular, da TV Record, que dedicou ontem (4) à noite mais de 20 minutos ao caso. Ela não revelou o nome e só apareceu na penumbra porque seu marido ainda não sabe do abuso.
Após o programa ter sido apresentado, alguns fiéis criticaram as denunciantes -- houve quem xingasse. Argumentaram que o bispo Edir Macedo, da Universal e dono da Record, tem interesse em desacreditar a Apostólica. A Record foi odiosa, disse Wilson Lemos. Ele escreveu estar disposto a derramar o sangue dele pela igreja.
Os relatos das vítimas são contundentes.
A professora Claudete Pereira Leal (a loira que dá um depoimento no vídeo abaixo), que mora em Porto Alegre (RS), costumava vir a São Paulo para pedir conselho ao primaz, até quando ele a abordou sexualmente.
Ele me beijou, beijou bastante e começou a passar a mão nas minhas pernas. Depois me abraçou de novo e tirou a minha calcinha e me mandou sentar no banco. Ele ficou de frente para mim e abaixou a roupa dele. Eu vi que aquilo não era normal, sai logo e vim para minha casa.
De acordo com as denúncias, Aldo deixava as fiéis nuas e nelas passava as mãos para purificá-las.
Outro caso é o da dona de casa Cleodete (uma das morenas do vídeo). Ela disse que em 2008 procurou Aldo para pedir uma oração especial porque a sua filha estava com uma doença grave e ficou surpresa quando o primaz disse que ela estava com uma dorzinha em um seio.
Ele veio e colocou a mão no meu seio. Ai eu falei mas eu não sinto dor nenhuma no meu peito, e ele falou: Sente sim. E ele começou a me abraçar, me beijar o pescoço, na boca, desceu a mão e começou a passar [a mão] em mim.
Contou que Aldo queria que ela largasse do marido e se tornasse amante dele. Ele disse que ia me dar tudo. Ela nunca mais voltou à igreja.
Um fiel Sílvio que se tornou funcionário de Aldo contou que ele tem várias amantes e que costuma filmar suas relações sexuais com elas para mostrar aos amigos.Sílvio disse que uma vez falou ao primaz que ele é sujo.
Por ordem de Bertoni, as devotas são proibidas de usar vestido curto, maquiagem, batom, ruge, pinturas nos olhos e esmalte coloridos nas unhas.
No site da igreja, há um longo texto sobre a formação moral, espiritual e intelectual da família. Assista a reportagem da Record:
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