O governo de Ruanda fechou milhares de igrejas e o objetivo seria o de “garantir mais controle sobre uma comunidade religiosa”. De acordo com as autoridades, as organizações religiosas estão agindo de forma “vibrante cujas operações, às vezes improvisadas ameaçam a vida dos seguidores”.
Anastase Shyaka, chefe do Conselho de governo da Ruanda, que regula organizações religiosas, disse que mais de 6 mil igrejas foram fechadas por todo o país, mas o número oficial pode ser ainda maior.
Na capital da Ruanda há mais de 1.300 igrejas, sendo que a cidade tem quase 1,2 milhão de pessoas. O presidente Paul Kagame disse estar chocado com o alto número de igrejas e resolveu fechar 700 igrejas em Kigali. Ele disse: "São poços profundos que dão água às pessoas? Eu acho que não temos tantos poços assim. Nem mesmo temos tantas fábricas. Isso tem sido uma bagunça".
Kagame disse que Ruanda não precisa de tantas casas de culto, alegando que um número tão alto só serve para economias maiores e mais desenvolvidas que têm meios de sustentá-las. Os fechamentos estão trazendo reações contraditórias em Ruanda, onde grupos de direitos humanos há muito acusam o governo de Kagame de reprimir a liberdade de expressão, o que o presidente nega.
Pastores presos
Seis pastores pentecostais que protestaram contra o fechamento das igrejas foram presos e acusados de "reuniões ilegais com más intenções", e desde então outros críticos se recusaram a discutir o assunto com a Associated Press.
Além de fechar as igrejas, o governo da Ruanda está tomando outras medidas para supervisionar a comunidade religiosa. A legislação proposta visa regulamentar as organizações religiosas separadamente das organizações da sociedade civil, disse Alexis Nkurunziza, presidente do Fórum de Líderes Religiosos de Ruanda.
Sugestões de líderes religiosos em breve serão encaminhadas à Comissão de Reforma da Lei de Ruanda para exame minucioso e depois ao parlamento, disse ele. Espera-se que a legislação seja aprovada, pois o partido no poder detém a maioria dos assentos parlamentares.
A nova legislação exigiria que os pastores tivessem um grau de teologia antes de iniciar suas próprias igrejas para que eles ensinassem a doutrina correta, disseram aqueles que estão familiarizados com as discussões. O objetivo é regular as igrejas pentecostais que frequentemente surgem sob os líderes que afirmam ter recebido um chamado para pregar. Nem todo mundo, no entanto, tem dinheiro para tal grau, disseram alguns observadores.
Diz-se que a maioria das igrejas que foram fechadas são pequenas casas de orações pentecostais, com alguns pregadores suspeitos de enriquecer com frequência os seguidores empobrecidos. Algumas igrejas se reúnem em tendas ou casas que não podem acomodar multidões e a poluição sonora proveniente de reuniões noturnas é uma preocupação, disseram as autoridades.
"As casas de oração foram encontradas em condições físicas tão precárias, e não estamos mirando em nenhuma religião", disse Anastase Shyaka, chefe do Conselho de Governança de Ruanda que regulamenta organizações religiosas, à AP. "Estamos fechando casas de oração de diferentes denominações e pedindo que atendam aos padrões de saúde e segurança existentes para seus seguidores." Um novo requisito para as igrejas é a instalação de um pára-raios, após um relâmpago em março ter matado 16 fiéis e ferido 140 em uma igreja adventista do sétimo dia no sul do país.
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