Maior denominação dos EUA, Batista do Sul tem queda histórica de 435 mil membros em 1 ano

A pandemia, secularismo e tensões internas são algumas das variáveis que impactaram no declínio histórico de membros da Convenção Batista do Sul.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: terça-feira, 25 de maio de 2021 às 14:31
Reunião do comitê executivo na Convenção Batista do Sul no Alabama. (Foto: Jon Shapley/Associated Press)
Reunião do comitê executivo na Convenção Batista do Sul no Alabama. (Foto: Jon Shapley/Associated Press)

Um ano depois de relatar o maior declínio de membros em mais de 100 anos, as igrejas na Convenção Batista do Sul, a maior denominação protestante dos Estados Unidos, perderam mais de 400.000 membros em 2020 e estabeleceram um novo recorde de queda de fiéis em um único ano.

O relatório anual mostra que 435.632 membros se desligaram da SBC (na sigla em inglês) em 2020 — uma taxa 51% maior do que os 287.655 membros que a denominação perdeu de 2018 a 2019. 

O declínio no número de membros em 2020 segue uma tendência de 14 anos, que começou quando o número a SBC atingiu o pico de 16,3 milhões de fiéis em 2006. Desde então, a denominação diminuiu o número de membros em quase 2 milhões, contando agora com 14 milhões de fiéis.

Scott McConnell, diretor executivo da LifeWay Research, divisão de pesquisa da SBC, disse em um comunicado que o intenso declínio é explicado pelas restrições da pandemia de Covid-19, que resultou na diminuição de batismos e mortes ligadas à doença.

“Muitos líderes relataram suas tentativas de permanecer em contato com sua igreja durante a pandemia”, disse McConnell. “Conforme as igrejas redescobriram o telefone, eles também descobriram alguns em suas listas de membros que se mudaram, se filiaram a outra igreja ou não queriam mais ser membros”.

Um declínio de quase 50% do batismo nas congregações da SBC também foi relatado em 2020, que também foi impactado pela pandemia: cerca de 123.160 batismos foram relatados em 2020, em comparação com 235.748 em 2019.

“O distanciamento social é útil para conter a pandemia, mas dificultou o encontro de novas pessoas, as convidando para ir à igreja e as ajudando a dar um passo de obediência para serem batizadas”, disse McConnell. 

O relatório constata que a pandemia dificultou o alcance das igrejas e os esforços de evangelismo, apesar dos cultos e reuniões online. “O último ano que os Batistas do Sul viram essas poucas pessoas seguirem a Cristo pela primeira vez foi em 1918 e 1919, quando a gripe espanhola estava varrendo o mundo”, observa McConnell.

Secularismo e tensões internas

Em 2019, quando os batismos da SBC diminuíram em mais de 4%, McConnell atribuiu o declínio à crescente secularização da América.

Um estudo recente do Pew Research Center aponta que apenas 65% dos americanos se identificam como cristãos. Os ateus, agnósticos e pessoas que não se identificam com nenhuma religião aumentaram para 26% da população dos EUA.

Além da Covid-19, outros assuntos desgastaram a SBC em 2020, como as questões raciais, informa o site The Christian Post.

Alguns líderes negros deixaram a denominação no ano passado depois de terem seu pedido negado pelo Conselho de Presidentes de Seminário. A Associação Nacional de Afro-Americanos queria abraçar uma teoria acadêmica que examina o “racismo sistêmico”, mas o Conselho considerou que a chamada Teoria Crítica da Raça (CRT) não é compatível com a declaração de fé da SBC. 

Outros líderes importantes anunciaram sua saída da denominação, como a professora e líder do Ministério Living Proof, Beth Moore, explicando que “não conseguia mais se identificar com os batistas do sul”.

Russell Moore, chefe da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da SBC nos últimos oito anos, anunciou na terça-feira passada (18) que deixará a agência para assumir um novo papel no Christianity Today, como diretor do Projeto de Teologia Pública do periódico cristão.

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